Capítulo Cinco

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- Buon Appetito. - Me deseja "Bom Apetite" em italiano, enquanto arrumava o guardanapo em seu colo.

- Grazie. - Agradeço, também em italiano.

Quando adentrei a sala descobri que, na verdade, era uma sala de reuniões. E na mesa estavam dispostos dois pratos, com Fettuccine ao molho branco, acompanhados com uma taça de vinho tinto. O cheiro estava divino.

O lugar estava na penumbra, com apenas as luzes dos outros prédios iluminando a sala, já que a parede maior era composta apenas por janelas que iam do chão ao teto, e também por um castiçal com velas acessas no meio da mesa. Parecia que o Mafioso apreciava lugares escuros.

- Como eu já disse, gosto de ir direto ao ponto. Já pode me dizer qual negócio você quer me envolver. - Quebro o silêncio formado enquanto nos deliciávamos com o Fettuccine.

- Antes de tudo, Srta. Perón. Você sabe o que um Mafioso faz? - Me pergunta.

Olho para ele e o mesmo está me encarando. Seus olhos mais escuros do que já são, me desafiando a respondê-lo.

- Matam sem dó e nem piedade aqueles que impedem seu sucesso em mais algum acordo sujo na área do crime? - Pergunto atrevida e ironia escorrendo em cada palavra dita.

Ele não se deixa abalar pela minha resposta.

- Realmente, Sofía, esta é a ideia que a sociedade tem de um Mafioso e de sua máfia inteira. - Diz, se levantando e pegando a garrafa de vinho e enchendo sua taça. - Deixe-me tirar esta ideia de sua cabeça. - Se aproxima e começa a encher a minha taça com vinho. - Não somos tão sujos e maquiavélicos como parece. - Ele deposita de volta a garrafa na mesa, pegando minha taça e me oferecendo. Sem deixar de olhá-lo, pego a taça de sua mão.

- E como você pretende tirar esta ideia de meus conceitos, Mafioso? - Desafio-o.

Ele sorri abertamente, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados. Sem dizer uma só palavra, ele pega agora sua taça e com um movimento, pede para que eu o acompanhe. Levanto e sigo-o até a janela. Ele a abre e sai para fora, onde se encontra uma sacada enorme, nos proporcionando a vista da cidade.

- Respondendo sua pergunta, Srta. Perón, pretendo tira-las com seu próprio envolvimento em um dos meus negócios. Mas irei dar um pouco de teoria, antes de irmos para a prática. - Dá ênfase na palavra "prática", me olhando com uma intensidade a mais. Rapidamente levo a taça de vinho na boca, tomando um gole generoso. Este mafioso não desistia de me seduzir, mas as coisas com Verônica Lazzari não seriam assim.

- Pois então, me diga a sua teoria, Mafioso. - Sorrio maliciosamente para ele.

Ele se aproxima, com sua expressão totalmente séria. Cenho franzido, maxilar contraído e seus olhos direcionados para minha boca.

- Não me provoque desse jeito, Srta. Perón. - Sussurra, seu timbre de voz totalmente rouco. - Você não sabe o efeito que causa em mim me chamando de Mafioso desse jeito. - Ele leva uma de suas mãos até meu rosto e acaricia minha bochecha com seu polegar. Rapidamente levo uma de minhas mãos, que estava livre, para o seu pulso, apertando forte.

- Por favor, Sr. Navarra, vamos acabar logo com isso, sim?

O Mafioso me olha por alguns segundos e se afasta, ficando de costas para mim. Solto o ar de meus pulmões, o que me faz ficar surpresa, já que nem eu sabia que ficara totalmente tensa com o que acabara de acontecer. E devo admitir, um pouco excitada também. Droga de Michel Navarra! Porque ele não poderia ser um velho barrigudo?

Mas não poderia me desviar de minha missão. Isso nunca aconteceria. Eu era uma das melhores e Michel Navarra já estava atrás das grades, como todos aqueles que trabalham para ele.

Misterioso MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora