Único

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JEFF THE KILLER

Deveria estar tão pensativo, que nem percebi a presença de Masky. Admito que me surpreendera, não imaginaria que estivesse por perto nesses tempos de primavera, quando as pessoas gostam de sair de casa e dar passeios, não deixando de serem horríveis consigo mesmas, na visão dele.

Masky- E ae.

Jeff- Nossa, você por aqui?

Masky- Do jeito que você fala, parece que eu odeio sair de casa. Não sou como você, cara.

Jeff- Não soube das novidades? Agora "em casa" é onde eu quase não paro, aliás, estava até ontem procurando uma nova moradia. E também, arranjei um emprego. E uma moto.

Ele me olhou de cima a baixo. Posso supor que está boquiaberto por baixo da máscara sem graça.

Masky- Tá. Agora explica que macumba você fez para conseguir um emprego. Desculpa jogar a real, mas se seu chefe olhar para a sua cara é capaz de julgar e perceber que você é estranhamente medonho.

Jeff- Valeu, Masky! Sua sinceridade é comovente.

Disse com ironia e rimos uma pouco.

Jeff- te explico tudo no caminho, agora me responde: foi você o "meu herói" que tocou a campainha?

Masky- Hahaha boa! Sim, fui eu. Invoquei um espírito de uma criança melequenta que tocou a campainha e saiu correndo, achei tendência.

Entre conversas que perdiam a seriedade a casa ironia e sarcasmo, estávamos andando calmamente, talvez passaremos em casa, na que agora têm dois "excelentíssimos" enxeridos cuidando da vida da minha vida tou, vulgo Beverly.

Aqueles dois realmente me incomodam, seria mágico se eles simplesmente sumissem de vista.

Além do mais, oque querem? Não boto fé na desculpa de estarem planejando toda a documentação de Beverly, embora seja correto uma menor de idade sem família ter agentes para auxiá-la.

Mas não é comum nessa cidade, em que o governo está cagando para os cidadãos. E logo beverly, a garota simples que passa despercebido por qualquer um.
Passaria despercebida, se não tivesse ficado com fama de "a desaparecida que voltou", dentre tantos outros casos de desaparecimento sem sucesso de volta, sem nenhuma posta fora os tristes folhetos impressos em preto e branco com foto indicando nome, bairro e idade do sumido. O levado por Jeff The Killer. Pelo antigo eu.

Sim, essas lembranças ainda me dóem, me torturam não importa o tempo que passe. Sou amaldiçoado pela vida, por ter levado tantas outras inocentes.

Mesmo querendo que todo aquele mal existente em mim seja lavado de minha alma, ainda sinto uma parte em mim que não vai embora: o ódio.

Embora em níveis mais baixos, em que consigo me conter, existem momentos de ódio onde tenho vontade de socar alguém, ou até mesmo, aniquilar alguém

Mas eu não quero, não quero ser odiado por eu mesmo, não de novo. Era horrível quando sentia que quem deveria ser "aniquilado", era eu.

Masky- Você está bem?

Então agora apenas, eu percebi que estava com a cara fechada e olhando para o chão enquanto caminhamos.

Jeff- Oque você considera ruim em mim?

Paramos de andar. Meu amigo não olhava para mim, apenas para frente enquanto eu o fitava esperançoso.
Queria saber se eu era o único ali que via o quão ruim ser um assassino poderia ser, saber se ele também considera isso algo horrível.

Embora seja difícil perguntar com essas palavras, eu queria saber se também está de saco cheio de a consciência empurrar fatos horríveis sobre você, te desanimando e deixando sempre mentalmente cansado.

Masky- Se eu te dizer que no fundo, prefiro não matar as pessoas pois isso é errado e faz mal para mim, embora a minha maior parte considere bom... Oque você interpreta para responder sua pergunta?

Jeff- Que somente um idiota responde uma pergunta, com outra pergunta.

Masky- Fala sério, animal.

Falando sério? Acho que ele só falou oque no fundo eu já sabia, embora queria que não fosse verdade. Eu sempre gostei de matar, mas não quero gostar, esse é o fato.

O mais legal, é que agora eu sei que não sou o único aqui que pensa assim. Mesmo em escalas menores, Masky é como eu e não considera o assassinato as mil maravilhas.

E é bom, saber que ambos estamos no mesmo barco, com níveis um pouco diferentes. É bom saber que não sou o único.

Jeff- Cara, mesmo dizendo o óbvio, você me ajudou muito. Obrigado.

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BEVERLY

Jeff me fez ter um mini ataque cardíaco umas cinco vezes. Quase fora pego pela mulher que nem disfarçava que procurava por algo.
O que eu queria saber era oque tanto ela quer achar.

Por ela ser detetive e estar na mesma equipe do Ag. Weeler, supus que eles não estão aqui apenas para agilizar documentos de uma jovem órfã. Agora entendo porque Jeff disconfiara, e ele tinha total razão.

Posso até o ouvir resmungar duvidando sobre o governo estar mandando oficiais para ajudar as pessoas, no caso, eu. Ele diria "nessa cidade, nesse bairro, nunca que a prefeitura iria investir na sociedade, nem as ruas eles asfaltam"

Depois de quase uma hora discutindo sobre a matrícula da minha escola e dando indiretas com os olhares para a detetive Robin, que começara a me irritar.

Sei que se ela achar algo aqui, sendo impressões digitais ou fios de cabelo de Jeff, não mudará nada, pois ele não tem registros gerais, é como se a pessoa não existisse. Além de que ele, agora, é só uma pessoa comum.
Seria fácil dizer que ele não faria mal a uma mosca, não é?

... não é??

É, ele agora é super do bem.
Falando nele, ele chegou, e acompanhado.

Jeff The Killer: porque?Onde histórias criam vida. Descubra agora