- Abre lá isso! Mas certifica-te que vem um de cada vez.
- Tudo bem. - abriu devagar, notando-se na sua cara o esforço que estava a fazer para a manter assim.
Andei para trás o mais devagar possível, chamando o zombie sempre para mim, para não ter ideias de se voltar para Luke.
- Despacha-te! - Luke disse, fechando a porta com força, chamando a atenção do walker (como é chamado no the walking dead), que se virou logo para ele.
Aproveitei o seu gesto para tirar a faca do bolso e espetá-la na cabeça do bicho.
- Mais um! - pedi, sentindo uma estranha adrenalina.
Um a um, fui esvaziando o auditório de walkers, que antes eram meus colegas, meus professores, pessoas que eu mal conhecia mas sabia que existiam. Apesar de ter de me mentalizar de que eles já não eram pessoas, custava-me pensar que estava a tirar-lhes a vida. Porque, afinal de contas, parece que estou a matá-los. Mas sei que, se o meu irmão aqui estivesse, iria dizer-me o que me dizia sempre quando víamos o programa: estaria simplesmente a fazer-lhes um favor, fazer com que eles já não pudessem magoar ninguém e a sua alma ficar em paz. Só pensando assim conseguia fazer o que estava a fazer, apesar de custar muito na mesma.
Luke já estava vermelho do esforço que estava a fazer para aguentar a porta e eu sabia que também não estava melhor-
- Ainda falta algum? - perguntei já com poucas reservas de forças.
- Provavelmente um ou dois.
- Abre a porta e encosta-te para que não te vejam.
Luke assim o fez mas, em vez de sairem do auditório um ou dois, cinco esfomeados de cabeça pendurada vieram a andar na minha direcção, com aquele sorriso macabro estampado no rosto deformado. Fantástico, pensei, estou frita.
- Não saias daí! - gritei para Luke, que estava a espreitar horrorizado, mas não saíu do sítio.
Recuei o máximo que consegui, fazendo com que ficassem espaçados uns dos outros. Matei os primeiros dois um a seguir ao outro, e vi Luke sair do seu "esconderijo" e matar mais um.
Sobrando dois, chamei-os para mim. Aproximei-me do primeiro que me apareceu à frente e espetei-lhe a faca no crânio quando ouvi Luke gritar, fazendo o meu coração parar. Olhei para o chão, onde ele se encontrava deitado com um em cima. Não me deixei ficar paralisada, porque sabia que segundos parada podiam custar-lhe a vida. Avancei para ele e tirei-lhe o monstro de cima, espetando-lhe também a este a faca na cabeça.
Luke ficou deitado no chão a olhar para o tecto, respirando fundo e pesadamente.
- Está tudo bem?! - ajoelhei-me a seu lado e olhei para o seu pescoço, à procura de uma marca de dentes.
- Não fui mordido, mas tenho alguns arranhões. - olhou para mim assustado.
- Isso não deve ser um grande problema, vamos já tratar disso. Fica aqui sossegado, que este pavilhão já está vazio. Eu vou só ali à enfermaria buscar alguma coisa para te limpar isso para não infectar.
Quando me estava a levantar, agarrou-me pelo pulso.
- Não vais sem protecção, deixa-me ir contigo.
- Mas tu és meu pai?! Não te preocupes comigo, eu tomo conta de mim.
- Então tem cuidado, não iria aguentar perder mais ninguém.
Fiquei a olhar para ele durante o que me pareceu uma eternidade, finalmente me levantando-me. Saí sem lhe dizer nada, ficando apenas a pensar no que ele tinha dito. Estava para lhe responder as minhas respostas rápidas do género "Cala-te, não me conheces de lado nenhum para pensar assim." mas decidi ficar calada. A verdade é que eu sabia que se eu o perdesse a ele, ou a qualquer outra pessoa que agora está comigo, provavelmente também não iria aguentar. Chegámos ao ponto que, por causa do que está a acontecer, até um estranho nos faz sentir fracos e mortos. Porque ver alguém a sofrer não é fácil, muito menos quando sabemos que essa pessoa está a lutar pela vida e a perde porque quem lhe tira a vida foi demasiado cobarde para se suicidar. Eu acho que, se fosse mordida, era incapaz de querer ficar para fazer os outros sofrer. Já me bastava o que iria sofrer o meu irmão e os meus amigos, não queria que ninguém sofresse nas minhas mãos, ou neste caso, nos meus dentes.
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Long Way Home (parada)
Teen FictionZoey sempre teve uma vida normal ao lado do seu irmão mais velho Ashton e os seus pais. Era a típica rapariga que passava a vida a queixar-se de ter de ir às aulas, ajudar nas tarefas domésticas e discussões com os pais. No entanto, quando começa a...