Cap 48 - Hora da Verdade

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~ Amber ~

Tic tac, tic tac, tic tac, tic tac...

O relógio ficou zombando do meu rosto ansioso e do meu coração acelerado. Minhas mãos continuaram suando em volta das cartas de baralho, enquanto o nervosismo permaneceu entalado na porra da minha garganta desde o aniversário da minha mãe, quando soube que o garoto saiu para ser sincero com a Milla sobre tudo que está acontecendo e não me deu mais notícias. Uma sinceridade que eu sempre esperei do Sebastian, mas nunca aconteceu.

Porém, agora está mesmo acontecendo, só que, com outra pessoa. Ao menos espero que sim, porque estou olhando para esse celular a cada dois minutos na esperança de ao menos uma mensagem do Dener dizendo que quer conversar, que vai vir, que sente a mesma coisa, que me odeia. Qualquer mensagem seria suficiente para calar os meus pensamentos torturantes e melosos que não param de gritar dentro da minha cabeça uma, duas e três vezes. Os mesmos pensamentos.

Jeffrey já deve estar impaciente pela minha demora fora do normal enquanto jogamos buraco no tapete da sala de estar. Estamos nessa há uma hora e meia, só que, como vou me concentrar se a minha mente não está me deixando respirar direito? Toda vez que o celular acende, eu sinto um nervoso extremamente irritante me atingindo junto com a esperança de ser ele. Jéssica me mandou umas três mensagens, porém, ainda não estou pronta para conversar sobre o que aconteceu na casa dos meus avós.

Estou tentando resolver as situações mais recentes para finalmente sentir coragem para lembrar das antigas. Estou tão aérea...

  - Ganhei de novo! - Meu avô sorriu com satisfação. Talvez ele não tenha notado minha falta de concentração durante todo esse tempo.

Joguei as cartas sobre o tapete e revirei os olhos.

  - Parece que ainda estou em boa forma com as cartas

  - Vai sonhando - Dei um sorriso. - Eu nem mostrei do que sou capaz ainda - Ergui uma sobrancelha.

Ela retribuiu o sorriso, soando desafiador.

  - Então manda ver, mocinha

  - Pode deixar!

  - Exatamente, pode deixar para depois - Helena entrou na sala com um vestido turquesa, ajeitando a sua bolsa de alça. - Vou dar uma volta com o seu avô e já era para ele estar pronto! - Olhou feio para o mesmo que se fez de desentendido.

Sempre que os dois vem aqui, eles dão um passeio pela grande cidade movimentada. Por morarem em um lugar mais afastado e tranquilo, é normal quererem sair um pouco da própria rotina. O problema é que ela sempre pega a gente nos piores momentos. Justamente quando estamos querendo ganhar uma disputa.

Nunca conheci ninguém mais competitivo quanto o meu avô Jeffrey.

  - Ah, vó. Só mais uma - Choraminguei mesmo sabendo que não vou prestar atenção como nas outras partidas.

  - Outra hora, querida. Agora precisamos ir.

Suspirei.

  - Depois a gente continua. - Meu avô piscou pra mim e saiu, indo na direção do quarto para pegar sua roupa.

Peguei todas as cartas e juntei as mesmas, arrumando dentro da pequena caixinha. Me levantei do tapete e encarei mais uma vez o celular, sentindo vontade de quebrar o mesmo.

Meu "Babá"? (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora