Capítulo 18

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Tudo bem...Órion estava nervoso... E não sabia porquê dessa sensação... Era a primeira vez que sentia tantas emoções ao mesmo tempo... depois de... Íris.

Desde ontem ele mal conseguia dormir, pensado se Amália estava passando frio...Se tinha comido bem...já que era tão magrinha. Será que Denise contava histórias pra ela antes de dormir? Será que ela chorava sozinha no escuro, sem ninguém pra consolá-la? Será que já ganhou alguma boneca na vida?... Porque ele estava tão preocupado? Ele já conhecera tantas crianças com passado difícil, e sempre se sensibilizava e tentava ajudar...Mas nunca havia sentido algo tão desorientador quando encarou aqueles olhos azuis e o chamou de papai...Foi como se um raio tivesse o atingido...e ele não sabia como voltar ao normal...

Órion respirou fundo...e bateu na porta de Denise. A casa era tão simples que parecia um casebre... Ele não queria pensar como era enfrentar o frio à noite...

A porta logo se abriu, e Denise deu um sorriso hesitante.

- Pode entrar... Órion.

- Obrigado. – disse ele sem graça. E entrou na casa...

Era tudo simples, mas limpo. Não tinha muitos móveis, só o suficiente pra comer e se deitar. Mas na casa havia pelo menos uma cozinha que também era sala, dois quartos, e um banheiro, pelo que ele pode notar.

- Ela mal conseguiu dormir a noite de tanta empolgação – disse Denise sorrindo e Órion sorrindo de volta tão ansioso quanto... – Amália! Seu príncipe chegou! Venha querida.

Amália apareceu andando devagar até onde Órion estava. Ele percebeu que embora o vestido era de um tecido bem inferior, era gracioso nela. O vestido de veludo vermelho, tinha mangas cumpridas, e flores brancas em todas as bainhas. Ela usava uma meia calça branca, e sapato pretos de boneca.

-  Você parece uma boneca – disse Órion, e Amália ainda com o dedão na boca sorriu, e espontaneamente foi até ele já pegando a sua mão.

Órion sorriu surpreso mediante a situação, e Denise falou:

- Sei que não deveria dizer isso...Mas... – ela olhou de um pra outro – Vocês são muito parecidos...Se eu não tivesse visto o parto dessa pequena, estaria confusa nesse momento.

Órion sorriu sem graça, e disse:

- Acredite em mim...Estou tão espantado quanto a senhora.

Amália deixou de chupar o dedão, e perguntou:

- Gostou dos meus sapatos?

- Como não gostar? São da mesma cor que os meus.

- É verdade... – disse sorrindo e satisfeita – Eu vou domi na sua casa?

Órion hesitou por um momento, e Denise disse sem graça:

- Desculpe a sinceridade dela...É que a minha chefe disse que eu poderia ganhar uns trocados a mais limpando hoje e amanhã, pois terá uma festa. Mas eu recusei – disse em alerta olhando para a pequena – E não deveria ter comentado com você.

- Mas eu queria domi lá!

-Amália... – disse Denise em tom de reprimenda, e Órion interviu:

- Não tem problema algum ela dormir na minha casa. Meus pais vão gostar muito... – e completou sorrindo – E minha irmã também.

- Mas ...Senhor... – Denise não se conteve – Vocês são uma família ...importantíssima...Não podemos abusar de sua hospitalidade.

- Denise, já disse pra me chamar de Você. E quanto ser importante, todos nós somos, cada pessoa tem seu papel importante no mundo. Por favor, não vamos criar caso. Deixe Amália se divertir...sim?

Corte de Tormenta e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora