Cap Extra²

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~ Ayla On ~

Fechei os olhos e soltei o ar pela boca. Não deve ser tão difícil. É só uma notícia, não é? Meus pais não vão surtar, não podem surtar com algo tão bobo assim e que não vai interferir em quase nada no nosso cotidiano, bom, talvez um pouquinho. Confesso que dizer isso no café da manhã não é lá uma ideia muito boa, porém, o que eu poderia fazer? Já está tudo de cabeça para baixo mesmo e estou ficando perdida demais adiando isso. Okay, eu consigo. Espero conseguir. Não é como se fosse mudar tanta coisa assim na minha vida, é só mais um detalhe que vemos todos os dias, nada fora do normal. Nos filmes isso é bem mais fácil...

  - Você consegue - Me olhei no espelho, passando a escova pela milésima vez pelo cabelo. Respirei fundo e a pus sobre a prateleira. Voltei a fechar os olhos. - Você consegue.

Levantei e fui até a minha mochila no canto do quarto, pondo a mesma sobre o ombro. Ajeitei minha roupa de maneira nervosa e tive que ficar longos segundos encarando a porta, repassando as palavras na minha cabeça. Sempre fui uma pessoa super nervosa e ansiosa, mas isso já está beirando o ridículo. A situação é séria? Sim, eles podem negar? Talvez, mas fugir é sempre um plano que posso facilmente executar caso eu tenha coragem suficiente. Appolo vai chegar em poucos minutos, não posso me dar o luxo de ficar nessa enrolação. Já está tudo quase certo, por que o nervosismo?

Prendi a respiração e desci as escadas com certa rapidez. Encontrei minha mãe usando uma blusa grande do meu pai enquanto come um prato cheio de frutas com chocolate na mesa da cozinha. A emprega está limpando o fogão e eu estou contando os segundos para não ter um colapso nervoso.

  - Bom dia, meu amor - Ela ergueu os olhos pra mim. - Appolo vai vir ou quer que seu pai te deixe na escola?

  - Appolo já está vindo. - Sentei de frente para a mulher de cabelo escuro. Bati as unhas contra a mesa, atraindo sua atenção para mim. - Cadê o papai?

  - Já vem, está terminando de se arrumar lá em cima.

Agora que minha mãe contratou outras pessoas para administrar a empresa, ela só vai umas duas vezes por semana lá. A maior parte do dia fica no escritório próprio dela aqui em casa, arrumando alguns detalhes e também fazendo ligações importantes. Agradeço muito pela minha escola ser integral. Me dou super bem com a dona Amber, mas é impossível ficar junto da mesma por mais de duas horas sem nenhuma briga. Eu sou uma pessoa paciente, mas a mulher gosta de complicar tudo.

Chequei o celular pela milésima vez vendo a hora se arrastar. Appolo avisou que está saindo de casa, preciso apressar essa coisa logo.

Antes que eu pudesse dizer mais, meu pai entrou na cozinha com a roupa engravatada e a barba para fazer. Ele deu um beijo estalado na minha testa e um na bochecha da minha mãe. Seu celular tocou, mas tudo que Dener fez foi apenas revirar os olhos e por em cima da mesa com um breve suspiro.

  - Mais de vinte anos trabalhando nessa empresa e o seu pai ainda faz questão de me ligar para acertar detalhes todos os dias de manhã como se eu não desse conta - Disse com impaciência, praticamente se jogando na cadeira.

  - Ele sabe que não tem saúde para essas graças - A mulher a minha frente respondeu com desdém.

  - Gente, agora que vocês estão aqui, preciso dizer uma coisa... - Engoli a seco e me ajeitei.

Meu "Babá"? (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora