CINCO ANOS se passaram.
Confortavelmente instalado na floresta, o bando de Robin Hood vivia em segurança, apesar de os normandos, seus inimigos naturais, saberem de sua existência. Os produtos da caça garantiram de início a alimentação, mas com o passar do tempo esse recurso mostrou-se insuficiente e Robin Hood foi levado a procurar outros meios para suprir as necessidades gerais.
Mantendo então vigilância sobre as estradas que cortavam em todas as direções a floresta de Sherwood, ele passou a cobrar uma taxa aos viajantes. Essa taxa, eventualmente exorbitante, caso o forasteiro assaltado fosse um grande senhor, se reduzia a muito pouco em caso contrário. Aliás, essas extorsões diárias de jeito nenhum tinham a aparência de um assalto e eram feitas com delicadeza e cortesia.
Os homens do bando de Robin Hood paravam os viajantes da seguinte maneira:
— Sr. forasteiro — diziam tirando polidamente o gorro que lhes cobria a cabeça —, nosso chefe, Robin Hood, espera Sua Senhoria para começar sua refeição.
O convite, que não podia ser recusado, era em geral recebido até com certa satisfação.
Conduzido, sempre educadamente, até Robin Hood, o convidado se punha à mesa com o anfitrião, comia bem, bebia melhor ainda e descobria, já na sobremesa, o montante da despesa. Como se pode imaginar, a soma era proporcional ao peso financeiro do desconhecido. Se ele trazia consigo dinheiro suficiente, pagava, em caso contrário, tinha que dar o nome e endereço da família e pedia-se então um forte resgate. Quando isso acontecia, o viajante, mesmo prisioneiro, era tão bem tratado que aguardava sem o menor descontentamento a hora de voltar a estar livre. O prazer dessa refeição com Robin Hood custava muito caro aos normandos, que mesmo assim nunca se queixavam do constrangimento.
Duas ou três vezes uma companhia de soldados foi enviada contra os mateiros, mas sempre vergonhosamente derrotada, e chegou-se a dizer que o bando de Robin Hood era invencível. Grandes senhores foram lautamente despojados, mas os pobres, em contrapartida, fossem saxões ou normandos, recebiam cordial recepção. Caso Tuck estivesse ausente, às vezes parava-se algum frade, e se ele aceitasse rezar a missa para o bando, era generosamente recompensado.
Nosso velho amigo Tuck estava feliz demais naquela alegre companhia para que por um só momento passasse por sua cabeça a ideia de ir embora. Fez construir uma pequena ermida nos arredores do subterrâneo e vivia satisfeitíssimo com os melhores produtos da floresta. O digno frade continuava a beber vinho quando tinha a felicidade de encontrar algumas garrafas, cerveja forte não havendo vinho, e água fresca — miséria! — caso a inconstante fortuna o deixasse em desgraça. Excusado dizer que o pobre Gilles fazia então uma careta horrível e declarava insossa e nauseabunda a límpida água do riacho. O tempo não havia em nada melhorado o temperamento do bom religioso. Continuava o mesmo: estapafúrdio, espalhafatoso, fanfarrão e sempre pronto a responder à altura. Seguia os companheiros em suas excursões pela floresta e era um prazer ver o alegre bando de rosto risonho e falatório animado que, mesmo assaltando viajantes, nunca perdia o agradável senso de humor. Todos se mostravam tão visivelmente felizes e contentes com aquela maneira de viver que a voz popular com simpatia os denominou "os alegres homens da floresta".
Há cinco anos ninguém tinha notícia de Allan Clare nem de lady Christabel. Sabia-se apenas que o barão Fitz-Alwine acompanhara Henrique II à Normandia.
Já o pobre Will Escarlate fora engajado no exército. Halbert se casara com Graça May e moravam ambos na cidadezinha de Nottingham e trouxeram ao mundo uma encantadora menininha, já com três anos.
Maude, a linda Maude, como dizia o gentil William, passara a fazer parte da família Gamwell, que secretamente se retirara numa propriedade de Yorkshire, conforme já mencionamos.