Deshtapanch

467 41 23
                                    

"And maybe I don't quite know what to say
But I'm here in your doorway

I just wanted you to know
That this is me trying
I just wanted you to know
That this is me trying"

This is Me Trying, Taylor Swift


Londres, Inglaterra, 1924

Michael não fizera metade do que havia se proposto e Tommy não estava nem um pouco feliz com aquela situação... Porém, reconhecia que o "Shelby" mais novo passava por uma fase conturbada e que seu comportamento era atípico. No entanto, encontrava-se muito surpreso com a intensidade (e dimensão) dos sentimentos do primo por Maria Clara.

Não mais do que a própria brasileira, claro.

Marie se beliscava de cinco em cinco minutos, como se vivesse em um sonho. Ela passou o resto do baile de Stanford transitando entre o choque e a paixão – por mais patético que aquilo pudesse ser. Sabia que não deveria perdoá-lo apenas por ouvir frases bonitas, mas... E se?

E se não o perdoasse rapidamente e ele desistisse dos dois?

E se não o perdoasse e ele encontrasse alguma outra mulher?

E se não o perdoasse e só perdessem o tempo que poderiam estar juntos?

Ela narrou os acontecimentos da noite aos amigos logo no café-da-manhã, e como sempre, Nick tinha uma saída: que esperasse o fim da visita à Galeria Real, no sábado.

Dizer que a sexta-feira demorou a passar era constatar o óbvio. Apesar de Edward e Thea terem sugado boa parte de sua atenção ao longo do dia, Marie, algumas vezes, deixou que sua mente vagasse para Michael e todos os momentos que tinham vivido até então. Seria possível que o encantara de verdade?! Que ele estivesse apaixonado por ela também?

"Brinquei com seus sentimentos porque tive medo dos meus."

"Acredito que o amor seja um empecilho para minha imagem, um atraso nas minhas ambições... Ou acreditava... Até você."

"Você é formidável, e me envergonho de não ter percebido rápido o suficiente. Receber seu coração foi, provavelmente, a melhor coisa que me aconteceu em anos."

Corava só de pensar. Era surreal, não fazia o mínimo sentido!

Mas o amor nunca fora algo muito lógico, se analisasse bem.

Ansiosa para se distrair, ela caminhou até a biblioteca dos Tumblewood e buscou algum livro para ler. Infelizmente, o destino adorava rir de sua agonia, pois as obras que estavam fora das prateleiras eram as de Jane Austen... E Michael lera Abadia de Northanger – algumas vezes até fizera comentários sobre o livro com ela! Por Deus, como a vida era esquisita.

Levando em conta a exposição que visitaria, Marie desistiu de romances e se focou em alguma literatura voltada para as Índias.


A Galeria Real estava tão cheia que foi quase impossível para o grupo se manter unido e escutar os relatos de Lorde Nicholas sobre sua estadia na colônia. Dificultava também que Stanford estivesse junto, porque atraía a atenção de outras damas que começavam a segui-lo pelo espaço. Apesar de todo a multidão, Michael teve pouquíssima dificuldade para encontrar Maria Clara... Sua única surpresa era vê-la apenas na companhia de Nick, ou seja, longe dos outros.

Ele havia ponderado se visitava a exposição; ponderara se era a melhor opção aparecer em todos os lugares que Marie pudesse estar. E, mesmo após muito debate interno, o que venceu foi a necessidade absurda de vê-la – não se importava que precisava fazê-lo de longe, nem que deixara a Shelby Company em segundo plano, menos ainda que irritara o primo ao se portar daquela maneira desleixada. Antes, preocupara-se tanto com a improdutividade do amor, havia criticado inúmeras vezes todos os homens apaixonados por manterem suas cabeças nas nuvens... E agora fazia igual. Pior ainda! Fazia-o voluntariamente.

LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora