Estava deitada quando Alzira entra no quarto. Ela me olhou de relance, vi pena em seus olhos ao me ver e até tristeza, mas primeiro ela me olhou com culpa.
Talvez essa culpa se deva, por ela não me ajudar. Cristiano a ameaçou e assim como faz comigo, fez com ela, a encheu de ameaças e medo. Ela me disse que quando tentou me ajudar à única vez, ele forjou drogas no veículo do marido e o levou preso, lá quase o matou e só soltou ele, porque, Alzira prometeu não contar nada do que se passava aqui. Desde então, ela mal fala comigo, faz seu trabalho na casa e vai embora. Seu marido cuida dos serviços mais pesados da casa, como o jardim e pequenos reparos. Os dois tem pavor de Cristiano, eu não julgo e nem a culpo, ele é o pior ser humano que já encontrei. Ele ontem me olhava como um louco, não gosto nem de lembrar…— Alzira… — Falo e ela se vira devagar para me olhar — Quando minha mãe chegar, pode me avisar? — Alzira balança a cabeça enquanto volta a guardar as últimas peças no guarda-roupa — Obrigada. — Falo e ela assente com a cabeça, mas nem ao menos me olha.
Depois ela se retira e decido me levantar para tomar um banho, devagar segurando nos móveis vou até o banheiro. Entro e tiro minha camisola, me olho no pequeno espelho, estou com algumas marcas pelo corpo, mas isso é normal. Viro-me entrando no box, ligo o chuveiro e me sento no chão com cuidado. À todo momento ele me vinha à cabeça, tudo que me lembro era seus olhos, mas talvez eu possa ter delirado.
Sei que todos os homens não são ruins, meu pai mesmo, foi o melhor e o mais exemplar homem que conheci, ele sempre me protegeu, me deu carinho e acima de tudo muito amor. Encolho-me debaixo do chuveiro e permito algumas lágrimas de saudades… Elas caem facilmente.— Papai, por que, tinha que me deixar… — Deixo meu choro, entre soluços escapar. — Papai… Papai…
Choro durante um bom tempo sentada, no banheiro, me sentindo o ser humano mais imundo, podre e sem dignidade que existe.
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.Assim que Alzira entra me avisando que minha mãe chegou, me animo. Pouco tempo depois minha mãe adentra no quarto. Sua expressão é boa apesar, de ser feita de prisioneira por Cristiano.
— Mãe! — Falo abrindo os braços esperando ela vir até mim e me abraçar.
— Oi Gabriela. — Diz me dando um breve abraço. — Soube o que aconteceu. — Diz me olhando feio.
— Sim, mãe…
— Você sabe muito bem, que a melhor coisa é obedecer Cristiano, mas você continua nessa birra! — Ela diz e se mexe nervosa.
— Mãe, eu cai sem querer, estava muito fraca.
— Gabriela, não esta sendo fácil para mim também! — Ela diz e me sinto culpada.
— Desculpa mãe, mas realmente eu não tive culpa.
— Cristiano me disse que vai te alimentar melhor! — Ela força um sorriso.
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SOB DOMÍNIO DO MEDO - LIVRO 2 DA SÉRIE DOMÍNIO (EM ANDAMENTO)
RomansGabriela era uma jovem comum, frequentava a escola, tinha amigos e apreciava a natureza, além de ser amada por seu pai. No entanto, sua vida deu uma reviravolta quando se tornou vítima da maldade de um homem profundamente perturbado. Agora, ela conh...