Panch

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"This is falling in love in the cruellest way
This is falling for you"

Come back... Be here, Taylor Swift


Wadbury Park, Mendip Hills, Somerset, Inglaterra, 1924

O ignoraria.

Era isso. Estava decidido.

Não havia como lidar com o assunto de outra forma. Maria Clara não tinha a mínima coragem de encará-lo depois do que aconteceu. A situação estava acima do ridículo... Pior que patética.

Fazia algum tempo que saíra do pomar e estava enclausurada no quarto, morrendo de fome e vergonha. Ana Vera se prontificou a descer e requisitar que o almoço fosse levado até ela, alegando que Marie estava com uma crise de enxaqueca repentina. Não era tão longe da realidade, porém a enxaqueca da brasileira tinha nome, sobrenome e uma boca maravilhosa.

Batidas ocas e decididas soaram da porta.

Ela ignorou e continuou a pentear o cabelo, porque se fosse Ana Vera, entraria sem bater.

Mais batidas, dessa vez altas e fortes.

A pessoa provavelmente quebraria a porta com tanta força.

-Maria Clara.

Tinha como ficar pior, não tinha? Sua vida amorosa era aquele clichê mal escrito.

-Maria Clara, você tem cinco segundos para abrir.

Ela puxou o ar, apertando o cabo da escova para aliviar o nervosismo. Por que o destino não a poupava da humilhação? Será que era uma menina tão má que merecia sofrer assim?

Michael entrou, agradecendo aos céus por não estar trancada, já que não tinha ânimo para quebrar a madeira. Maria Clara estava de costas para ele, mas seu rosto era refletido no espelho da penteadeira... E a expressão indicava apenas pânico. A mesma cara que fez quando parou de beijá-la e finalmente entendeu o que havia acontecido.

Era divertido, para ser sincero. Nunca imaginara que Marie ficaria tímida com ele, ou que tivesse vontade de beijá-lo. Muito menos que nunca tivesse sido beijada.

-Mrs. Pearson está preocupada e fazendo o maior alvoroço, já mandou mudar o cardápio duas vezes com comidas leves... E chamou um médico.

-Ela fez o quê?! – Marie se virou para ele, chocada.

Péssima ideia.

Sua atenção grudou como imã nos lábios de Michael, e então reviveu toda a cena do pomar.

-Chamou um médico.

-Ai meu Deus!

-Por que a surpresa? – questionou. – o que é que você tem? Hoje cedo estava completamente bem, e de repente, enxaqueca e falta de apetite?

Ela queria que a Terra se abrisse e a tragasse. Por que Mrs. Pearson tinha que ser tão louca?!

-Escuta Michael, não estou doente! – rolou os olhos, irritada e envergonhada. – acontece que não queria descer agora, mas iria aparecer pela noite. Tem como você despachar esse médio e controlar aquela senhora, por favor?!

Ele gargalhou, piorando a situação.

-Não acredito que inventou isso!

-Você vai me ajudar ou não?

-O que vou ganhar em troca?

-Fazer o bem sem olhar a quem já não é o suficiente?! – Marie perguntou exasperada.

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