Lover

Shov

"He got my heartbeat skipping down 16th avenue
Got that, oh, I mean
Wanna see what's under that attitude like
I want you, bless my soul"
I Think He Knows, Taylor Swift

Birmingham, Inglaterra, 1924

O dia estava sendo atarefado. Michael mal voltara de Londres e já estava a caminho da Shelby Company para realizar os pagamentos. Não é que Maria Clara fosse incapaz disso, mas Tommy orientara para jamais deixá-la com dinheiro e sozinha perto de homens.

Quando chegou ao escritório, Lizzie não estava em sua mesa e a porta da sala de Marie estava fechada. Ele rolou os olhos, já sabendo que as duas estavam chá com biscoitos como se não tivessem que trabalhar. Se aproximando para acabar com a alegria das moças, foi parado pelo que ouviu ao ficar frente a frente com a madeira.

-Seu primeiro beijo?! – a pergunta veio alta e regada de surpresa.

-Shh! Pelo amor de Deus, Lizzie!

-Nós deveríamos estar tomando champanhe, não chá. E então? Como foi?

Michael sorriu malicioso.

Então estavam fofocando sobre aquilo? Indiretamente sobre ele?

-Estranho. Muito estranho! Eu não sabia o que fazer e entrei em pânico, mas... – houve uma pausa. – você vai achar patético, porém... Foi glorioso, ao mesmo tempo. Era como se eu o sentisse por todo o corpo e a forma como ele me segurava... – Michael pensou ter ouvido um suspiro. – aí me dei conta de que, bem, fui beijada por um homem, sabe? Um homem com H maiúsculo. Meu primeiro beijo, e foi com Michael! E agora, a situação...

Ele não pôde terminar de ouvir a frase, porque alguém o cutucou, assustando-o. Ao se virar, viu que era Isaiah e pediu silêncio, arrastando-o para a entrada do escritório e começando a andar novamente para dentro, só que fazendo barulho.

-O que deu em você, Micky? – Isaiah franziu o cenho.

-Depois conversamos. – sussurrou. – o que está fazendo aqui, Isaiah? – perguntou mais alto do que deveria, em frente a porta de Maria Clara.

Em menos de três segundos a brasileira apareceu, escancarando a porta e botando metade do corpo para fora. Quando o viu, arregalou os olhos.

-De onde surgiu? Você não deveria estar em Londres?

-Olá, milady. É um prazer revê-la. – Michael se curvou, debochado. – e sim, deveria. Porém, como sou muito competente, terminei mais cedo e voltei a tempo de fazer os pagamentos.

-N-não precisava. – ela pigarreou. – chamei Isaiah para me acompanhar, porque pensava que...

-Chamou Isaiah?

-Ora, chamei. – Marie cruzou os braços, começando a se irritar. – não era justo deixar os trabalhadores esperando até amanhã.

-Entendi. – ele encarou o amigo. – por que você não leva Marie para o pub e eu os encontrarei em uma hora? Creio que já lidou com as mulheres, certo? – seu olhar voltou à brasileira.

-Sim, já. Lizzie era a última. – indicou alguém atrás. – e não posso ir ao pub agora, Mr. Gray, o expediente ainda não acabou. Isaiah, me acompanha?

-Ele vai comigo então e você fica aqui com Lizzie, eh?

-Claro que não! – ela retrucou. – por que eu não poderia ir?

-Confesso que prefiro vocês dois de segunda. – Lizzie passou pela porta, sorrindo divertida.

-O que teve segunda? – Isaiah questionou.