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MAUDE, MAUDE, miss Maude! — gritava a voz alegre, atrás da jovem que caminhava pelos jardins de Gamwell, pensativa e só... — Maude, adorável Maude — repetia a voz com impaciente ternura. — Onde está?

— Aqui, William, aqui — acenou miss Lindsay, encaminhando-se por sua vez na direção do rapaz.

— Que felicidade encontrá-la, Maude! — exclamou com alegria Will.

— Fico também contente, já que isso o deixa tão feliz — foi a resposta bem-humorada.

— Deixa-me mesmo muito feliz, Maude. Que belo fim de tarde, não é?

— De fato, William; mas não teria algo mais a dizer?

— Desculpe, tenho sim — ele respondeu rindo. — Mas a deliciosa tranquilidade desse crepúsculo me fez lembrar que o tempo está bom para um passeio pela floresta.

— Está querendo preparar as trilhas para ir caçar amanhã?

— Não, Maude. As intenções não são tão pacíficas, iremos... Ah, esqueci... não posso contar a ninguém. Mas vou fazer algo cujo resultado pode ser para mim uma perna quebr... Estou dizendo bobagens, Maude, não dê ouvidos. Vim só desejar boa e repousante noite, além de me despedir...

— Despedir-se? O que está querendo dizer? Parte para alguma expedição perigosa?

— Se assim fosse, com o arco e o bordão, firmes na mão, facilmente se consegue a vitória. Mas estou falando demais... são palavras à toa, não dê ouvidos.

— Está querendo me enganar, William, com tanto segredo para essa saída noturna.

— É o que exige a prudência, querida amiga. Uma só palavra inconsequente pode se tornar perigosa. Os soldados... Ah! Já ia falar, estou ficando louco... louco de amor por sua linda pessoa, Maude. Mas a verdade é que João Pequeno, Robin e eu vamos fazer uma incursão pela floresta. Antes disso quis me despedir de você bem afetuosamente, pois talvez não tenha mais a felicidade de... Estou dizendo só criancices, Maude, isso mesmo, são tolices. Vim me despedir somente por achar impossível me afastar do hall sem vê-la. Isso é verdade, Maude, pura verdade, posso garantir.

— Eu sei, Will, que é verdade.

— E por que estou sempre dizendo até logo ou me despedindo de você, Maude?

— Deve saber melhor do que eu, Will.

— Isso é verdade! — riu o rapaz. — Eu é que devo saber! Você mesma provavelmente ignora, Maude querida; ignora que a amo mais do que amo meu pai, meus irmãos, minhas irmãs e meus melhores amigos. Mesmo sabendo que vou passar semanas inteiras fora, posso deixar o hall sem me despedir de ninguém, com exceção talvez de minha mãe, mas é impossível me afastar de você, inclusive por poucas horas, sem apertar suas mãos branquinhas, sem levar comigo, como uma bênção, essas doces palavras: "Boa viagem e volte logo, Will." E olha que você nem me ama! — acrescentou com tristeza o pobre enamorado.

Mas essa bruma não chegou a anuviar os bonitos olhos de William, que rapidamente voltou a falar e ainda mais animado:

— Espero que me ame um dia, Maude. Vou esperar, sou paciente, posso esperar até que se resolva. Não tenha pressa, não se aflija, não se obrigue a um sentimento que não quer. Isso virá por si só e um dia você vai se surpreender dizendo: "Veja só! acho que amo William. Um pouco... pelo menos um pouquinho." Mas depois de uns dias, umas semanas, alguns meses, me amará mais. E isso vai progressivamente aumentar até se igualar, de maneira forte e apaixonada, à imensidão do meu amor. Mas, por mais que faça, não vai conseguir. Amo-a tanto que seria pedir demais ao céu querer que ponha em seu coração algo parecido. Haverá de me amar à sua maneira, seguindo seus gostos e caprichos e me dirá um dia: "Will, eu te amo!" Aí então responderei... Ai! Não sei o que responderei, Maude, mas darei pulos de alegria, beijos em minha mãe, vou ficar louco de felicidade. Ah, Maude! Tente me amar, comece com um pequeno sentimento de preferência, amanhã vai me amar um pouco, depois de amanhã um pouco mais e no final da semana vai dizer: "Will, eu te amo!"

O príncipe dos ladrões (1872)Onde histórias criam vida. Descubra agora