Cap 44 - Dor da Despedida

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~ Dener ~

Depois do meu pequeno descontrole no banheiro eu fiquei lá com a testa contra o ladrilho enquanto o barulho da porta ecoou, indicando que sim, a Amber me deixou sozinho ali dentro e simplesmente saiu. Fechei os olhos e o punho, mas não pude evitar o sorriso de descrença. Logo ela que sempre cedeu na mesma facilidade que eu sempre cedi aos seus impulsos momentâneos. Agora as coisas estão... Diferentes? Não sei dizer, a questão é que foi o bastante para deixar essa dúvida martelando na minha cabeça pelos vinte minutos que fiquei no banheiro, tentando me organizar mentalmente.

Tentei fazer as batidas do meu coração ficarem menos descontroladas respirando fundo, mas o perfume da Amber está tão vivo nesse cômodo que faz as batidas tropeçarem nelas mesmas. Mordi o lábio com força, fazendo um gosto metálico atingir minha língua... Não, isso tem que parar. Isso precisa parar. Eu não sou o Sebastian. Não posso ficar agindo como tal e achar que está tudo bem.

Lavei o rosto na pia e coloquei a camisa com rapidez. Ajeitei meu pingente e saí do banheiro, vendo as luzes do quintal apagadas e todos cantando em sintonia. A hora do parabéns. Pus uma mão no bolso e com a outra joguei o meu cabelo para trás. Me apressei em ir para a mesa da minha mãe, vendo os gêmeos e a Milla ali, mas sem sinal da mesma. Tem poucas pessoas nas mesas ao redor da nossa. A maioria está no grande tumulto em volta da mesa do bolo, com flash e risadas sobre a aniversariante e a sua família.

A família que me contratou para cuidar da primogênita deles. Da única filha deles. Acho que não estou fazendo esse trabalho tão bem quanto eles pensam...

  - Demorou, Den - Harry disse, atraindo a minha atenção. Notei que seu celular está no bolso.

Ele parece ocupado demais olhando em volta e conversando com a sua irmã para voltar a jogar. Ou a bateria só tenha acabado mesmo.

  - Deixa ele. Ao contrário de nós dois, o Den tem assuntos pendentes para resolver - Hannah falou, dando um gole no champanhe.

Lhe lancei um olhar de alerta para ela tomar cuidado com o que diz e me aproximei, tirando a bebida de suas mãos.

  - Álcool só para maiores de dezoito.

A garota cruzou os braços e franziu as sobrancelhas na minha direção, com indignação e descrença. Dei de ombros, bebendo em seu lugar.

  - Como se esse fosse o problema do momento. - Murmurou. Revirei os olhos.

Milla estava me encarando com cautela. Por um segundo meu sangue gelou, com o medo dela sequer imaginar o que aconteceu nessa casa hoje - e desde o dia que comecei a trabalhar aqui -. Só que, a ruiva apenas sorriu, fazendo um sentimento pior vir a tona. Não um de medo de ser pego, mas de arrependimento e culpa. Sei que o que estou fazendo é errado, mesmo que não tenhamos nada a garota ainda espera que sim.

Esse sempre foi o nosso plano.

E eu aqui, nas escuras com a mesma adolescente que estava sendo amante por anos. Julgando o comportamento dela e daquele canalha, mas fazendo quase a mesma coisa. Isso não é justo e não posso continuar com essa farsa. Não com a Mila. No fundo sempre soube que ela merecia mais, muito mais do que eu poderia dar. Negligenciei até o último momento e aqui estou eu, com esse sentimento amargo me percorrendo até me dar náuseas.

Eu me recuso a continuar sendo assim. Não com ela. Não mais.

  - Vocês viram a nossa mãe? - Perguntei aos gêmeos de repente.

Meu "Babá"? (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora