Acerto de Contas...

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            Dipper fitou Bill sem conseguir esboçar nenhuma reação... Eles se encararam em silêncio por alguns instantes. Logo Dipper recobrou a razão e reagiu à presença dele em sua casa.

           "Você? Como... entrou aqui?" – Ele saiu do sofá e começou a recuar, tentando fugir para o quarto e se trancar lá.

          "Por favor, Pinetree... eu... eu não vim para brigar." – Bill o olhou com tristeza. "Sua mãe me deu a chave..." – ele exibiu um chaveiro.

            "Minha mãe não podia ter feito isso comigo!" – retrucou Dipper zangado com a atitude dela.

             "Não se aborreça com sua mãe, Pinetree... ela te ama muito! E só quer o seu bem." – Bill a defendeu. "Fui eu que implorei para que ela permitisse esse encontro. E eu prometi que seria apenas uma conversa, depois não lhe procuraria mais..."

           Dipper olhou para Bill espantado... quase nada lembrava o cara cruel e insensível do último encontro. Na verdade, Bill parecia que tinha envelhecido uns dez anos... Seu rosto estava mais pálido e havia profundas olheiras em volta de seus olhos. E a barba estava há dias sem fazer! Aparentemente, Bill não dormia direito há dias, também!

            "Difícil de acreditar, Billy... ou Bill! Ou qual é o nome que está usando agora? Afinal, você só me falou mentiras, desde que nos conhecemos!" – Dipper respondeu.

            "Não, Pinetree... eu nunca menti para você!" – Bill se defendeu. "Tudo que lhe falei sobre mim, é verdade..."

            "Você me fez acreditar que não era ninguém, além de um simples barista! E eu acreditei em você... acreditei quando disse que ajudava seu irmão, que era pobre, que só tinha um carro velho..." – Dipper o acusou. "Você deve ter dado boas risadas de mim... Devo ter sido a maior piada do ano!"

           "Nunca! Eu jamais iria rir de você, Pinetree!" – Bill respondeu. "Foi isso que me encantou em você... Você me aceitou como eu era. Não olhou se eu era pobre ou rico... você não me desprezou por causa de minha situação financeira. E o que lhe contei sobre meu irmão é verdade! Eu tenho um irmão mais novo que ainda está estudando. E o namorado dele é também seu guarda-costas!"

           "Guarda-costas? Seu irmão vai para a escola, acompanhado de segurança particular?"

           "Tive que arranjar um segurança, depois que nosso pai raptou meu irmão e tentou vendê-lo para uma rede de pedofilia e exploração sexual infanto-juvenil. Eu consegui salvar ele, antes que o pior acontecesse e mandei meu pai para a cadeia por isso. Também consegui retirar dele todos seus direitos paternos sobre o William." – Bill revelou. "Mas o canalha jurou se vingar... Eu temia que ele tentasse algo, mesmo atrás das grades, então tive que contratar Mason para o serviço. Quando Will se apaixonou por ele, eu quis dispensá-lo. Só não o fiz, pois partiria o coração de meu irmãozinho e Will já havia sofrido demais nessa vida!"

            "Seu pai fez isso? Por que ele faria tal atrocidade?"

             "Meu pai era um vagabundo... ele era capaz de fazer qualquer coisa por dinheiro! Mentir, trapacear, chantagear, extorquir... tudo era válido para arranjar dinheiro para gastar com bebidas e prostitutas! E minha mãe foi apenas mais uma vítima dele! Ela trabalhava de faxineira o dia todo para arranjar uns trocados para comprar um pouco de comida para nós. Mas o canalha foi capaz de obrigar minha mãe a se prostituir, toda noite para arranjar mais dinheiro para ele gastar com seus amigos de bar!" – Bill explicou. "Eu tinha uns treze anos quando percebi o que acontecia... Aos quinze, eu tentei defender minha mãe das agressões dele e fui expulso de casa, no meio da noite, só com a roupa do corpo!"

Coração de PinheiroOnde histórias criam vida. Descubra agora