Mente confusa

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Ligação ON
— Estamos na semifinal.
— Aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhh

Ouço os gritos e assobios das meninas italianas, Anna com certeza é a mais animada, logo após nossa vitória em cima do Curitiba e sendo tentadas a pegar eles novamente nas quartas de final e ganhando os dois jogos, chegamos a semifinal, contra o Osasco que é um time com um nível grande de dificuldade, e comigo que atualmente sou a LEVANTADORA DO TIME, SIM, EU SOU A LEVANTADORA DO TIME E ESTOU RADIANTE.

Depois de passar pelas quartas, eu me sinto muito mais confiante, mais feliz, ao ponto de correr para contar a novidade que era apenas eu em uma posição diferente, meus pais pela primeira vez parecem transbordar de orgulho, Anna, Beatrice e Alessandra estão felizes por mim e eu estou tão contente, tão feliz.

— Meninas, calma. — Falo eu com o celular tremendo em minhas mãos. — Eu não posso chorar agora, só liguei pra avisar que as coisas parecem estar indo para o seu caminho agora.
— Já pode ousar sonhar em convocação — Alessandra diz
— Eu não sei, eu ainda... — Ela me corta.
— Não foi uma pergunta, acreditamos que sem a Macrís, você pode sim ser convocada.
— Até lá pode acontecer muita coisa, e ela está se recuperando muito bem.

Macrís estava com toda atenção necessária, a lesão não foi grave a jajá ela pode retornar as quadras, a fisioterapeuta não prometeu a volta até o fim do campeonato, mas em 2 anos com certeza ela já vai ter retornado e já vai estar em alto nível de novo, sonhar com convocação olímpica é loucura.

— Meninas, eu preciso ir. — Estou pensativa demais agora.
— Não pensa muito sobre o assunto, ignora a enxerida da Alessandra, curte o momento e se cuida, ok? Acreditamos em você. BEIJOOOOOOOOOO.

Ligação OFF
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A semifinal foi um desafio imenso, o primeiro jogo ganhamos de 3-2, foi com certeza um dos jogos mais difíceis que já joguei em toda a minha vida, Osasco era uma equipe extremamente boa e tinha uma boa disciplina, mas foi no segundo jogo que eu percebi que eles só não eram melhores que nós.

Após tanta coisa se passar durante esses meses eu me sentia em casa, os passes estavam conectados, o time unido e as coisas iam perfeitamente bem e em seu devido lugar, meu relacionamento afetivo com as pessoas estavam melhorando e eu sai um pouco da bolha do meu mundinho.

As vezes me pegava pensando se era ignorância minha querer que a Macrís não pegasse a posição dela na final, queria disputar isso pelo Minas, por mim, por tudo que eu fiz até agora por esse time e por tudo que eu dediquei.

Meu nome estava em manchetes no Brasil inteiro, as pessoas falavam sobre mim entre suas equipes, elas me respeitavam pela atleta que eu era, com certeza eu estava vivendo meu maior sonho.

Minha rotina de treino aumentou, eu me doava tanto na quadra quanto na academia, minha alimentação era tão regrada que eu fiquei chata, não saia, era de casa para os treinos e dos treinos para a minha casa. Vivia de proteína para aumentar minha massa muscular e meu hobbie ler e estudar os melhores levantadores do mundo, e eu não poderia deixar de fora o maior.

Bruno ou Bruninho, como é mais conhecido, ele tirava um pouco do foco que eu tinha nos meus estudos, aquele rapaz me causava alguns sentimentos confusos, me sentia uma louca por nutrir coisas em minha cabeça com uma pessoa que eu nunca troquei nem meias palavras, apenas uma piscadinha e uma cara de besta. Vi Bruno mais algumas vezes desse tempinho que estou aqui no Minas, sempre fugia quando eu sabia que as meninas iam falar com ele, na hora eu me lembrava que querendo ou não, os meninos sabiam quem eu era, eu me envergonharia se o zoassem na minha frente sabendo que eu sou o motivo.

Na vez que o Bruno veio com o Lucarelli visitar a Macrís e acompanhou um pouco do nosso treino, eu tremi um pouco, eu literalmente errei algumas bolas e saques, o cara fazia coisas comigo que nem ele tinha ideia do que era, me sentia uma adolescente cheia de hormônios.

Eu sabia que o Bruno voltou para a Itália para jogar a temporada 2018-19, mas de vez em quando, ele queria viver em meus pensamentos, ou por estudar alguns movimentos dele pelo Youtube, ou por simplesmente a Mara querer testar a minha paciência mencionando o homem toda hora e mostrando fotos que ele está extremamente gato.

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O Praia Clube era um time muito forte, não é atoa que estava na final junto com a gente, eu me perguntava se seria feio eu pedir um autografo de Fernanda Garay após o fim da partida, Macrís já estava recuperada, mas Stefano insistiu em me deixar jogando, como ele disse, em time que se está ganhando, não mexe.

Pego a bola para sacar, bato ela algumas vezes no chão e vejo que eu que irei dar o pontapé inicial a primeira parte da final, ainda temos o jogo de volta, e muita coisa pode já ser decidida hoje, vou para sacar e meu saque não passa da rede, suspiro, fecho a cara, e vejo que hoje será mais difícil do que eu esperava.

Nossos passes não estavam bem conectados e toda a bola que eu levantava pra Natália, ela não cortava, dava largadinha e isso acabava com a porra do nosso rendimento, foi o primeiro set inteiro assim e o começo do segundo, até que eu não me aguentei.

— Chega dessa merda de largadinha, mete o braço cara, tu tem força.
Natália me olha com cara de nojenta e revira os olhos
— Cala a boca, chegou agora fia.

E eu me calo, as palavras dela tem um certo impacto em mim, não consigo mais expor minha opinião em quadra e enquanto isso acontece e com as malditas largadinhas, o Praia Clube fecha o segundo set.

E me dou conta que o sonho de ganhar a final e ser campeã, está se perdendo em minhas mãos, fico estática ao apito do juiz, me sento no banco, e ouço aquilo que o time precisava faz tempo.

— Natália, BANCO.

Dou um risinho inaudível e sarcástico.

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Oooi garotasss, estou muito feliz pelo alcance que estou tendo, e muito ansiosa porque agora vamos começar a colocar o Bruninho de vez na história.

A fotinha lá em cima é de como eu imagino nossa personagem, espero que gostem .

Deixem comentários produtivos e me dizendo o que gostam da história e o que esperam ver, comentem nas partes que vocês gostam mais, isso me anima muito.

Beijos no coração ❤

Disputa - Bruno Rezende (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora