Enna

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"Your love is a secret I'm hoping, dreaming, dying to keep
Change my priorities
The taste of your lips is my idea of luxury
(...)
And all at once, you are all I want"

King of my Heart, Taylor Swift


Ralston Park, Woodnesborough, Kent, Inglaterra, 1924

Apesar de John ter se oferecido para buscá-la, Michael recusou. Mesmo que Marie não quisesse vê-lo nem pintado de ouro, estava na hora de encerrar suas "férias". Ele talvez teria lhe dado mais tempo, porém algum inimigo de Tommy se envolveu indiretamente na equação e agora, com o primo hospitalizado e todo machucado, Maria Clara deveria assumir seu lugar na Shelby Company – ela era muito boa em lidar com estes pequenos imprevistos.

Não obstante, tinha necessidade em vê-la. Queria saber como estavam as "coisas" com Lorde Nicholas e se seu beijo a afetara como havia planejado. Ainda podia visualizar os olhos assustados e sentir a respiração errática de quando a agarrou; lembrava-se com exatidão da boca rosada e inchada, do quase inaudível gemido que escapou quando a soltou – e, claro, sempre que evocava tal cena, ele abria um imenso sorriso de pura satisfação. Ana Vera, coitada, parecia uma estátua, muda e apática, quando se virou para ir embora, sem pedir desculpas ou se explicar. Ao voltar para casa, abriu uma garrafa de conhaque e ficou rindo sozinho por quase duas horas... Sentia-se um rei, ou quem sabe, um imperador.

Sua felicidade pelos acontecimentos daquela segunda-feira foram o suficiente para mantê-lo de bom humor durante toda a semana, mesmo quando teve que lidar com o aborto de Charlotte e o quase-assassinato de Tommy. Sim, estava em uma estrada do Kent em pleno sábado à tarde, mas não conseguia se importar menos... A careta que Marie faria ao vê-lo seria impagável!

O Condado de Tumblewood era exatamente como imaginou: verde, pacato e elegante. Ralston Park, a casa do conde, pouco diferia de Tumblewood House em Londres, exceto pelo tamanho e excesso de plantas – completamente normal, levando em consideração que era uma fazenda.

Descendo do carro, logo foi recebido por um mordomo.

-Boa tarde, sou Michael Gray. – entregou um cartão de apresentação. – preciso falar com Lady Marie Barbosa urgente, diga a ela que é sobre Tommy Shelby.

Um lacaio o acompanhou até o salão de visitas. Sem muito o que fazer enquanto aguardava, Michael gastou o tempo observando a paisagem pela janela. Havia um belo jardim com uma fonte central, e ao fundo, pelo tanto de árvores, imaginava que ali teria um lago. Sua mente viajou até certo lago, localizado na casa de campo dos Pearson, e no que havia ocorrido nele. O arrepio de satisfação ao se lembrar daquele momento foi inevitável; ah, como adorava ter Maria Clara toda disposta e envolvida por suas carícias. O mordomo voltou acompanhado de uma governanta, oferecendo-lhe chá e dizendo que Lady Barbosa se reuniria com ele em quinze minutos. Educado, agradeceu e aceitou a bebida.

Quase dez minutos depois, Michael já tinha mapeado praticamente todo o jardim na cabeça, de tanto encará-lo. Ouvindo passos, se virou a tempo de vê-la atravessar a porta, o traje de montaria com calça e um pequeno chapéu em mãos. Seu rosto corado e o cabelo bagunçado indicavam que estava chegando do passeio agora.

-Mr. Gray.

-Marie. – Michael sorriu.

-O que aconteceu?

-Você não acha melhor se sentar? Não é uma notícia agradável. – acenou para a poltrona que havia ocupado pouco antes. – aceita chá?

-Não, obrigada. Pare de enrolar; o que foi? – apesar da resposta grosseria, Marie estava preocupada. Sentando-se, manteve a postura ereta e os olhos fixos no britânico.

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