Cap 67 - "Seria Capaz?"

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~ Amber ~

  - E depois de tudo... - Falei, dando uma pequena pausa para soltar um suspiro. - Eu só precisava enxergar. Fiquei tão cega nesse tempo, com a visão tão embaçada que foi impossível voltar ao normal sozinha. Se não fosse pela minha avó, sei que jamais conseguiria. Ela é ranzinza e chata? Demais, só que, não sei o que seria de mim lá em casa mal conseguindo respirar.

Dener está sentando em sua cadeira de trabalho com a gravata frouxa e os primeiros botões da camisa abertos, como eu que contínuo sobre a mesa. Depois do que aconteceu, apenas nos vestimos e decidimos contar o que houve nesses meses que ficamos longe um do outro. Ele está com o braço sobre minha coxa, sua outra mão acariciando a lateral da minha perna, com seu olhar sentido e sorriso triste sobre mim. Contei os mínimos dos mínimos detalhes, mas sem mencionar sobre o Benjamin e o passado de Nathalina. Coisas que eu prefiro deixar em baixo do tapete.

Quando o garoto me disse tudo em relação às bebidas, os sexos com garotas desconhecidas e as drogas, meu peito doeu. Não apenas por ciúmes, mas também por sentir que ficamos quebrados em pedaços tão pequenos que ficamos com medo de nos montarmos novamente e fazer algum outro corte profundo e pior. Dener explicou tudo com tranquilidade e um pouco de arrependimento enquanto eu preferi não dizer nada durante, pois sabia que minha voz ia sair embargada. Lutei contra as lágrimas que estavam fazendo força para brotar nos meus olhos.

Tudo que fiz foi o beijar. Não de uma forma maldosa ou atiçada, e sim como um lembrete que passou. Definitivamente tudo aquilo passou, e não vai mais voltar. O fiz prometer que essas coisas não viriam mais a tona, e o garoto não levou nem dois segundos para prometer.

Abaixei um pouco a cabeça, com o meu cabelo escorrendo pelo ombro.

  - Ainda preciso me resolver com o meu pai - Admiti mais pra mim do que para ele.

Os olhos azuis dele me esquadrinharam por um momento.

  - Está bem para uma conversa depois das coisas que ele disse?

  - Não sei - Engoli a seco. - De qualquer forma, não posso adiar isso. Moramos na mesma casa, vai ser inevitável. Só prefiro que seja o mais rápido possível para não ficar me esquivando dele a cada passo...

Dener colocou sua mão esquerda sobre a minha. Abaixei o olhar, encarando o gesto que fez meu estômago embrulhar e o meu corpo aquecer. Só de pensar que é ele mesmo aqui comigo...

O garoto segurou levemente o meu queixo, virando meu rosto para a direção do seu. Parei de respirar por um momento, sentindo minhas mãos formigarem e a minha mente turbilhar de emoção ou qualquer coisa boa que fosse. Não acredito que depois de todas essas merdas, Dener está aqui, comigo. Mesmo que seja apenas para me observar, brincar, brigar e até fazer piadinhas idiotas, ele está aqui. O mesmo garoto que me deixou louca de ódio no começo e agora louca de... Paixão? É tão estranho admitir isso que me pergunto se é realmente verdade.

Mas basta eu me perder no oceano dos seus olhos para saber que além de ser verdade, eu entendo o motivo para ter sido exclusivamente Dener a pessoa que conseguiu me fazer sentir os melhores sentimentos, como ninguém nunca tinha feito.

Entreabri a boca, soltando o ar quando ele sorriu de lado, deixando a covinha falhada visível.

  - Vamos fazer isso juntos, okay? Estou no meio dessa história também, então nada mais justo do que estar lá com você

Meu "Babá"? (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora