Gaivotas Voadoras Nunca Pousam (Flying Gulls Never Land- PT/BR)

Capítulo 30 - Meu amado irmão mais velho

Depois que meu pai faleceu, perdemos uma fonte de renda na família, fazendo com que minha mãe ficasse mais preocupada com o trabalho enquanto tentava nos sustentar. De manhã, ela primeiro preparava dois pratos, um vegetariano e outro com carne, guardava na geladeira e depois ligava a panela de arroz. Ao fazê-lo, quando voltávamos da escola para casa, tudo o que precisávamos fazer era usar o micro-ondas para aquecer a comida.

Naquele ano, eu tinha onze anos e o inverno foi especialmente frio, pois toda a parte sul do país começou a sofrer fortes nevascas. Foi a primeira vez na vida que vi neve de verdade; gentil, arrepiante, envolvendo todo o céu em borrifos de névoa branca, um branco que tingiu o mundo inteiro da mesma cor.

No entanto, quando a neve estava mais pesada, agarrei-me ao vaso sanitário e vomitei meu interior para fora, a ponto de me sentir como se estivesse prestes a cuspir minha bile.

Depois de vomitar, chegava um período em que uma sensação de conforto se instalava, mas cinco ou seis minutos depois, a dor de estômago voltava a explodir e causar uma forte sensação de náusea.

Sheng Min Ou ouviu a comoção e se aproximou para ficar do lado de fora do banheiro, mantendo uma certa distância, pois não se moveu para se aproximar de mim. Ele me observou por um momento, então usou um tom sem muita preocupação: "Como você está se sentindo, precisa ir para o hospital?"

Eu empurrei a alavanca para dar a descarga, depois me virei para encará-lo, com lágrimas nos olhos e ranho escorrendo pelo nariz enquanto acenava rapidamente com a mão.

"Não... não é grande coisa, não temos que ir."

O falecimento horrível e horrível de meu pai causou-me um trauma significativo, pois por um longo período eu fui inexplicavelmente avesso a visitar o hospital. Se eu pudesse evitar ir para lá, nunca iria, se não tivesse escolha a não ser ir, então seria sempre uma entrada rápida e uma saída ainda mais rápida. Portanto, mesmo que naquela época eu estivesse com dores terríveis, ainda me apegava firmemente à ideia de não visitar o hospital.

Quanto a Sheng Min Ou, naquela época ele sentia que tinha a 'obrigação' de perguntar, então ele o fez. Depois que ele terminou de fazer a pergunta, cabia a mim decidir se eu queria sua ajuda ou não. Portanto, ele não precisou seguir em frente, então ele se virou para voltar para seu quarto.

Sentei-me no banheiro para descansar um pouco, balançando de um lado para o outro enquanto trêmulo, fiz meu caminho de volta para o meu quarto. Onda após onda de dor de estômago me atingiu enquanto eu estava deitado, enrolado na minha cama.

Eu aguentei até as nove da noite, antes que a dor maçante se tornasse uma dor aguda e agonizante. O desconforto não melhorou, mas tornou-se mais intenso.

Um suor frio brotou de cada poro do meu corpo e a dor lentamente me drenou de toda a minha energia. Percebi que, mesmo quando olhava para as coisas à minha frente, parecia ver o dobro de tudo.

Estar nessa condição me fez perceber que se eu ainda me contivesse e me recusasse a ir ao hospital, então minha mãe provavelmente voltaria para casa para preparar o funeral do meu cadáver.

Recorrendo a minha força de vontade para reunir minhas últimas forças, saí do meu quarto um passo após o outro, para bater na porta de Sheng Min Ou.

Nossos quartos eram na verdade adjacentes um ao outro, a planta baixa original tinha um grande quarto, mas foi dividido em dois para formar nossos quartos. Então, como essa reforma ocorreu depois que a casa já estava construída, o quarto de Sheng Min Ou não tinha janelas, então sempre parecia apertado e oprimido, o interior de seu quarto perpetuamente escuro.