Besh

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"Ladies and gentlemen, will you please stand?
With every guitar string scar on my hand
I take this magnetic force of a man to be my lover
Look in my eyes, they will tell you the truth
The girl in my story has always been you
I'd go down with the Titanic, it's true, for you, lover
And you'll save all your dirtiest jokes for me
And at every table I'll save you a seat, lover "
Lover, Taylor Swift (ft. Shawn Mendes)


Birmingham, Inglaterra, 1924

Por algumas horas, ambos permaneceram em silêncio. Marie respeitou o momento de Michael, não o pressionando com perguntas... Até porque não se sentia preparada para ouvir as respostas. Depois de tomar banho, ele se deitou e esperou Marie retornar para o quarto com uma generosa fatia de bolo de frutas vermelhas e um uma garrafa de conhaque.

-Porque hoje é um dia especial, irei dividir meu bolo com você. – ela abriu um sorriso suave.

-Todos os dias ao seu lado são especiais, milady. – seu tom jocoso carregava uma nota de carinho, em complemento ao olhar divertido que lhe lançava.

-Não vai ganhar muita coisa me adulando, Michael.

-Que pena. – piscou, o rosto ainda brincalhão.

-Preferi não trazer copos, acho que será interessante se bebermos logo no bico; pode ser nosso ritual de comemoração. – ela lhe entregou o brandy.

-Que indecoroso, Vossa Graça. Mas, se me permite a pergunta, o que estamos comemorando?

Pausando, Marie o encarou estupefata.

-Como assim o que estamos comemorando?! – questionou retórica. – é claro que é você! Sua carta de alforria, sua vida, seu futuro.

-À Marie! – ele ergueu a garrafa já aberta. – minha vida, meu futuro. – sorriu e tomou um gole.

O coração da brasileira acelerou e suas bochechas atingiram um tom de carmim numa velocidade recorde. Apesar do sorriso tímido, seus olhos se encheram de lágrimas e ela teve a certeza que jamais se sentiria tão importante assim. Estava estragada para todos os outros, não havia possibilidade de qualquer outro homem se igualar à Michael.

-À você, milorde. Por tudo o que foi, tudo o que é e tudo o que será. – pegando o conhaque dele, o imitou. – e, principalmente, por ser meu. – ela virou o líquido, sentindo o ardido aquecer sua garganta. – eu não gostaria de possuir mais ninguém.

Michael se ergueu, a mão masculina segurando o queixo de Marie. Aquela mesma mão que matara uma pessoa, quando voltada para sua futura esposa, só conheceria carinho e adoração.

-E eu não gostaria de pertencer a ninguém mais. – finalizou a frase roubando um beijo.

Apesar da boa intenção, o bolo e a bebida foram esquecidos por algum tempo.


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Birmingham, Inglaterra, 1924

Assim como no início do ano, a família Barbosa Veloso Alighieri de Resende desembarcou na Inglaterra para o casamento de sua caçula. Desta vez, no entanto, vinha completa.

Michael estava agradecido por seus machucados terem curado antes da chegada dos futuros sogros e cunhados, pois seria muito difícil explicar a qualquer um sobre sua natureza. Também estava satisfeito por a cada dia parecer mais distante do pesadelo que passara naquele domingo. Conversara rapidamente com Marie sobre o acontecido, mas o desconforto do tema fez o assunto ser breve; porém, sua noiva o consolou e disse que "os fins justificavam os meios" e que "não só ela, como todas as outras crianças órfãs eram eternamente gratas à coragem dele". Michael sabia que, no fundo, Marie estava assustada, porém a admirou por colocar o bem-estar dele à frente de seu medo... Outra vez, sua guerreira o conquistava.

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