Capítulo 2

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Becca

Todos estão saindo da sala, torço para que isso seja um pesadelo enquanto eu guardo as coisas dentro da bolsa. Talvez seja um pesadelo ruim e eu acorde na minha cama sã e salva.

Fecho a bolsa e pego meu casaco, levanto e vou descendo as escadinhas até chegar na frente da mesa do professor. Ele me encara e pisca um olho para mim.

Ah, o desgraçado fez isso de propósito.

Respiro fundo e vou até a porta, assim que a abro vejo Charlie encostado em uma das pilastras velhas do prédio. Olho envolta e vejo as meninas suspirando por ele toda vez que passam.

Não entendo isso, o cara coloca aquela calça jeans velha e a blusa branca quase transparente sem mangas que mostra o corpo e elas piscam os olhos como se fossem cachorrinhos?

Solto uma respiração irritada e caminho até onde ele está encostado e lendo a folha que o professor distribuiu. Ele ergue os olhos para mim fazendo com que sua testa se franza e deixo meu rosto relaxado.

-É para fazer um tipo de relatório.- ele explica quando eu pego a folha.- O melhor tema é "acordos multilaterais".

-Uhum.- falo distraída enquanto leio.

-Tem muita coisa para mexer e é fácil de fazer.- explica ainda com a voz séria.

-Então muita gente vai pegar esse tema.- falo óbvia.- Devíamos fazer com um menos atraente.

-Sim, e teria risco de jogarmos metade da nota do semestre no lixo.- ele imita meu tom de voz e o encaro.- É melhor a gente fazer de um tema mais fácil do que mais difícil.

-Isso só mostra que gostamos de ir pelo caminho mais fácil, e eu não sou assim.- afasto a folha quando ele tenta pegar.- Vamos fazer de outro.

-Isso é por que eu sugeri?- pergunta.- Se eu não tivesse feito isso você estaria dando tanto pitaco?

-Não, Charles, é por que eu não sou uma preguiçosa que nem você.- desvio o papel de novo.

-Se formos pelo caminho seguro e fizermos o nosso melhor, então a nota vai ser um grande dez.- ele fala irritado.- Se formos pelo seu caminho de bosta, ganhamos um quatro, no máximo.

-Caminho de bosta.- repito rindo.- Muito elegante, hein.

-Que bom que concordou.- ele sorri com raiva e pega o papel.- Na minha casa, amanhã. Depois das aulas.

-Claro, como quiser.- falo sarcástica.

-Obrigado por abrir excessão na sua agenda, princesa.- ele pisca e começa a ir embora.

Travo o maxilar e aperto minhas mãos em punho, ando na direção oposta indo até o estacionamento e entro no carro com a mesma pressa que sai de lá.

Assim que termino de arrumar minhas coisas, olho para minhas mãos e vejo a marca das unhas. Apoio elas no volante e então respiro fundo estendendo os braços.

Pego o telefone na minha bolsa e passo pelos contatos até chegar no da minha melhor amiga, Amber, ligo para ela e logo transmite para o carro.

A Superação - Miami BoysOnde histórias criam vida. Descubra agora