Capítulo XXIV

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                           (Henrique)

   — É tão bom te ver —.

   — Queria ficar o dia todo com você —. Apoiei sau cabeça em meu peito, fiquei fazendo carinho em seu cabelo.

   — Como estão as coisas com seu pai? —.

  — Ele não fala comigo desde ontem, e é todo tempo com uma cara de bunda —.

  — Desculpa falar, mas ele é complicado demais, acho que só quer acabar com nosso relacionamento —.

  — Também acho isso, na verdade é o que ele quer. Quando ele descobriu que eu namorava, jurou me bater muito. Disse que não tinha idade pra namorar —.

  — Não quer mesmo que eu converse com ele? —.

  — Eu não acho que vá funcionar —.

  — Olha, diga para ele que queria ter uma conversa de homem pra homem com ele —. Eu estava determinado a falar logo com o pai do Bruno, afinal eu não iria suportar ver ele sofrer por mais tempo.

  — Henrique, isso não vai dar certo eu tenho certeza —.

  — Vai ter que dar certo Bruno, poxa ele deveria estar feliz por ter alguém que te ame como eu. Mas não, acho que prefere ver o filho sofrer —.

  — Vou pedir para minha mãe falar com ele, mas acho difícil ele aceitar —.

  — Independentemente de tudo, quero que saiba que eu te amo — Digo. E me entrego em seus braços.

   O sinal logo tocou e tivemos de entrar para sala, mas não consegui me concentrar na aula, fiquei muito preocupado com Bruno, ele estava olhando a paisagem pela janela por muito tempo.

   Sobre a nossa transa, creio que nunca me senti tão bem em toda minha vida, percebi que com o Bruno pode existir algo muito além do paraíso.

  A maneira como ele me beijava, como ele se segurava em mim, como gemia, tudo isso ainda estava na minha cabeça. Sinto que eu amo demais aquele garoto, e quero passar todos os dias da minha vida, cada dia ao seu lado. Mesmo que eu tenha que passar por cima de seu pai.

  Eu estava tão preocupado com o pai do Bruno, que esqueci que o meu também existia, e eu não fazia a menor ideia de como ele agiria comigo.

   Às vezes me sinto tão angustiado, é esse meu segredo maldito, a escola, o futebol, minha solidão. A única parte boa do meu dia era o Bruninho, e agora o pai dele insistia em nos afastar. Com certeza para o meu mal.

  Acho que se eu perdesse o meu amor, minha vida não faria sentido, pode parecer exagero, mas infelizmente é o que eu sinto. Nada além de uma vida monótona e desagradável.

  De repente Bruno cochicha alguma coisa para o Brian e logo em seguida chega a mensagem:

   "— Bruno está com um pouco de dor de cabeça —".

    "— Pode falar com o professor para levá-lo a enfermaria? —". Ele olha para mim e concorda com a cabeça.

   — Professor, o Bruno está com dor de cabeça —. Ele interrompeu sua explicação e chamou pelo meu amor.

   Vejo seu olhar desanimado e logo em seguido sai da sala. Brian vai junto, todos ficam ali conversando e eu em silêncio.

   — Que cara é essa Henrique? —.

   — Nada Marco —.

   — Vamos melhorar esse astral, vai ter uma festa quinta, só gata meu parceiro, vê se dessa vez desencalha —. Não lhe dei a mínima atenção e abaixei a cabeça e me concentrei no Bruninho, em torcer que ele fique melhor.

   Depois de uns minutos, o Bruninho voltou e se sentou. Brian me disse que eles tinham dado um comprimido para ele. Mas ele carinha de desânimo deixava nítido que ele não estava melhorando.

   Quando a aula acabou, seu pai veio buscá-lo, o vi de longe, ele não estava com uma cara muito feliz. Ficou olhando de um lado para o outro, mas acho que não me viu.

                                    •••

   Fui para casa, fiquei a tarde toda esperando notícias do Bruninho, ainda bem que o Brian foi até a casa dele, dizendo aos seus pais que ficaria com ele. Ao que parece o meu amor ainda estava com aquela dor de cabeça e sem vontade de comer.

   — Tenta comer amor —. Falei ao telefone.

   — Eu não consigo Henrique —.

   — Ah, nem se fosse chocolate? —.

   — Nem chocolate Henrique—. Ele estava mesmo mal, culpa do seu pai. Por irritar tanto o filho, lhe fazendo passar por essas coisas.

   — O que você está sentido meu anjo? —.

  — Dor de cabeça e me sinto um pouco quente —.

  — Ele está com febre Henrique —.

  — Amor, você... —.

  — Henrique os pais do Bruno chegaram, temos que desligar —.

  E foi assim que eu fiquei sem notícias, era tão ruim saber que a pessoa que eu amo estava passando por tudo isso, e o pior é que eu sentia como se fosse minha culpa.

  Olhei em direção ao espelho do meu quarto, meus olhos já estavam marejados, não deu em outra chorei por tudo o que acontecia.

  Só espero que amanhã tudo melhore,e que eu possa ver meu amor de novo.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO


 

 

  

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