- O que é que ela fez?! - perguntei a sussurrar, sentando-me em cima do meu saco de cama, dando palmadas a meu lado para Luke se sentar lá.
Luke sentou-se e olhou para o vazio.
- Nós fomos até à casa dela, como tu sabes. Mas afinal os pais dela estavam lá, ela mentiu-nos. Ela é muito rica, e só não andava num colégio privado porque os pais gostam de mostrar a riqueza e de se destacar, e como é óbvio num colégio privado ela seria apenas mais uma de muitas meninas ricas. Quando lá chegámos, os pais dela estavam à sua espera num helicóptero. Ela entrou e foram embora.
- E não foste com eles porquê?
- Achas que com o fim do Mundo eles querem mais uma boca para alimentar? Já quererem a filha é muito. Mas ela nem pensou duas vezes antes de se meter no helicóptero, e ainda teve a lata de me desejar boa sorte! Só me quis como guarda-costas para chegar lá sem um arranhão, e eu feito parvo ainda acreditei que ela apenas queria ir buscar algumas coisas e compreendi. Ainda pensei que ela tivesse alguma compaixão, percebes? Estou com uma raiva que tu nem sequer imaginas! - Luke deu um murro no chão, mas nem assim acordou os outros.
- Tem calma. Ela foi uma cabra, mas tu chegaste aqui vivo e isso é que interessa. E está tudo bem contigo? Não foste mordido? Nem seguido?
- Até lá fomos devagar, matei ainda alguns bichos daqueles. Mas para cá vim praticamente a correr, não quis sequer esperar para matar nenhum.
- Fechaste o portão não fechaste?
Ele abriu imenso os olhos, não precisando de dizer nada para eu perceber.
- Tens de começar a pensar! - falei um bocado alto demais, mas ninguém acordou, fazendo-me suspirar de alívio.
Agarrei numa das melhores lanternas que tínhamos trazido e numa das pás e comecei a descer as escadas, depois de examinar se o caminho estava livre. Infelizmente já se encontravam uns três zombies a entrar pelo portão, mas a nossa sorte era que a rua estava quase vazia.
- Onde pensas que vais sem mim?! - Luke aterrou das escadas no chão a meu lado, seguindo-me.
- Tenho de fechar o portão! Amanhã iremos limpar o recinto todo mas não podemos permitir que entrem mais. Daqui a nada parece que temos mais zombies que chão e isso não vai ser nada agradável! - comecei a andar para a frente, sendo parada por ele, que me deu a mão. - Que pensas que estás a fazer?!
- A zelar pela tua protecção. Não saias de perto de mim. - ligou outra lanterna e assumiu o controlo, indo em frente, contra os zombies. - Preciso que me ajudes nisto.
- Então larga-me a mão burro! - larguei-lhe a mão e suspirei fundo, atirando com a ponta da pá em cheio na cabeça de um daqueles monstros horríveis, fazendo com que o seu cérebro esponjoso se espalhasse pelo chão. Não tive tempo para reagir porque outro vinha já em minha direcção e, sem saber bem como, me atirou ao chão. Luke desta vez não estava perto para me salvar, mas sim a fechar o portão. Agarrei nos dois lados da pá e com toda a força que tinha empurrei o zombie para o chão, com ajuda da força das pernas. Debrucei-me sobre ele e dei com força na sua cabeça com o cabo da pá, esmagando-lhe o cérebro.
Levantei-me rapidamente e corri até ao canteiro e vomitei.
- A fertilizar a terra Zo?
- Já te disse que para ti sou Zoey. Achas que as casas-de-banho ainda têm água? Acho que preciso de lavar a boca...
- Vamos lá ver. Mas estás bem? - olhou-me de forma preocupada.
- Sim, estou bem. Aquilo é simplesmente nojento. - apontei para o que restava do zombie que tinha acabado de matar. Na altura que ainda estava morto-vivo, parecia uma mulher adulta, mas agora pedaços nojentos do seu cérebro estavam espalhados pelo chão, com um sangue tão vermelho-escuro que quase mais parecia preto e, sem exagerar, parecia mesmo que estavam a sair minhocas de dentro do esqueleto.
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Long Way Home (parada)
Teen FictionZoey sempre teve uma vida normal ao lado do seu irmão mais velho Ashton e os seus pais. Era a típica rapariga que passava a vida a queixar-se de ter de ir às aulas, ajudar nas tarefas domésticas e discussões com os pais. No entanto, quando começa a...