Electric Hearts - Xiaodery

Qualquer coisa, resolve no diálogo

Dois dias de acampamento que deixaram os alunos daquela escola bastante cansados. Queriam chegar em suas casas, se jogarem em suas camas macias e apenas acordar na outra semana. Agora estavam dentro do ônibus, em um clima morto que pairava pelo ar, foi uma viagem cansativa para todos. Estacionaram os ônibus ao lado da escola e começaram a contar os alunos para checar se estavam todos ali. Após a contagem alguns alunos foram direto para casa enquanto, os professores, coordenadores, diretores e alguns outros alunos foram até a entrada da escola, já que ainda teriam coisas para fazer naquela tarde. A surpresa que receberam foi o guardinha desacordado e a escola inteiramente vandalizada.

Cada canto do colégio estava pichado com vários desenhos aleatórios e alguns até ofensivos, várias cadeiras e mesas quebradas e papéis da própria escola por todos os lugares. O lugar estava uma zona como se um furacão tivesse passado por ali. Todos ficaram boquiabertos com a situação deplorável que o local se encontrava.

— Chamem uma ambulância - ordenou a diretora enquanto ligava para a polícia - Avisem aos alunos que o recesso do meio do ano vai começar mais cedo.

Xiaojun, que olhava a cena surpreso, notou um cigarro familiar, que ainda soltava uma fumaça rala, na calçada em frente ao colégio. Alertou Hyuck que estava ao seu lado, que também reconheceu o cigarro no momento em que viu. Ambos sabiam quem estava por trás daquilo.

(...)

Renjun caminhava lentamente pelo mesmo caminho que seguia todos os dias em que voltava da escola para a sua casa, passando ao lado da parte sul da cidade. Como não tinha muito o que fazer, Renjun olhava para as casas e construções abandonadas e aos pedaços. Não era uma visão muito agradável de se ver, era um tanto assustador e intimidante na verdade, mas algo um tanto interessante apareceu à sua vista. Três garotos saindo de dentro de um galpão feito de madeira, comemorando alguma coisa e vindo em direção a Renjun, que a única reação que teve foi pular a cerca da casa de alguém e se esconder no quintal dessa pessoa. Reconheceria aquele cabelo com mechas rochas à distâncias, Yangyang. Rapidamente pegou seu celular para contar as novas para seu parceiro de crime e daria um jeito de contar para Xiaojun depois.

— Lee Donghyuck você não vai acreditar! - disse eufórico quando o garoto atendeu o celular.

— Renjun o colégio foi vandalizado e eu e o Dejun temos uma ideia de quem foi - Donghyuck soltou antes que o garoto terminasse a fala.

— O COLEGIO FOI O QUE!? - gritou, mas logo depois tapou sua boca, lembrando do lugar onde estava.

— Vandalizado, ta surdo? Depois que os alunos foram embora, eu e o Xiao ficamos por causa de umas coisas do clube de leitura. - explicou - Quando chegamos aqui na entrada o guardinha tava desmaiado e o colégio uma bagunça. Sério, tá tudo pichado, quebrado, destruído, um horror.

— Vamos nos encontrar amanhã e discutir mais sobre isso, pois eu acabei de ver o diabo de Taiwan juntos com seus cachorrinhos saindo de um galpão aqui na parte Sul da cidade. - disse Renjun tomando cuidado com a altura da sua voz, já que ainda estava se escondendo no quintal de um estranho.

— Certo, precisamos ir. Até mais. - Hyuck se despediu e desligou a chamada.

Renjun olhou para todos os lados possíveis e viu que os três garotos não estavam mais por ali, então saiu de seu esconderijo, voltando a descer a rua para voltar para casa. Andava tranquilamente pensando sobre o que os meninos haviam dito sobre a escola e o suspeito, eles pareciam ter quase certeza do que estavam dizendo e ainda tinha o mistério do Yangyang saindo de um lugar da parte sul. Estava distraído em seus pensamentos, mas voltou a prestar atenção ao seu redor quando ouviu passos, passos extras que não eram dele. E lá estava a poucos metros de distância dele, o próprio apelidado diabo de Taiwan.

— O que você quer? - perguntou Renjun num tom sério.

— Nada demais, apenas sua boca fechada. - deu de ombros, com as duas mãos para trás como se estivesse escondendo algo.

— Sobre o que? - fingiu não saber do que ele estava falando.

— Poxa Jun, eu realmente quero resolver isso no diálogo. Mas você está complicando as coisas desse jeito... - revelou a coisa que escondia atrás das costas, sendo um bastão de ferro com a palavra "diálogo" escrito nele. Yangyang acariciava aquele pedaço de metal como se fosse um pet, isso foi bem esquisito na cabeça de Renjun.

— Engraçadinho. - riu irônico.

— Você escolhe como vai ser. - Yangyang deu um passo para frente e ao mesmo tempo Renjun deu um passo para trás. Não é como se ele estivesse se sentindo ameaçado pelo moleque mais novo que ele, mas também não queria saber o que ele faria com aquele diálogo. Então sua única opção plausível foi correr, correu como nunca havia corrido em sua vida virando uma rua qualquer, que com certeza não era a que usava para ir para sua casa. De vez em quando olhava para trás e via Yang correndo atrás de si com um sorriso amedrontador, como um lobo caçando sua presa.

Mal percebeu quando virou em um beco sem saída com apenas algumas caixas (algumas de madeira e outras de papelão) empilhadas e grandes lixeiras perto.

Renjun tentava subir pelas caixas de madeira e pular o muro que havia ali, sem se preocupar sobre o que teria do outro lado, e na entrada do beco havia Yang arrastando o maldito bastão no chão enquanto caminhava lentamente.

O bastão fazia um barulho alto e horrível que com certeza agoniava qualquer ser vivo perto, menos o próprio Yangyang, já que não era a primeira vez que resolvia algo no diálogo.

Renjun conseguiu apoiar seus cotovelos no muro para se apoiar e subir, até que ouviu um barulho de metal caindo no chão e teve sua perna violentamente puxada que o fez cair com as costas em algumas caixas, deu sorte por ter sido as de papelão. Sentiu uma dor incômoda por causa da queda, mas nem teve tempo para pensar direito quando viu o bastão vindo em sua direção, conseguiu desviar saindo de cima das caixas e indo direto para o chão. Viu uma brecha e acabou chutando com força uma das pernas de Yang o fazendo cair no chão e soltar o bastão, nesse meio tempo Renjun se levantou e jogou o bastão para o outro lado do muro enquanto assumia pose de combate vendo Yang se levantar. Os dois se encaravam apenas esperando o outro avançar.

Uma outra pessoa apareceu na entrada do beco gritando "ei" para os dois garotos, isso fez Renjun se distrair e Yangyang aproveitou indo com tudo pra cima do chinês o derrubando no chão o dando apenas um soco para o deixar um pouco zonzo. Enquanto Renjun se recuperava do soco, Yang se levanta pegando uma garrafa de vidro no intuito de quebrá-la no garoto, mas o chines foi mais rápido e colocou o pé na frente, o tênis protegia seu pé mas a garrafa quebrou mesmo assim, e agora havia vários cacos de vidros voando na direção de Yang e caindo em cima de Renjun.

Quando Yangyang viu que a pessoa que estava na entrada começou a andar em direção aos dois, ele decidiu que já era hora de ir, pisou em umas latas de lixo e subiu no muro com muita mais facilidade que Renjun, olhou para baixo para ver o estado do outro chinês, ofegante e com um pequeno corte raso na bochecha. Pulou antes que a pessoa se aproximasse o suficiente para o reconhecer.

— Ei garoto… você tá bem?

— Tô. - deu uma última olhada para o muro e depois foi virando o rosto para olhar o garoto que falava consigo - Eu só… Jaemin!?

— Renjun? - Jaemin perguntou incrédulo e se estava preocupado com o garoto desconhecido antes, está mais preocupado com Renjun agora - Quem era aquele cara e por que vocês estavam brigando?

— Longa história. - disse se levantando com ajuda do garoto de cabelos rosados.

— Sua casa é longe? - perguntou enquanto deixava o chines se apoiar em si, já que seu pé estava doendo pelo impacto da garrafa.

— Não muito. - respondeu, enquanto reclamava pela dor, quando tentou pôr o pé no chão.

— Acho que é tempo suficiente para me explicar o porquê de ter um garoto tentando matar o meu chinesinho. - brincou sorrindo cafajeste para o mais velho.

— Teu chinesinho o caralho. - disse revirando os olhos e sorrindo. Seria uma longa caminhada mas não estava mais com tanta pressa já que estava ao lado de Jaemin.

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