Cap 61 - "Adeus"

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~ Amber ~

  - Cor favorita?

  - Preto

  - Com quantos anos beijou pela primeira vez?

Dei uma risada, negando com a cabeça. O garçom se aproximou, colocando o vinho sobre a mesa após servir em nossas taças. Agradecemos com um aceno, e voltei a observar o garoto em minha frente.

  - Não lembro de saber essas coisas sobre você - Ergui uma sobrancelha.

Benjamin bebeu um gole do vinho e deu de ombros.

  - Ah, toda informação é importante.

Pensei um pouquinho antes de responder, tentando me lembrar do exato momento em que isso aconteceu. Já faz um bom tempo e a minha memória não é a das melhores. Só me surpreende, entre tantas perguntas, eu ter que responder essa.

  - Na véspera do meu aniversário de onze anos, em um rodízio de comemoração com os meus amigos - Falei por fim.

  - Uau, que presentão, em?

Ri, revirando os olhos e bebericando o vinho calmamente. O líquido desceu quase rasgando a minha garganta pelo tempo que estou sem beber nada fora do básico: suco ou água. Parece até que estou na casa de Nathalina há um ano, porque tudo o que rolou foi pesado demais para a minha cabeça raciocinar como no máximo uns dois meses, por aí. E agora eu vou voltar para isso da mesma forma que saí, com o coração batendo forte e a enorme vontade de fugir sem olhar para trás. Só de lembrar de tudo o que me espera, de tudo que tenho que resolver me deixar com dor de cabeça.

Porém, não é hora e nem lugar para pensar sobre. Benjamin está sendo uma ótima pessoa em me trazer para ver a Cidade e jantar em seu restaurante preferido. A paciência que ele teve desde que me viu no shopping em um dos meus piores estados me surpreende, afinal, só tínhamos conversado uma vez antes disso. O garoto não parou de tentar uma única vez para ver qualquer melhora ou mudança minha, mesmo sabendo apenas o meu primeiro nome. Parece mais loucura ainda pensar que ele está fazendo esse tipo de entrevista justamente para mudar isso.

Benjamin é incrível e eu quero mesmo aproveitar o momento.

  - Ah, começo da adolescência, a grande esperança de ser algo perfeito e blá blá blá - Falei, arrancando uma risada dele. - Se eu soubesse que seria tão indiferente teria feito antes

  - Teria mesmo? - Me observou com cautela.

  - Quem sabe. - Dei de ombros. - Vai, continua

Ele pensou um pouquinho, mordendo o próprio lábio e balançando a taça em sua mão direita.

  - Momento que você nunca mais vai esquecer?

  - Quando ganhei o meu carro - Sorri com a lembrança.

Mal vejo a hora de voltar a dirigir o meu bebê. A saudade já está martelando na minha cabeça.

  - Já tem um carro? Tinha me esquecido que você é rica

  - Ei, ei. Os meus pais são ricos - Ergui um dedo. - Eu vou terminar a minha faculdade de uma forma justa e normal, depois sair de casa e me sustentar sozinha. Não quero que eles influenciem essa parte da minha vida, é uma coisa que quero mesmo batalhar para conseguir, sem ajuda de ninguém, nem do dinheiro deles... - Engoli a seco.

Respirei fundo, sabendo que falei um pouco mais afundo do que planejava quando o garoto disse que queria saber um pouco sobre mim. Ergui o rosto, vendo o sorriso doce em sua boca mostrando que não esperava, porém, gostou de saber desse detalhe. Benjamin me observou como se quisesse retirar mais coisas assim da minha boca e fingir surpresa quando eu soltasse. Cerrei os olhos, avisando que se isso acontecer de novo ele me pega.

Meu "Babá"? (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora