Segunda chance - Bakudeku

Um pedido

— Você… o que? — Shoto perguntou incrédulo, como se estivesse em choque.

Izuku suspirou, tentando ao máximo controlar o temor em suas mãos. Ele sabia que teria que contar, ele sabia que Shoto merecia que fosse honesto com ele.

— Olha… — tentou buscar as melhores palavras. — eu não planejei isso, na verdade, eu nunca planejei nada na minha vida, você sabe. Mas acontece que desde a cirurgia, eu comecei a ter sonhos estranhos, comecei a sentir uns déjà vu de algo que nunca vivi… — ele olhou para Shoto. — Shoto, eu já fui à praia?

Todoroki tombou a cabeça para o lado, confuso com a pergunta do mais novo.

— Não, você nunca foi.

— Exatamente, eu nunca fui! — exclamou frustrado. — então porquê, eu consigo sentir a maresia? Por que eu consigo sentir a areia nos meus pés? Por que eu consigo ouvir o barulho das ondas? Isso é tão estranho e frustrante! —  Midoriya sentiu os olhos queimarem. 

— Do que você tá falando, Izu? — Mesmo que seu coração estivesse doendo por saber que Midoriya nutria sentimentos por outra pessoa, Todoroki não pôde evitar a preocupação ao ver o menor confuso daquele jeito.

— E-eu… — suspirou, tentando ao máximo segurar as lágrimas. — eu sonhava com um rapaz todas as noites. Sonhava com os olhos dele, com o toque, com a voz. Eu s-simplesmente passei quase dois anos sonhando com um desconhecido, Shoto. — os olhos verdes focaram nos olhos diferentes a sua frente. — e o pior de tudo isso, é que eu quis conhecer esse desconhecido, eu desejei essa desconhecido, mesmo não fazendo a mínima ideia de quem ele era…

— Era? — Shoto perguntou. — você… o conheceu?

— Sim. — Izuku não negou. — algumas semanas atrás eu estava conversando com minha mãe sobre ele, ela até estava me ajudando sobre como eu iria contar a você. Daí então, ele passou por aquela porta e, quanto mais perto dele eu chegava, mais eu queria largar tudo e correr para os braços dele. Isso soa estranho, não soa? Eu nem conheço ele! 

Shoto não conseguia assimilar nada, tudo que rondava sua cabeça era o pensamento de que talvez, ele não tivesse sido bom o suficiente para Izuku.

Parecendo perceber isso, o esverdeado se apressou em falar:

— Você do a melhor coisa que aconteceu na minha vida, Sho. — ditou carinhoso. — se eu pudesse, eu tiraria ele dos meus pensamentos, eu tiraria ele da minha vida, do meu coração, de tudo. — sua mão tentou buscar a mão de Shoto,  que ainda repousava sob a mesa.

O bicolor afastou a mão do toque, não deixando que Izuku o tocasse.

— Shoto…

— Era nele que você pensava? — Todoroki perguntou. — me diz, Izuku. Era nele que você pensava toda vez que estávamos juntos? Era nele que você pensava quando tentávamos transar e, você dizia não conseguir? — Shoto não sentia raiva, não mesmo. Sua voz era mansa como sempre, mesmo que o tom de mágoa fosse evidente.

Izuku sentiu seus olhos lacrimejarem novamente. Ele suspirou derrotado, não poderia negar a verdade para Shoto, não para ele.

— Sim. — foi tudo que Midoriya falou, antes de deixar as lágrimas rolarem por todo o rosto sardento. — M-mas Shoto…

— E-eu… eu preciso de um tempo. — essa foi a última coisa que Todoroki disse antes de sair, indo embora rapidamente.

Tudo que Izuku pôde fazer foi chorar, enquanto via o seu companheiro de anos o deixar sozinho naquele quartinho que agora parecia mil vezes maior.