"The way you move is like a full on rainstorm
And I'm a house of cards
You're the kind of reckless that should send me running
But I kinda know that I won't get far
[...]
I'm captivated by you, baby, like a fireworks show
[...]
Get me with those green eyes"
Sparks Fly, Taylor Swift
Birmingham, Inglaterra, 1924
Parecia que a ressaca do casamento estava durando o mês todo. Maria Clara se sentia desanimada e irritadiça. A cereja do bolo de seu infortúnio foi que, uma semana antes de um evento importantíssimo dos Shelbys, sua regra resolveu chegar.
Meu Deus, ela estava a ponto de surtar. O vestido que planejara usar no jantar de caridade dos Shelby era branco! E não tinha uma segunda opção de traje!
Tinha como ser mais azarada?!
Mexendo em suas roupas, encontrou uma caixa delicadamente escondida ao fundo. Quando sua mãe trouxe tudo o que tinha, ela não imaginou que traria exatamente tudo. Abrindo o pacote, quase teve uma crise de choro. O vestido do noivado de João Antônio – que anos atrás fora proibida de usar por ser jovem demais, solteira e a peça ser escandalosa por si só – estava delicadamente embrulhado em um tule bem clarinho, fazendo o verde parecer mais suave. Marie o retirou dali, esticando-o no alto para ver o modelo inteiro.
-Ah, caramba! – ela balançou a cabeça, desacreditada. – meu robe-sylphide!
Criado por Jeanne Margaine-Lacroix, a moda Directoire nada mais era que usar um vestido justo, marcando a cintura, o quadril e o busto. Sua costureira no Brasil havia viajado para Paris em 1902 buscando novidades, e voltou encantada com a ousadia de Madame Lacroix. Quando Marie ficou mais velha – aos 17, em 1920 – e o noivado de João foi anunciado, a mulher continuava apaixonada por aquela invenção francesa... Como tinha conhecimento do espírito "moderno" (mas reprimido) da menina, sugeriu que criassem um robe-sylphide adaptado em renda verde esmeralda e forro verde escuro, tons que ficavam lindos nela. Mesmo sabendo que a família provavelmente não a deixaria usá-lo, Marie concordou sem hesitar – por via das dúvidas, pediu um vestido reserva "normal" em tom pêssego.
Apesar da linda peça branca que tinha escolhido para o baile, o robe-sylphide o superava! E agora, mais velha e sem a presença dos pais, não havia muita coisa que a impedisse de usá-lo.
Rezando para ainda caber naquela numeração (ao certo havia emagrecido um pouco desde que chegara na Inglaterra – pela comida não tão saborosa que consumia), ela despiu-se do pijama e iniciou o trabalho de provar seu maior xodó.
O tecido caiu como uma luva, delineando seu corpo de uma maneira que, antigamente, não o tinha feito. A pedraria bordada até perto do joelho brilhava em harmonia com o forro e o finíssimo cinto embutido em seda esmeralda; o decote em "coração" evidenciava seu busto de forma delicada e sutil. Virando-se meio de lado, Maria Clara observou o decote em "V" nas costas, os botões que eram o fecho... E, mais embaixo, sua bunda parecia redonda e empinada, mesmo que o vestido estivesse aberto. Rindo incrédula, deu uma volta em frente ao espelho.
Ela se sentia tão feminina! Tão bonita!
Satisfeita com o resultado, Marie chamou a campainha do quarto e esperou que sua dama de companhia aparecesse. Teve muita sorte que Ana Vera não quis voltar ao Brasil e aceitou ficar na Inglaterra para ajudá-la... Não tinha certeza se se acostumaria à uma aia inglesa.
-Marie? – a mulher enfiou o rosto para dentro, cerca de cinco minutos depois.
-O que acha, Ana? – indicou o vestido.

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Lover
FanfictionUma aposta. Uma gangue. Uma empresa. "Eu te amei por três verões agora, querido Mas quero todos eles Posso ir aonde você vai? Podemos estar sempre assim tão perto? Para todo o sempre Me leve para sair E me leve para casa Você é meu amado" Lover - Ta...