Capítulo XIII

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                               (Bruno)

   Acordei com o despertador tocando, mas não era o meu, e sim o do Henrique, ele se levanta e vai desligar.

  — Desculpa te acordar agora Bruninho, ainda mais em um sábado —. Ele vem até mim e me beija o rosto, eu me escondo debaixo do cobertor.

   — Só desculpo se me abraçar de novo —. Henrique não faz o que peço.

   — Desculpa Bruninho, tenho treino hoje cedo, e você não faz ideia de quão chato é o treinador, daqui a pouco ele liga me xingando.

   — Ah que saco —. Fico com raiva, e me cubro com o cobertor novamente. Eu queria que ele ficasse ali comigo o resto do dia.

   — Mais tarde vamos tomar sorvete? Quero muito te levar em um lugar —.

   — Eu estou com raiva Henrique —.

   — Eu seu que está, esse bico aqui não  mente —. Ele segura meu lábio e depois me dá um beijo.

   — Eu não sei se vou poder ir, meus pais não gostam que eu saia —.

   — Seus pais são uns chatos —. Ele diz arrumando seu cabelo.

   — Por que você treina tanto Henrique? —.

   — Ué pra ficar bom. Não vou nem receber um beijo de despedida? —.

   — Vai ser só um por me acordar cedo —. O beijei rapidamente, mas ele me puxa e me beija selvagemente.

    — Mal posso esperar pra fazer umas sacanagens com você garoto —. Ele passa a mão na minha bunda, e eu fico envergonhando com aquilo.

    De repente ouço a voz da minha mãe me chamando:

   — Bruno vem tomar café, chama seu amigo! —. Olhei para Henrique assutado, pensei que meus pais só chegariam hoje mais tarde. Quase que eles nos pegavam aqui.

   — Seus pais estão aqui? —. Ele pergunta.

   — Acho que sim, mas era para eles voltarem mais tarde —.

  Fui me trocar, tirei aquela saia, e vesti um pijama meu, Henrique me olhava de maneira engraçada, não conseguia tirar os olhos de mim.

   — Tá olhando o quê? —. Perguntei sorrindo.

   — Só o quanto meu namorado é bonito —. Ele se aproxima de mim, e me abraça de uma maneira tão boa. Eu amava aquele garoto profundamente, aquele seu carinho era tudo o que sonhei um dia. O engraçado que sempre que imaginava um namorado para mim, ele era carinhoso, mas Henrique conseguia ir além.

  — Eu te amo ok? —.

  — Eu te odeio, você vai me deixar sozinho —. Sorrio, continuando abraçado a ele.

   — Me odeia? Sei —.

   Depois de um último beijo, descemos, Henrique somente cumprimentou minha mãe, e depois foi embora, disse que estava atrasado.

   — Cadê o papai? —. Pergunto ao me sentar na mesa.

   — Foi trabalhar, o chefe dele pediu para ele ir mais cedo —.

   — Hum —. Peguei um misto que minha mãe tinha feito e mordi.

   — Bruno? —. Minha mãe me chama, ela estava apoiada na pia, sua postura me causava medo, ela estava de braços cruzados e com a sobrancelha levantada, ainda vestida com a roupa de ontem.

  — Hum? —. Olhei para ela, e logo desviei o olhar.

  — Não tem nada que queria me contar? —. Nesse momento entro em desespero, ela com certeza já sabia de tudo, já sabia de mim e do Henrique, eu estava ferrado.

   — Tipo o quê? —. Me finjo de inocente, mas com ela não funciona muito.

   — Bruno, eu não gosto que mintam pra mim, eu faço de tudo pra te ver feliz, e acho que mereço que jogue limpo comigo —. Ela fala sentando-se na cadeira a minha frente.

   — Eu não estou mentindo mãe —. Falei me sentido mal por mentir, mas é que eu sinto tanto medo, eu já vivo tão angustiado com o meu segredo, a única parte boa dele é o Henrique.

   — Não Bruno, tem certeza? Estou muito desapontada com você, pensei que você pudesse confiar em mim —.

   Abaixei minha cabeça e comecei a chorar, sinto seus dedos limpando as minhas lágrimas.

   — O quê é que está acontecendo, me conta, prometo que vou entender —.

   — Aquele garoto mãe, ele é meu namorado —. Falei de uma vez, libertando aquela angústia do meu peito.

   — Era isso que você estava me escondendo? — Ela sorri e vem me abraçar — Eu não vou ficar brava meu amor, eu te amo muito, olha pra mim —.
Ela levanta meu quixo, e depois me deu um beijo na testa.

  — Você pode amar aquele garoto e ele pode te amar, mas nunca se esqueça que meu amor por você vai ser sempre maior —. Ela arrumou o meu cabelo, e em seguida secou minhas lágrimas.

  — Obrigado mãe, eu te amo —. Falei soluçando.

  — E eu pensando que você ficaria sozinho —.

  — Você vai contar pro papai? —.

  — Não, esse é um assunto seu, só conte se quiser, sabe como seu pai é cabeça dura —.

  — Uhum —.

  — Sabe, eu fiquei feliz quando abri aquela porta e vi vocês dois dormindo bem juntinhos —. Fico muito envergonhado. Mas feliz por minha mãe entender.

   — Mãe o Henrique sabe que eu uso saias —. Resolvi contar tudo para ela.

   — Sabe? Você contou? —. Acenei com a cabeça.

   — Ele acha bonito na verdade —.

   — Então você tirou a sorte grande, ele é bonito e você é perfeito —. Aquele assunto já estava excedendo, quis acabar com ele de uma vez só.

   — Como foi a noite com o papai? —.

   — Foi boa, depois conversamos mais amor, estou morta de sono —. Minha mãe se levantou, e foi para o seu quarto. Terminei meu café muito feliz, por saber que minha mãe me aceita mesmo de todas as formas.

   Acho que daria certo sair mais tarde com o meu amor, ele vai gostar de saber que minha mãe sabe de nós. Voltei para o meu quarto, ainda tinha o cheiro dele, deitei na minha cama e voltei a dormir.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

 

  

  
  

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