Deshtashov

476 33 45
                                    

Religion's in your lips
Even if it's a false god
We'd still worship
We might just get away with it
The altar is my hips
Even if it's a false god"

False God, Taylor Swift


Birmingham, Inglaterra, 1924

"Preciso de você."

Ele havia dito que precisava dela.

Dela.

Precisava.

Dela!

Então, porque provavelmente estava com cara de tola apaixonada, compensou com o ultimato.

-Se você ficar, Michael... Se vamos tentar, tem que ser sério. É meu último voto de confiança, a última chance que estou disposta a dar. – quis completar com um "pelo bem de meu coração e minha sanidade", porém se freou. Não tinha que evidenciar o quão rápido o perdoara.

-Amanhã mesmo falarei com Tommy.

-Desculpe? Para quê?!

-Se Lorde Nicholas pediu permissão para te cortejar, eu devo fazer o mesmo, não?

Aquele era o momento ideal para lhe contar que tudo não passava de um grande plano, mas, como ainda estava insegura sobre Michael, resolveu se manter calada.

-Você não vai ter vergonha de falar com ele?

-Claro que vou, mas... – Michael deu de ombros, deixando a frase sem final para dar um ar despreocupado, tranquilo (bem diferente de como se sentia). – e então? Posso entrar?

Ela suspirou, derrotada.

-Pode.

-O que estava fazendo antes de eu aparecer? – perguntou ao passar para dentro.

-Respondendo cartas e convites, organizando a agenda da Shelby Company e comendo bolo.

-Bolo de quê?

-De pêssego com creme inglês. – ela apertou os olhos. – por quê?

-Por nada. – Michael segurou um sorriso, achando adorável como Marie detestava dividir qualquer comida doce. – e como foi com Esme?

-Acho que normal?! Igual um parto deve ser: cheio de sangue, gritos e pessoas aflitas.

-Não me parece nada normal. – os dois subiram as escadas. – demorou muito?

-A neném chegou depois do almoço. – ela parou em frente a porta do próprio quarto. – talvez seja melhor você aguardar na biblioteca... Não é adequado ficar aqui.

-Como se nunca tivéssemos ficado sozinhos em um quarto. – Michael cruzou os braços, cínico.

-Agora é diferente. – ela corou.

-Por quê?

-Porque você não é um cavalheiro e estamos tentando, não? Isso pode deixá-lo mais inclinado a ser indecoroso... – a primeira parte da frase era verdade, a segunda era apenas uma improvisação. – além disso, não quero você cheirando a cigarro aqui.

-Vou ter a delicadeza de não comentar sobre suas suposições... Exceto lembrá-la de que não é necessário estar em um quarto para se comportar como um canalha.

-Ou toma banho ou fica de fora. – ela ignorou a veracidade da observação dele.

-E como sugere que eu me vista depois do banho?! Com a mesma ro... – Michael se calou de súbito, os olhos atingindo um brilho de pura picardia. Quando Marie compreendeu a linha do pensamento dele, seu rosto ficou dez vezes mais vermelho. – ora, e eu sou o indecoroso?!

LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora