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Luke

A cada minuto que passava, eu só conseguia pensar na Zoey a contorcer-se de febre naquele minúsculo espaço aquecido. Pensar nela doente dava-me voltas ao estômago, porque sabia que já devíamos ter chegado à escola há bastantes horas atrás, e ainda não tínhamos sequer saído do mesmo sítio: o telhado da farmácia.

Pior ainda que pensar numa Zoey doente, era pensar numa Zoey doente e preocupada. A rapariga devia estar a sentir-se mesmo mal porque, apesar de ser pouco que a conheço, sabia que ela se estaria a culpar de não termos ainda voltado, sendo já noite cerrada.

Olhei para os rapazes que tinham vindo comigo, cada um com a sua expressão diferente. Michael, apesar do frio que se fazia sentir, estava deitado no chão de olhos fechados, quase a dormir. Sinceramente invejava-o por conseguir fazê-lo, pois está a recuperar as energias para a manhã seguinte, a única altura a que poderíamos sair daqui. John Murphy estava com as pernas esticadas apoiado nas escadas de incêndio, sempre avaliando o perímetro do edifício, vendo os zombies que ali se encontravam.

Já Ashton... esse estava tão mal ou pior que eu. Estava sentado no chão com as mãos na cabeça e a cabeça entre os joelhos, provavelmente a crucificar-se por não estar com Zoey naquele preciso momento. Como eu o compreendia.

Cheguei-me perto de Murphy, sentando-me a seu lado, com os pés sobre um primeiros degraus da escada.

- Não há mesmo hipótese de sair durante a noite?

- Haver há... Temos lanternas, temos força e coragem. Mas eu não vou querer ter burrice. É demasiado perigoso sair daqui agora, muito menos com o outro a dormir. - apontou com a cabeça para Michael.

- Mas se está a dormir acorda-se... - respondi.

- No entanto todos deviamos estar a dormir, porque precisamos de ter forças para amanhã. Até porque ainda temos muito à nossa volta e, quanto mais barulho fizermos, mais complicado será de sairmos daqui.

- Sim, isso é verdade.

- Devíamos ir todos dormir.

- Sim, até porque aqui nada nos apanha.

- Então olha, deita-te aí no chão confortavelmente e conta carneirinhos. - Murphy riu-se amargamente e deitou-se no chão, continuando perto das escadas.

Fui até Ashton e sentei-me a seu lado.

- Eu sei o que estás a sentir... Estou a sentir exactamente o mesmo.

- Estás nada, não compares uma paixãozinha com família.

Suspirei. Não ia estar a levantar confusões para nada.

- Não estás a perceber. Nem estou a falar quanto a graus de parentescos e amores e o raios que parta. Estou a falar em termos de saber que a podíamos estar a ajudar a ficar melhor e ela se deve estar a sentir super mal por não saber nada de nós.

- Mas ela é minha irmã... Quem a devia estar a ajudar era eu, e não a pô-lá preocupada e a sentir-se culpada.

- Não penses assim. Pensa que vieste para a ajudar, que é a verdade. Ninguém imaginou que ficassemos aqui presos não é...

- Sim, é verdade. O melhor mesmo é dormirmos para amanhã termos energia se não estamos feitos.

- Já sair daqui de barriga vazia não vai ser muito fácil...

- Podemos passar por aquela mercearia aqui ao virar da esquina, assim levávamos qualquer coisinha...

- Sim, mas o melhor é não nos demorarmos muito aqui, já estamos a criar stress o suficiente para várias pessoas.

Long Way Home (parada)Onde histórias criam vida. Descubra agora