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Fomos todos fechados no pavilhão gimnodesportivo. Ninguém podia sair, e estávamos todos aos montes no grande campo, espalhados entre o chão e as bancadas. Eu encontrava-me junto do meu irmão e dos seus amigos, assim como junto de Ellen, a minha melhor amiga, e alguns da nossa turma. Ashton encontrava-se ao meu lado a apertar a minha mão, dizendo de cinco em cinco minutos que tudo iria ficar bem e que iria fazer de tudo para me proteger, parecendo que o dizia mais para se mentalizar disso do que propriamente para me fazer acreditar.

- Ashton pára, já chega. Estás-me a enervar! - Ellen bufou.

- Peço desculpa então. Não sei se já reparaste mas estamos a assistir ao fim do Mundo! - Ashton elevou a voz e toda a gente ficou a olhar para ele.

Ainda não me tinha apercebido que o Director nos observava das bancadas mais altas. Estava lá com um microfone na mão à espera de oportunidade para falar e, com o silêncio que Ashton tinha gerado, encontrou o momento ideal para falar.

- Bom dia alunos e professores. O que se está a passar não sabemos, mas já se encontra aqui connosco o chefe do Departamento de Epidemias do país. Ele irá informar-vos agora dos passos a seguir e do que terão de fazer, e digo-vos que têm mesmo de seguir as regras dele. É um profissional e sabe do que fala, e nós temos de seguir as regras que nos são impostas para que isto não se torne um caos total. Agora dou a palavra ao doutor Hauzel.

O silêncio continuava e todos olhavam para um homem de estatura média que se encontrava ao lado do Director. Trazia um facto que parecia de astronauta e pegou no microfone.

- Bom dia. Como já vos fui apresentado, passo já às regras que têm de cumprir. Em primeiro lugar, e visto que não sabemos de nada do que se passa, não podem sair do recinto escolar. O pavilhão que contem a enfermaria também está interdito, pelo que ninguém se deve sequer aproximar dele. Eu aconselho-vos a não sair deste pavilhão mas ainda era mais preferível que fossem para pavilhões o mais longe da enfermaria possível. No entanto não cremos que seja algo a nível Mundial. Parece-nos apenas um mero vírus, pelo que nos foi contado.

- Como um mero vírus?! Estão-se a comer na enfermaria, literalmente! - se fosse numa ocasião normal, toda a gente se iria rir do comentário de Ellen mas, dadas as circunstâncias, o silêncio era de morte.

- Nós ainda não vimos o estado da epidemia, mas achamos que sabemos do que se trata. Andamos a estudar há meses uma epidemia que se criou nos animais, fazendo com que começassem a apodrecer por dentro, nos órgãos. Mas era um estado de decomposição muito lento, que demorava meses a ser notado. No entanto, foi proibida a venda da carne dos produtores que tinham os animais com a epidemia, apesar de, ilegalmente, muitos deles terem-nas vendido. Por isso achamos que provavelmente a epidemia vem da carne que tem sido comida, que chegou talvez aos humanos.

- Peço desculpa meter-me no seu discurso, mas não acha que se assim fosse quase todo o país já estava infectado? Nós consumimos imensa carne. - o Director perguntou.

- Mas nem toda a gente come carne de porco todos os dias pois não? Este tipo de problema só se demonstrou nos porcos, e como é óbvio não foi em todos. Como disse, apenas alguns produtores tinham esta epidemia nos seus porcos, por isso que provavelmente os vossos colegas se sentiram mal e com vómitos, devido à carne. A minha equipa e eu achamos que o vírus se instala no estômago e percorre o corpo do paciente, comendo-o por dentro e fazendo-o entrar depressa em decomposição. Mas só agora iremos compreender, quando investigarmos.

- Então devemos todos esperar no pavilhão até eles morrerem todos? - Michael, o melhor amigo do meu irmão, supostamente falou só para o nosso grupo, mas toda a gente o ouviu.

- É óbvio que não iremos morrer, tomámos todas as percauções necessárias, e até achamos que não iremos precisar de metade, mas mais vale prevenir do que tentar remediar. Agora, se me dão licença, irei falar em privado com o vosso Director e iremos começar a nossa intervenção.

Long Way Home (parada)Onde histórias criam vida. Descubra agora