Coração de Pinheiro

Sentimentos Ruins...

            Mark saiu do alojamento de Dipper e foi para a sua Fraternidade. Felizmente, ele estava sozinho e podia chorar à vontade sem ter que se explicar para os outros membros. Depois que a tristeza pela decepção sofrida diminuiu, a raiva tomou lugar... Ele ficou furioso com o seu misterioso rival e chateado por Dipper não ter lhe contado sobre seu namoro, ou sei lá o que seria.

          Mark recordou da primeira vez que vira Dipper, anos atrás... Ficara impressionado ao descobrir que o moreno entrara na Universidade antes de completar dezoito anos. E ficou grato pela amizade do mesmo. Os anos passaram e Mark acompanhou Dipper nos bons e nos maus momentos... Aos poucos, esses sentimentos mudaram e Mark se viu apaixonado pelo amigo. Manteve seus sentimentos para si, pois temia perder a amizade com o moreno. Agora, descobriu que o mesmo estava com um relacionamento com outro cara e sentiu-se traído!

          Ah, mas isso não ficaria assim, pensava ele. Dipper era seu e Mark não deixaria qualquer um ficar com o seu amado. Pensando nisso, Mark lembrou-se do acontecido, semanas atrás, quando conhecera o pai de Dipper. Pelo que ouvira do homem, Dipper havia se recusado a interceder a seu favor, junto a sua mãe. O casal Montijo estava em vias de separação e o homem suplicara ao filho para ajudar a evitar isso.

           Eles haviam conversado por algum tempo e Mark contara que era amigo de longa data de Dipper. O pai de seu amigo, Raul, então lhe fizera a proposta de servir de intermediário entre eles. Inclusive, Raul revelara que Dipper não queria mais falar com ele...

           "E meu filho não quer mais falar comigo..." – disse Raul parecendo triste. "Eu estou desolado: minha família está desmoronando! Minha mulher quer me abandonar e meu filho não quer me ajudar a evitar isso! Não é justo, após tantos anos, mais de vinte e cinco anos juntos e felizes, terminar assim!"

            "Eu lamento, senhor Montijo..." – Mark tentou consolar o homem. "É triste essa situação, mas ainda há esperanças... Dipper ama sua família. Dê um tempo para ele processar essa história e verá que Dipper irá fazer de tudo para salvar sua família!"

           "Eu não sei o que houve com meu filho... ele está totalmente mudado!" - Raul choramingou. "Faz algum tempo que meu filho está agindo estranho! Não está mais me respeitando como pai... Não quero pensar mal dele, mas suspeito que alguém o está influenciando!"

           "Como assim, influenciando?"

          "Você entende o que quero dizer... Às vezes, más companhias podem fazer a cabeça de um rapaz bom como meu filho. E provocar um estrago na vida dele..." – Raul explicou.

             "Não percebi nada assim... eu e ele estudamos na mesma sala e, se alguém fez a cabeça dele, não foi aqui, no campus." – Mark concluiu.

             "Pode não ser algum amigo daqui... talvez um amigo de fora da Universidade! Ou uma namorada, por exemplo?" – O homem ariscou um palpite, jogando a isca.

           "Não creio..." – Mark meditou. "Se Dipper tivesse arranjado alguém, eu saberia! Ele e eu somos muito próximos... somos quase irmãos!"

           "Por favor, me ajude!" – implorou o homem mais velho. "Eu preciso recuperar meu filho! O futuro de minha família depende disso..."

            "Eu... eu não sei... o que posso fazer para lhe ajudar, senhor Montijo." – balbuciou Mark meio confuso.

           "Não precisa fazer nada de mais..." – explicou o homem. "Fique de olho em meu filho! E me avise se perceber algo de diferente em seu comportamento... qualquer coisa fora do normal! E me avise imediatamente!"