Electric Hearts - Xiaodery

As fotos

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Kunhang é apaixonado por música. Nada o impede de escrever suas próprias e se expressar cantando ou produzindo. Hendery acredita que a música nos leva a um mundo mágico, um mundo em que podemos ser nós mesmos, livres, sem medo.

No momento, o garoto está no seu quarto de frente para o computador tentando produzir alguma música, mas nada têm inspirado o garoto esses dias. A pequena cidade se encontrava em um clima nublado com cores em tons de cinza. "Desanimador" pensava o garoto fã do verão e de um céu azul com um sol brilhante. Um clima bom com certeza o deixaria mais inspirado, mas fazer o que né?

O chinês tinha um quarto muito legal ao ver dele, decorado do jeitinho que ele gosta. Parecia um baú com seus tesouros, havia fotos, pôsteres, algumas outras decorações bobas, plantinhas perto da sacada e borboletas penduradas no teto.

Cada coisinha ali era um pouco de si em forma material. Dizem que um quarto fala muito sobre seu dono e Hendery nunca concordou tanto com algo. Sempre que ia compor algo ele dava uma olhadinha no seu quarto a fim de procurar lembranças que o inspirem, mas naquele dia até isso parecia um pouco complicado.

Passando o olhar por algumas fotos de alguns campos e flores que estavam coladas na parede, Hendery lembra de fotos que foram tiradas na sua infância, que provavelmente estavam guardadas em algum lugar dentro de seu closet.

- Olha... eu não lembro de ser tão bagunçado assim - murmurou o chines assim que abriu a porta do closet e viu o caos que se encontrava ali.

Quase desistiu da sua caçada em busca de inspiração, mas ele não tinha nada melhor para fazer de qualquer jeito.

Após alguns minutos, acabou achando a caixinha que continha as fotos dentro, e não conseguiu segurar um sorriso ao ver fotos de um mini Hendery correndo, brincando, comendo e fazendo outras coisas de criança.

Cada foto que ele via era uma lembrança diferente, um momento diferente, uma sensação diferente.

Depois de um tempo sorrindo e olhando as fotos, o garoto estranhou não haver nada de seu cachorro ali. Ainda que fosse um assunto delicado em sua família, ele não deixou de notar a ausência do animal nas fotos. Poderia tentar perguntar aos seus pais, mas o chinês se encontrava sozinho em casa como todos os outros dias de segunda a sábado.

Com isso, decidiu ele mesmo ir procurar fotos do cachorro pela casa.

...

Ou Hendery estava viajando ou a mãe dele era muito boa em esconder coisas, pois ele já estava há mais ou menos uma hora procurando essas fotos e não encontrou nada. Já tinha até mesmo desistido de procurar inspiração, agora era uma busca por pura curiosidade.

Quase desistindo de encontrar as fotos, o chinês se lembra de ter visto sua mãe escondendo uma caixa em um móvel velho no sótão em dia de faxina, achando que o garoto não tinha percebido. Nunca havia despertado curiosidade sobre o que era, até agora.

Mais motivado do que nunca, foi até o corredor e puxou a cordinha que desce a escada do sótão e subiu. O lugar não estava tão sujo, já que haviam limpado há não muito tempo, mas ele ainda era um pouquinho assustador na visão do garoto que odeia a escuridão.

Antes de caminhar até o móvel que ficava logo abaixo da janela do sótão, o chinês se perguntava se ele deveria mesmo saber o que tem ali. Se a mãe estava escondendo deve haver um motivo, certo?

- A curiosidade matou o gato, não o humano - foi o que ele disse antes de abrir a gaveta e ver uma outra caixa bem parecida com a que ele abriu mais cedo.

Havia achado duas fotos, nao eram as que ele queria, mas ainda assim havia uma coisa intrigante, um garoto, um garoto do qual Hendery não lembrava, mas sentia um deja vu esquisito olhando aquelas duas fotos.

Não sabia o porquê, mas um sentimento estranho se apossou de seu peito, nem sabia que era possível se sentir feliz e triste ao mesmo tempo. O mini Hendery parecia tão alegre naquelas fotos ao lado daquele garoto, ele lembra de vários momentos alegres na sua infância, mas por que não conseguia se lembrar daquele?

Antes de continuar procurando respostas naquelas imagens e tentar lembrar desse garoto que até então é um estranho. O chinês escuta o barulho de um carro estacionando, e olhando pela janela pequena do sótão ele vê que seus pais haviam chegado.

Correu para fora do sótão com a caixa em mãos e o fechou rapidamente. Chegando em seu quarto, rapidamente escondeu a caixa embaixo de sua cama e desceu para receber seus pais com o sorriso de sempre. Iria perguntar para seus pais sobre as fotos em algum momento, mas não agora e não tão cedo.

(...)

Duas fotos foram suficientes para atrapalhar a noite de sono do garoto, que agora se encontrava sentado na cama as encarando. Haviam tantas coisas incomodando a mente do chinês, tantas perguntas.

Quem é esse garoto? Por que ele não lembra dele? Por que a mãe dele estava escondendo essas fotos? Onde estão as fotos do seu cachorro? Ele já viu alguma foto do seu cachorro?

Barba negra, era o nome de seu cachorro. Não sabia a raça dele, mas sabia que ele tinha lindos pelos pretos. E essa era literalmente a unica coisa que lembrava de seu fiel amigo, já que nunca nem havia visto uma foto dele e até mesmo as poucas lembranças são bagunçadas.

Sabia também que ele havia desaparecido há 10 anos atrás, em um dia em que foram para o campo que fica na parte norte da cidade, ele entrou na floresta e nunca mais apareceu. Hendery sentia um certo incômodo sempre que pensava nessa história do cachorro.

Será que ele deveria perguntar aos pais sobre isso? Ou... ir procurar sozinho as respostas?

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