Coração de Pinheiro

Vinte e Quatro Horas Para se Redimir...

       Bill estava quase saindo quando, subitamente voltou e abraçou Dipper com força. Ele o manteve em seus braços por algum tempo antes de sussurrar em seu ouvido:

        "Eu fiquei desesperado quando soube do seu sequestro, Pinetree... Foram os piores dias de minha vida! Eu não pensei que passaria por essa angústia, de novo! A falta de notícias era terrível... E eu quase trucidei aquele idiota do Gideon! Se Mason não estivesse comigo, naquela hora, aquele branquelo azedo teria virado um bolinho de carne!"

       "Você partiu para cima do Gideon, Bill?" – espantou-se Dipper ao se soltar do abraço dele.

       "Eu estava desconfiado dele... e fui até seu apartamento para confrontá-lo. Mas, quando o vi, meu sangue ferveu nas veias e eu parti para a ignorância. Só de imaginar ele tocando em você... eu fiquei furioso! Mason teve que me segurar para que eu não continuasse a socar aquela cara de pastel mal cozido!"- Bill contou. "Mas, o covarde estava limpo, dessa vez! E ficou tão apavorado que deve estar com medo até de respirar mais alto!"

         "Eu posso imaginar a cena..." – Dipper sorriu. "Deve ter sido impagável!"

        "Foi impagável sim, Pinetree... principalmente, na hora que eu disse que era Billy Rehpic, também! Os olhos dele quase saltaram fora das órbitas..." – Bill respondeu, acariciando o rosto de Dipper suavemente. "E eu faria qualquer coisa para poder ver novamente o seu rosto! Até me casar com aquela vagabunda ordinária da minha ex-namorada!"

        "Ex-namorada? O que ela tem a ver com essa história, Bill?" – indagou Dipper confuso.

        "Foi ela quem mandou te sequestrar, Pinetree... Foi a desgraçada da Loretta quem armou tudo!" – Bill explicou. "A maldita havia voltado para a cidade, meses atrás e começou a me perseguir. Eu a desprezei e desapareci, assumindo o personagem de Billy Rehpic. Mas ela descobriu, de algum modo, sobre nós e decidiu usar você para me chantagear. Ela exigiu que eu me casasse com ela para salvar a sua vida! E eu estava disposto a tudo, até aceitar as exigências dela..."

          "Eu... eu não sei o que dizer!" – Dipper murmurou. "Não imaginei que eu fosse assim tão importante..."

          "Você é importante para mim, Pinetree... mesmo que não acredite!" – replicou Bill segurando as mãos de Dipper e as beijando. "Aliás, há uma coisa que eu quero lhe devolver... Aquela maldita me entregou isso, como prova de que estava disposta a tudo para conseguir o que queria!" – ele enfiou a mão no bolso da calça e retirou um objeto.

         Dipper olhou para o objeto na mão de Bill e o reconheceu. Era o pingente de prata, em formato de um pinheiro, que ele comprara numa feira em Falls Beach, meses atrás. Dipper sentira a falta dele durante seu cativeiro, mas acreditou que o perdera em algum momento.

        "O meu pingente? Eu pensei que o havia perdido ou que um dos criminosos o tivesse roubado..." – espantou-se Dipper ao perceber que Bill o estava colocando de volta em seu pescoço.

        "Ela o pegou para me chantagear..." – respondeu Bill. "Agora está de volta aonde pertence! E de onde não deveria ter sido tirado... Assim como o meu pingente! Eu ainda o carrego comigo, também!" – ele abriu dois botões da camisa e exibiu o seu cordão de triângulo.

          "Pensei que você o tivesse jogado fora..." – sussurrou Dipper. "Uma coisinha tão barata e sem graça não está à altura de um milionário."

          "Você está enganado, Pinetree..." – respondeu Bill. "Esse pingente é muito valioso para mim! Ele é uma lembrança de um dia especial... um dia em que passei na companhia de um amigo de verdade! Lembra que eu até brinquei que parecia que éramos duas garotas comprando colares de Melhores Amigas? E você respondeu que podíamos não ser garotas, mas éramos amigos..."