Mecanismo epigenética

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Ohana:

Os primeiros dias foram cansativos, e Larissa acompanhou-me em todos eles. Vinha dando o máximo de si e eu conscientemente notava isso. Havíamos feito inúmeros exames, e o resultado positivo afirmava que era viável uma gestação em meu útero. Não havia nenhuma irregularidade hormonal, tão pouco depreciativo que me impedisse de gestar uma criança.

Era uma manhã de quarta-feira, quando saímos do consultório médico. O óvulo fertilizado de Larissa havia sido transferido para o meu útero. Um mecanismo de epigenética aconteceria, onde a expressão dos genes seria alterada e a criança consequentemente teria características minha e dela.

Era algo complicado, entretanto de surpreendente resultado. O procedimento começou com uma fertilização in vitro, em que os óvulos de Larissa foram coletados e colocados junto ao esperma de um doador. Ao invés do material genético ser colocado em um incubador, como praticado a anos, ele foi depositado em um dispositivo adequado e posto de volta no corpo de Larissa. E lá ficado por 5 dias, que é quando as primeiras etapas do período embrionário acontecem.

E quando fizeram a retirada deles, após esses cinco dias. Removeram o dispositivo em que estavam, e congelaram os embriões que não seriam utilizados no momento.

Era incrível a forma como o corpo feminino era capaz de ser um perfeito incubador de forma natural, e tão eficiente como uma máquina.

E finalmente, depois desta primeira etapa, foi a vez do embrião ser implantado em mim. Larissa o carregou por 5 dias, em um momento crucial. E agora então, eu carregaria nossa criança até o fim da gestação. Afinal o processo tinha dado certo, na nossa primeira tentativa.

-Larissa: Quer ir pra casa? - questionou baixo assim que saímos do estacionamento e então respondi positivamente.

(...)

Ao entrarmos em casa, ouvimos a gritaria de Ohara que ao visualizarmos sua fisionomia, notamos a euforia e fúria que a dominava.

-Ohara: Mamãe eu posso xingar? - ela questionou-me em euforia, com um tom desregulado.

Mantive-me silenciosa sem ao menos entender o que acontecia. Larissa ao meu lado carregava a mesma expressão, diferentemente de Tommy, Lexa e Camila que sentados ao sofá carregavam sorrisos.

-Ohara: Mamãe eu posso xingar?! - questionou como outrora, com o tom mais desregulado ainda.

-Ohana: Ok, tudo bem. - permiti antes de involuntariamente sorrir de todo seu atrevimento.

-Ohara: LAUREN, SUA FILHA DA PUTA. - a garota gritou em completo estresse, estava eufórica, irritada.

"Ei!" Repreendemos juntas, afinal Lauren era nossa filha e esse xingamento remetia também a nós. O que gerou sorrisos da nossa família na sala. Notei Lauren no topo da escada, descabida de paciência qual insistentemente irritava a irmã mais nova. Seus olhos verdes como os da gêmeas brilhavam, e seus cabelos escuros agora estavam soltos.

-Lauren: Para de gritar, Ohara! - pediu com um sorriso provocador.

Agachei-me para ficar da sua altura e então abri os braços para que a garota viesse até mim. Rapidamente o fez, e então escondeu o rosto do meu olhar questionador. Suas mãozinhas envolveram meu pescoço e suas pernas envolveram minha cintura.

-Ohana: O que aconteceu? - questionei baixinho enquanto Lauren olhava-nos atenciosa. - Quer conversar?

-Ohara: Não foi nada demais, só me irritou. - revelou em um sussurro, qual somente nós duas podíamos ouvir. - Onde estavam? Fiquei com saudades. - disse um pouco mais alto, para que Larissa ouvisse.

 𝕃𝕒 𝕄𝕒𝕣𝕗𝕚𝕒 - Ohanitta Onde histórias criam vida. Descubra agora