Acordei a ouvir gemidos a meu lado. Agarrei depressa na faca e empunhei-a para o lado, carregando euforicamente no botão do telemóvel para ter um fio de luz. Comecei a sentir a pulsação a acelerar, como se tivesse o coração na boca. Olhei para Luke e suspirei de alívio quando percebi que ele estava apenas a dormir, provavelmente com um pesadelo. Abanei-lhe o braço com força e ele abriu rápido os olhos, assustado.
- O que é que está a acontecer?! - apoiou-se nos cotovelos a tremer.
- Calma, está tudo bem. Estavas a fazer barulhos esquisitos e eu assustei-me. - respondi ainda a recuperar do susto.
- E acordaste-me porque estavas assustada? - sentou-se, falando rudemente.
- Olha peço desculpa se pensava que tinhas virado zombie a meio da noite e me podias atacar a qualquer instante. - respondi da mesma moeda, voltando a pôr a faca no sítio ainda a tremer de medo e adrenalina.
- Pronto, peço desculpa se te assustei.
- Agora não vale de nada não é. Argh que raiva que tu me dás, salvam-te a vida não sei quantas vezes e ainda és bruto como sei lá o quê! - deitei-me de novo, virando-lhe as costas.
- Tu também não podes dizer grande coisa sabes? Também já te salvei a vida e continuas a ser a mesma cabra! - gritou-me.
- DESCULPA?! CONTINUO A SER A MESMA QUÊ? - levantei-me de um salto e olhei para ele incrédula. - Nem sei porque me dou ao trabalho de me preocupar contigo. - dei-lhe um pontapé no estômago, não querendo saber se lhe doía e abri a porta rapidamente, trancando-a atrás de mim.
Luke ainda bateu com força na porta mas ninguém ouvia, apenas eu. Todos continuavam a dormir, visto que as portas não deixam passar o som. Ele encostou-se à parte de vidro e olhou para mim em jeito de desculpa, mas não me comovia. Deixei a chave do lado de fora e corri para fora do pavilhão, tentando fazer o menor barulho possível para não acordar ninguém. Saí dali fazendo planos para só voltar quando o Sol se levantasse, ou talvez um pouco depois disso. Precisava de descanso para poder pensar em tudo, e manter Luke longe da minha cabeça de uma vez por todas.
Ashton
Acordei com o Sol a bater-me na cara, pois tinhamo-nos esquecido todos de fechar os estores. Toda a gente estava ainda a dormir, por isso sentei-me a comer uma sandes que ainda tinhamos nas mochilas espalhadas pela sala e lembrei-me que a minha irmã se tinha fechado numa sala com um tipo que poderia muito bem se ter transformado num zombie.
Levantei-me assustado com o rumo dos meus pensamentos e dirigi-me à porta da sala onde eles tinham ficado para dormir.
- Zoey? Já estás acordada? - sussurrei, mas não ouvi nada.
Bati à porta e vi Luke pelo vidro a levantar-se e a gritar qualquer coisa, mas não emitia som absolutamente nenhum. Ao menos estava com um aspecto normal. Fez gestos apontando para o chão, e aí percebi, quando olhei para onde ele apontava, que tinha razões para estar assustado: a chave que supostamente devia estar do lado de dentro estava agora depositada no chão.
Abri rapidamente a porta e entrei para dentro da sala, observando que a minha irmã não se encontrava lá.
- O que raio aconteceu?! Onde está a minha irmã? - a raiva apoderou-se de mim.
- Eu... Eu não sei para onde ela foi! Ela saiu daqui irritada comigo e foi-se embora a correr, trancando-me cá dentro.
- O que é que tu lhe fizeste?! - cerrei o punho, tentando-me controlar. Se acontecesse alguma coisa à minha irmã ele iria pagá-las.
Luke olhou para os pés e percebi que estava constrangido.
- Eu chamei-a de cabra.
- Tu o quê?! - avancei para ele, elevando a voz.
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Long Way Home (parada)
Teen FictionZoey sempre teve uma vida normal ao lado do seu irmão mais velho Ashton e os seus pais. Era a típica rapariga que passava a vida a queixar-se de ter de ir às aulas, ajudar nas tarefas domésticas e discussões com os pais. No entanto, quando começa a...