Coração de Pinheiro

Preciso sair de Casa....

          "Você está pensando em também sair de casa? Por que, meu filho? É por causa de seu pai?" – reclamou a mulher chocada com a revelação.

           "Não é só por causa dele... mamãe! Eu já tenho vinte anos! Há colegas meus que moram sozinhos desde os quinze anos..." – falou Dipper com cuidado para não magoar sua mãe. "Faz um bom tempo que estou pensando nisso..."

            "E para onde você iria, meu filho? Não será fácil achar um lugar para alugar..." – respondeu ela. "Além de serem caros, ficam em áreas distantes até da Universidade."

            "Eu estou pensando em me mudar para um dos alojamentos da própria Universidade. O Reitor, senhor Smith disse que pode me arranjar um dos quartos..."

             "Você quer se mudar para uma dessas fraternidades... não acho uma boa idéia, meu filho!" – Sua mãe fez uma cara feia. "Eu já ouvi muita história cabeluda sobre esses alojamentos..."

              "Não será para uma fraternidade... eu estou falando dos quartos especiais. Aqueles destinados aos alunos de intercâmbio e estudantes mais abastados. É praticamente um flat, com quarto, banheiro e cozinha... e eu moraria sozinho!" – revelou Dipper. "Eu passaria a semana lá e só voltaria no fim de semana. E a área do campus tem vários pequenos comércios para os estudantes, como lavanderia, lanchonete e até um minimercado!"

           "Você acha que consegue morar sozinho, meu filho... Você terá que fazer sua comida, lavar suas roupas e ainda estudar!" – argumentou sua mãe.

           "Eu tenho que tentar, mamãe!" – sorriu Dipper. "Se não conseguir, eu volto para casa! Se bem que, se eu conseguir o intercâmbio em Oxford, eu terei que fazer isso também! Assim, eu já posso ir treinando..."

            "Você acha que consegue esse intercâmbio, meu filho? Sei que é bastante concorrido..."

              "Eu tenho boas chances... pelo menos é o que o senhor Smith afirmou." – contou Dipper, animado. "Já pensou, mamãe? Passar seis meses estudando na prestigiada Universidade de Oxford e com chance de conseguir um estágio na França ou até no Japão?"

            "Nem consigo imaginar, meu filho... eu ficaria muito orgulhosa do meu menino!" – sua mãe sorriu. "Se você acha que é melhor assim, então eu vou aceitar! Mas quero que prometa vir me visitar nos finais de semana! Não faça como sua irmã que só aparece uma vez por mês e, às vezes, nem isso!"

              "Eu prometo, minha mãe! Virei todos os finais de semana... a menos que tenha um compromisso! Mas farei o possível para manter contato!" – prometeu Dipper abraçando sua mãe com carinho.

             "Esse é o meu menino..." – respondeu ela, retribuindo o abraço.

            Quando voltou para a Universidade, Dipper procurou o Reitor e comunicou que aceitava a oferta. Então, ele o levou para conhecer o quarto vago que estava disponível. Era maior que Dipper imaginara e estava mobiliado com o necessário: fogão, geladeira, microondas, louças e talheres, enfim, quase tudo que era preciso para morar sozinho.

            E Dipper só precisava arrumar algumas roupas de cama e toalhas de banho, por exemplo. Ele poderia comprar em algumas dessas lojas especializadas e mandar entregar na portaria da Universidade.

            E foi o que ele fez... Providenciou tudo que faltava e na quarta feira, pôde passar sua primeira noite em seu alojamento. Até pediu uma pizza para comemorar! O Reitor lhe apresentou ao pessoal da segurança e também da portaria. E até arranjou uma faxineira para limpar o aposento, duas vezes por semana.