Capítulo XXXVI

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                              (Bruno)

  Eu estava falando por telefone com o Henrique, ambos esperávamos o resultado do vestibular. Sairia meia noite, então conversávamos um pouco sobre tudo.

  — Olha dependendo do resultado, mesmo que eu não consiga, vou tentar conseguir uma bolsa de atleta, ou então eu mesmo pago, só não quero ficar longe de você —. Henrique explicou exatamente quais eram seus planos.

  — Ei não perde a esperança está bem? —.

  — Uhum —.

  Quando o resultado saiu, fiquei um pouco mal, pois minha nota foi maior do que a do Henrique, acertei 83% da prova ele nem 50%. Mas ele não desanimou, disse que estava feliz por mim. Decidi tentar colocar minha nota em uma das universidades mais célebres do país. Com certeza conseguiria uma vaga.

  Dias depois saiu o resultado, eu passei, minha mãe fez logo um churrasco de comemoração. Foi bem legal, Henrique veio, junto de Brian e Sabrina, aqueles dois eram inseparáveis.

  — Não sei ainda se vou deixar o Bruno ir morar em outra cidade sozinho —. Meu pai falou a mesa, olhei para ele meio assustado.

  — Mas eu vou com ele, vamos arrumar um apartamento, uma casa, sei lá. Não é amor —.

  — Então é você que estar querendo levar ele pra longe de nós, não é? —. Era assim, Henrique não podia dizer nada, que meu pai já ficava todo enciumado.

  — Eu não fiz nada, sempre foi o sonho dele cursar psicologia, ainda mais nessa universidade. O que eu vou fazer é não deixá-lo só nessa —. Meu lindo explicou.

  — Vocês dois são praticamente crianças ainda, o Bruno não sabe fritar um ovo, quem dirá morar sozinho. Você me perdoe Henrique, mas também ten cara de ser bem preguiçoso —. Minha mãe disse.

  — Bem, podemos aprender, não é? Tinha que chegar um momento —. Retruqei. Brian e Sabrina só olhavam aquilo e conversavam entre si.

  — Então Bruno, comece a mudar agora, porque senão, o Henrique não vai nada da sua bagunça —.

  Depois da tediosa conversa, fomos para o meu quarto, meu pai disse para deixar a porta aberta. Com certeza com medo de que fazermos algo mais picante.

   — Henrique e o seu pai? —.

   — O que tem ele? —.

   — O que acha de nós dois, sei lá o que acharia —.

   — Bem, ele não faz muita questão de estar presente, então creio que não será problema pra ele me ver longe. Mas acho que ele vai estar relaxado sabendo que vou estar com você —.

  — Quando vai contar de nós? —.

  — Ele já sabe Bruno —.

  — Já? Como? Quando contou? —.

  — Na verdade, foi noite passada. Meu pai perguntou como eu havia ido no vestibular, contei a verdade, ele disse que não tinha mal, que daria um jeito de eu entrar na faculdade. Aí falamos sobre ele conseguir um apartamento. Ele falou que não era bom morar só. Expliquei que não iria morar só, iria morar com você —.

  — O que ele disse? —.

  — Ele perguntou de que Bruno eu estava falando, eu expliquei que era você. Aí ele disse: ah esse Bruno, já imaginava isso, mas também você passava o dia falando dele quando era criança —.

  — Você fazia isso? —.

  — Pois é, eu não me lembrava disso, ele não tocou muito no assunto, mas deu a entender que ele sabe de nós. E claramente não se importa —.

  — Bom, isso é muito legal, pelo menos ele nos aceita não é? —.

  — É, pelo menos isso —.

  — Eu tinha bastante medo de você se magoar com seu pai, o meu que já é um poço de compreensão, já me decepciona às vezes —.

  — O seu é diferente, ele só é um pouco ciumento, mas é porque te ama, o meu coitado, ama trabalhar, mas acho também que é pra me dar uma vida boa —.

  — Mas ele te ama, nunca duvido disso, nunca mesmo. Não é porque ele deu errado com sua mãe, que não gosta de você —.

  — Meu psicólogo —.

  Semana que vem era a formatura, minha mãe já tinha comprado o terno e a beca, todas os meus parentes iriam, incluindo meus avós, meu deus, eu nem fazia ideia de qual seria a reação deles quando visse Henrique e eu juntos.

  — Quero dançar com você a noite todinha —. Henrique disse.

  — Pode ter certeza que faremos isso —. Agora sim, tudo estava dando certo em minha vida, eu não me preocupava com mais nada. A não ser com o dia de amanhã.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

 

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