Capítulo Doze

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- Esqueceram como se deve bater em uma porta? - Michel os repreende, enquanto eu fingia observar algo muito interessante na parede oposta, para tentar ignorar o olhar acusatório de Renan.

- Desculpe, Sr. Navarra, mas apareceu um imprevisto e precisávamos lhe chamar. - Bruce comunica.

- Pois então me diga, do que se trata tal imprevisto? - Ele ainda estava com uma de suas mãos em minha cintura. Discretamente me afasto de seu toque.

- O piloto não está disposto e não poderá fazer a viagem de hoje à noite, senhor.

Michel suspira, balançando sua cabeça em negativa.

- Tudo bem. Arranjarei outro. - Informa e, ignorando completamente Bruce e Renan, ele se vira para mim, pegando meu rosto e selando seus lábios brevemente nos meus. - Não demorarei. - Sussurra, antes de sair de seu escritório.

Vejo Renan me lançar outro olhar mortal, antes de segui-lo. Bruce, entretanto, não vai atrás de seu patrão, ao contrário, adentra no escritório, fechando a porta atrás de si.

- Não vai atrás de seu patrão também? - Questiono-o, dando um passo para trás, vendo que o capanga de Navarra se aproximava.

- Precisamos conversar, Srta. Perón.

Solto uma risada, encarando-o, enquanto cruzava meus braços sobre meus seios, como que desafiando-o.

- É mesmo?

- Desde o primeiro dia que a senhorita começou a se envolver efetivamente na vida de meu patrão, lhe disse que poderia me chamar de Bruce. Isso foi uma pequena indireta para que saiba que poderei ser seu amigo. - Discursa.

Sim, realmente ele falara isso. Mas o que não me esquecia era de outra coisa que havia me dito aquela noite.

- Pode me chamar de Bruce, Srta. Perón. Não em frente ao Sr. Navarra, claro. Mas este é meu nome.

Olho, desconfiada para o capanga, que agora tinha um nome.

- Certo, Bruce...

Ele tira seus óculos escuros e me olha com seus olhos azuis.

- Quero que saiba também que gostei de sua coragem.

Estreito meus olhos. Qual é a desse capanga?

- Obrigada. Mas porque está me dizendo tudo isso?

Ele ri baixinho, colocando seus óculos de volta.

- Nem eu sei, Srta. Perón. Eu sinto que as coisas mudarão com o seu gênio forte.

Ah, com certeza mudarão! Uma pena que você também será preso...

- Que coisas você se refere que mudarão?

- Muitas coisas! - Ele sorri para mim. - Apenas desejo-lhe boa sorte.

Lembrar de suas palavras me causaram um arrepio, afinal, as coisas realmente tinham mudado. Capangas de Michel Navarra previam o futuro agora?

- Ser meu amigo? - Pergunto cética.

- Exatamente! Sei que entrou neste mundo de uma forma um tanto quanto forçada. - Ele se dirige a poltrona que, minutos atrás, Lorenzo Sartori ocupava. - Deve lembrar-se do que falei a mais para você, sim? - Ele aponta para o sofá de dois lugares a frente e, relutante, me sento.

- Que muitas coisas iriam mudar. - Aonde Bruce queria chegar?

- E realmente mudaram. - Seu semblante, ao dizer tal frase, se ilumina.

Misterioso MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora