Tudo Vai Acabar

123 18 0
                                    

BEVERLY

Sai do banho e percebi que a casa estava muito silenciosa. Jeff está dormindo? Decidi dar uma olhada.

Enrolada na toalha mesmo (havia esquecido de pegar a roupa) caminhei até o quarto de Jeffrey. Bati na porta mas ninguém respondeu, então chamei por ele enquanto abria a porta.

O quarto estava escuro, com as coisas desarrumadas como se estivessem procurando algo... Depois vi algumas caixas de remédios abertas violentamente derrubadas pelo chão.

Bev- Jeff? Você está bem?

Entrei mais no quarto. Enquanto caminhava lentamente, comecei a enxergar algo grande no chão, me aproximei e agora descobri oque era.

Jeff estava desmaiado no chão, jogado ali como um saco de batatas. Na hora meio que não sabia oque fazer. Pensei em aproveitar a situação para escapar daqui, mas é muito provável que não consiga abrir os cadeados pois nunca vi as chaves.
Logo comecei a me perguntar oque estava acontecendo... Porque ele está nesse estado?

Então fui domada pelos meus pensamentos mandando eu ajudá-lo. Tipos de flashbacks me lembraram que eu prometi a mim mesma ajudar aqueles que sofrem sozinhos. Lembrei-me de que estava agora determinada a curar Jeff e salvar não só a sua, mas a minha vida também.

Nem pensei por muito tempo e virei Jeff de barriga para cima. Será inútil tentar lavanta-lo, pois ele é alto e embora ter o corpo magro, era forte também.

Peguei o primeiro travesseiro que vi e apoiei sua cabeça nele, ainda no chão.

Bev- Droga Jeffrey, oque você fez???

Tentava pensar no que tinha acontecido aqui. Essas caixas de remédios servem para que? Será que Jeff os ingeriu? E o quarto, pq está nesse estado?

Catei a primeira caixinha. Não sabia para que servia o remédio, tinha só um nome diferente, nesses estilo laboratório. As demais caixas eram também do mesmo tipo de medicamento.

Li a bula, que dizia que as pílulas serviam para enxaqueca, convulsões, sensibilidade da luz, calmantes e.... Anti-depressivas.

Abri a boca de Jeff, inutilmente tentando ver se era perceptível o fato de ele ter tomado aquilo ou não. Não tem como eu saber.

Nesses momentos, me arrependo de não ter prestado atenção na aula de primeiros socorros. Cheguei os batimentos cardíacos, isso eu vi na minha série favorita. Ele estava respirando, pelo menos.

Não sabia oque fazer, comecei a dar leves batidas em seu rosto enquanto o chamava, mas era em vão. Apelei então para o estilo dona Hermínia e joguei um balde de água nele, que com um susto acordou e, como se fosse um instinto ou reflexo, apunhalou uma faca do bolso de suas calças.

Bev-Jeffrey!!! Oque aconteceu.

Jeff- Eu que te pergunto, oque está fazendo aqui?

Disse enquanto se sentava.

Bev- Você estava desmaiado, achei q você ia morrer!

Jeff- Eu não morreria assim... Descobri do pior jeito.

Agora ele estava com a cara triste. Oque ele quis dizer com "descobri do pior jeito"? Minha intuição diz que ele tentara se matar, mas não quero acreditar nisso...

Bev- Jeff... Por favor, me diz que você não faria isso.

Jeff- E-eu tenho que te contar uma coisa...

____________________________________________

JEFF THE KILLER (momentos antes)

Agora que contei quase tudo a Berverly, realmente me senti aliviado. Isso enquanto ela estava aqui, pois ela saiu para tomar banho e me deixou sozinho com meus pensamentos.

Isso não era um problema. Não até eu refletir desse jeito sobre meu passado. Sei que não gosto de pensar muito nele, mas hoje foi um dia tirado exatamente para isso.

Nunca tinha olhado com cuidado para meu comportamento quando perdi totalmente a sanidade. Eu sofria, mas não era para tanto, ao ponto de matar todos que conhecia.

Lembro-me de dês de sempre, imaginar como a vida séria boa se tais pessoas não estivessem mais em meu convívio.

Eu pensava que teria tranquilidade e sossego se  algum dia, não precisar mais me defender de Liu, ou de qualquer outro bastardo do colégio. Como seria se meus pais que me torturaram lentamente todos os dias, me mostrando o quão insignificante eu conseguia ser, simplesmente... Evaporassem.

Dês de que me conhecia como gente, pensava nisso. Um dia eu experimentei a paz que teria se o maldito cachorro da vizinha não fosse avançar em mim toda vez que tentava chegar em casa. Matei ele, com uma pedra grande. Sangue espirrou em mim.... Aquela sensação do silêncio penetrou em meu cérebro, e nunca me arrependo de ter feito aquilo.

Outras vezes, saía para matar esquilos. Finalmente arranjara algo que não fosse tedioso de fazer no tempo livre. Era divertido!

Até eu matar Liu. Ele foi minha primeira vítima, e embora ter ficado a vida inteira me tirando proveito e fazendo a minha vida um inferno, ele era meu melhor amigo. Não tinha parado para pensar até hoje, que ele não era totalmente ruim.

Jeff- Droga, eu sou um bosta mesmo!

Estava agora irritado comigo mesmo. Não por ter matado meu irmão, eu acho. Mas oque eu mais sinto de mim mesmo agora é pena. Odeio ficar com essa sensação de arrependimento... Porque o passado não pode simplesmente ficar para trás? Isso tudo é um inferno.

O pior de tudo, é saber que isso nunca irá passar. Vou ficar o resto da minha vida matando gente inocente, não consigo evitar. Foda, é que depois eu ficarei com a porra do sentimento ruim, desejando que eu mesmo não existisse.

Mas... Espere aí! Isso é possível, não?

Eu sou assassino, posso matar qualquer um! Então por que não acabar com minha própria vida???

Agora, oque falta mesmo era coragem. Nunca havia pensado na possibilidade de a vez de morrer ser minha.

Apunhalei uma faca. Aquela que começou com toda a história, a que pertencia ao meu irmão mais velho. Não tinha encostado nela a muito tempo, e hoje, será a última vez que pegarei em qualquer outra faca.

Fui em direção ao criado mudo em que a deixava. Realmente, não me lembro da última vez de ter colocado essa belezinha em prática... Mas essa noite, será uma noite histórica!

Segurei fortemente a lâmina com minhas duas mãos, e a posicionei na frete de meu peito. É agora ou nunca.

Aproximei rapidamente ela de meu corpo e... Parei. Não dá, algo está me impedindo de fazer isso.

Tentei perguntar meu pescoço então, mas também foi em vão. Porque caralhos eu não consigo????

Lembrei dos remédios, provavelmente agora vencidos, que tomava a um tempo atrás. Usava-os quando comecei a me arrepender de matar tantas pessoas e a partir daí minha vida complicou. Havia parado de tomar eles, pois decidi aceitar meu destino de sempre sofrer com as consequências.

Mas agora, foda-se tudo.

Abri as caixas rapidamente e sem paciência. Destaquei todas as pílulas que haviam, e as engoli. Agora é só esperar a rápida overdose que terei, e enfim, tudo vai acabar.

Comecei então a ficar meio louco. Tropecei pelo quarto e acabei derrubando algumas coisas enquanto me sentia fraco e tonto, logo apaguei e a última coisa que senti, foi meu corpo desabando e um sorriso se formando em meu rosto.

A minha morte só trará benefícios a todos.

Jeff The Killer: porque?Onde histórias criam vida. Descubra agora