Foda-se o Passado

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JEFF

Berverly estava querendo saber do meu passado, mas não a julgo. Se estivesse em seu lugar também iria querer saber como foi se tornar o psicopata mais misterioso de todos os tempos.

Por um tempo eu não pretendia contar a ela. Saber do que eu escondo por trás dessa máscara me fazendo um sádico sarcástico que não liga para nada, e que já passou por muita tristeza na vida, pode fazer ela sentir "pena", e isso não é oque eu preciso.

Do jeito que ela é, capaz de ter perguntado mais para tentar decifrar a minha mente do que por curiosidade mesmo. Percebi que ela presta muita atenção nos meus e nos próprios atos, como se estivesse sempre estudando os pensamentos de todo mundo o tempo todo.

Admiro isso nela, ela realmente é focada e vai atrás do que quer, sempre sendo muito atenciosa e empática... É ruim pensar que essa atitude dela a torna até mais forte que eu.

Realmente, eu me odeio. Odeio o fato de ser Jeffrey Woods, esse bosta que só está no mundo para ocupar espaço, pois a única coisa que fez foi desistir dos sonhos, e que nunca soube expressar seus sentimentos, acumulando tudo para si até explodir e perder totalmente o controle. Odeio Jeff The Killer, esse louco, monstro, demônio que mata pessoas para poder tirar minha cabeça dos mais diversos tipos de pensamento que me torturam e corroem aos poucos.

Odeio pensar sobre o passado porque nisso me sinto mais lixo do que já sou. Odeio a cabeça humana ter esses tipos de delírios, tudo isso não teria acontecido se a depressão e outras merdas desse tipo que embaralham os pensamentos não existissem.
Talvez eu me odeie dessa inúmeras formas, justamente porque sou fraco.

Mas também, foi culpa minha. Eu sou culpado por não deixar essas emoções saírem. Por forçar eu mesmo a "ser forte", me tornando extremamente fraco.... O contrário da Berverly, me surpreende o fato de não ter se desesperado em nenhum momento, mesmo depois do que fiz a ela. Só dela saber se controlar assim e ter essa saúde mental, já a torna a pessoa mais forte que conheci.

Talvez se quando eu ainda tinha sanidade, eu deveria ter me soltado das correntes que eu mesmo me amarro, deveria ter deixado algumas lágrimas rolarem... Talvez até.... Conversado com alguém.

E se não for totalmente tarde demais? Tenho a Berverly aqui, e ela já quer saber mesmo sobre essas coisas.. por quê não contar a ela? Isso talvez pode tirar um peso das costas.

Não! Me sinto estranho perto de Beverly, antes achava que era porque fazia anos que não convivia com alguém e mesmo que seja isso, até meu "lado" psicopata é abalado por ela. Esse é o motivo de ela ainda estar viva, embora os machucados que a fiz, que agora estão cicatrizando.

Mas apesar que, nesse tempo, eu tenho matado menos vítimas por semana. E isso deve ser por conta da Berverly, ela realmente está mechendo comigo, eu sinto isso. Quando estou perto dela, não sinto vontade de matar pessoas, apenas curtir sua companhia, mesmo qua não troquemos tantas palavras.

Não quero contar meu passado a Berverly, pois ela pode me julgar amis ainda pelos meus atos e assim se afastar mais ainda de mim, oque seria horrível, pois, mesmo detestando adimitir, gosta da companhia dela.
Quando estou com ela por perto, é como se eu sentisse parte de mim se completando, sensação igual de quando estou matando aqueles azarados que cruzam meu caminho.

Quando ela sorri, da forma mais simples possível, já é capaz de me afastar daquela minha parte que eu tanto odeio. A depressiva.
Fazendo sentido ou não, me sinto assim também quando entro em contato com sangue alheio, o líquido carmesim e quente em minhas mãos.

Graças a Berverly, tenho diminuído o número de vítimas por semana. Me sinto até um pouco louco por querer tanto ficar em casa, acompanhado da única pessoa que não quero distância.

Realmente, Berverly meche comigo. De uma forma boa.

Eu por outro lado, com essa bipolaridade me sinto arrependido por ter gritado com ela a alguns minutos atrás. Não quero deixar ela lá na sala, confusa devido as frases mal explicadas que deixei soltas no ar.

Ela deve estar pensando em mil e uma formas diferentes de encaixar um contexto que explique oque eu disse. Mas também, não acho que ela tenha perguntado só por curiosidade.
Como já reparei antes, ela nota bastante meus atos e os dela mesma também, como se estivesse sempre estudando o nosso comportamento, mas porque isso?

Sim, eu vou falar com a Berverly. Não tem por que temer o fato dela espalhar isso por aí, afinal, ela não sairá daqui, e nem mesmo terá contato com outras pessoas.

Vamos parar de enrolar, Jeff. Termine logo com isso!

Fui em direção à porta, para sair de meu quarto e eur em direção a Bev, mas a mesma já estava do outro lado da porta, com a mão fechada erguida como se estivesse prestes a bater na porta.

Bev- Jeffrey! Estava indo falar com você... Me desculp-

Jeff- Cala a boca e entra de uma vez, vamos acabar logo com isso.

A puxei pelo pulso, fazendo a mesma entrar no quarto comigo. Não quero ser tão grosso, mas não consigo evitar... Pensar em descrever a minha vida para alguém está me deixando meio aflito, quero terminar logo com isso.

Jeff- Irei te contar sobre eu e Liu.

Na hora, Berverly abriu mais os olhos, mas logo desfez a expressão e permaneceu quieta.

Jeff- Liu era meu irmão, como já havia dito. Ele era um babaca, idiota, mauricinho, de má figa, mas só eu parecia perceber o quão covardemente fútil ele era. Todo os dias em que íamos para o colégio, era meu tempo de paz, pois quando ficava-mos a menos de cinco metros de distância, ele aproveitava para fazer oque bem entendesse comigo.

Berverly parecia cada vez mais interessada na história, então continuei.

Jeff- Todos os dias, chegava em casa sendo ignorado pelos meus pais. Qualquer coisa que dissesse, não era de tanta importância para que eles ouvissem. Foi isso que me fizeram pensar durante anos, e acho que não foi tão ruim pois eles eram assim com Liu também. Ele porém, estava sempre discutindo e exigindo que fossem mais presentes, oque fazia parte da rotina barraqueira em minha casa.

Eu passava a maior parte do tempo sozinho, evitava chegar perto de Liu, pois sabia que iria me fazer de escravo. Me dava todas as lições e trabalhos da escola para fazer, e qualquer coisinha que eu dissesse, era motivo para apanhar. Fiquei de saco cheio quando ele me deixou um roxo no olho. Acumulei todo meu ódio que sentia de meus pais, o ódio que tinha dos valentões da escola, do próprio Liu, e até das pessoas que nunca nem conheci mas olhavam torto para mim na rua... Estava de saco cheio de tudo aquilo ter me acontecido sem nem mesmo ter motivo. Estava aos poucos planejando como matar o Liu para que tudo isso acabasse. Acabei me perdendo nós pensamentos e cortei minha boca, e o porque disso você mesma já esclareceu.

A faca que eu usei, foi a mesma que Liu ganhou do nosso pai, em um aniversário tosco sem muita vontade de ser celebrado. Espetei a mesma no pescoço do meu irmão, sem nenhuma delicadeza. A última coisa que ouvi dele foi seus engasgos com o próprio sangue. Aquele momento foi tão bom, que eu nem liguei mais pro futuro. Depois disso? Matei meus pais e queimei a casa dos Woods. Nesse ato acabei ateando fogo em mim mesmo, mas não foi tão grave.

Terminei a fala, e agora encarava Berverly, que estava meio estranha.

Jeff The Killer: porque?Onde histórias criam vida. Descubra agora