Bônus: Encantamento (Amelia)

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- Amelia, você está pronta? - Ouço a voz de meu pai chamar-me do lado de fora da porta.

- Sim, estou, papai! - Termino de passar meu batom vermelho e rapidamente vou até a porta, abrindo-a e me deparando com meu pai, Lorenzo Sartori, vestido com um smoke alinhado e feito sob medida.

- Filha... - Ele sussurra, me olhando de cima a baixo, os olhos começando a ficar marejados.

Rapidamente o abraço forte, tentando apaziguar sua dor. Sempre que me arrumava bem para os eventos que me levava, ele dizia que ficava mais parecida com mamãe. Ela foi brutalmente assassinada e como era o grande amor de papai, ele nunca superara sua morte. Quando ela morreu, era apenas uma criança de cinco anos de idade. Ás vezes podia jurar que ela estava por perto, cuidando de mim. Dizem que as crianças tem uma grande sensibilidade quanto a isso, mas desde aquela época, até os dias atuais, posso senti-la comigo e com meu pai.

- Eu sei, papai, eu sei... - Desfaço nosso abraço. - Você como sempre está lindo! - Elogio-o, tentando mudar o foco do assunto.

- Só fala isso porque sou seu velho pai. - Ele ri, pegando-me pelo braço e me guiando até o hall de casa. - Temos que ir logo, Michel já deve estar nos esperando.

- Tudo bem. - O acompanho até o carro. Um de seus homens abre a porta para que eu entre e assim o faço.

Desde criança fui criada sempre cercada com esses homens e devo confessar que não consigo me acostumar com eles até hoje. É como não poder ter minha própria privacidade.

Por conta da super proteção de meu pai e de seus homens, não pude ter um namorado sequer durante esses dezenove anos de minha vida. Mas sei que o homem que estava sentado ao meu lado, segurando carinhosamente minhas mãos nas suas, precisava disso para colocar a cabeça no travesseiro tranquilamente todas as vezes que fosse dormir.

- Não acredito que minha menina já cresceu. - Papai quebra o silêncio.

Havia feito dezenove anos ontem e o modo sensível que ele havia ficado me impressionou.

- Uma hora eu deveria me tornar uma mulher, certo? - Respondo-o, com voz amena.

- Eu sei... - Ele suspira.

- Não se preocupe.

Passamos um tempo agradável até chegarmos ao nosso destino. Os lugares que meu pai levava-me, muitas vezes eram agradáveis. Outros eram sinistros.

Saio do carro com a ajuda de outro capanga de meu pai e encaro a porta grande de metal. Estávamos em uma ruela escura e fria, me causando um arrepio intenso.

- Não se preocupe, querida. - Meu pai já se encontrava ao meu lado, entrelaçando meu braço no seu. - Lá dentro será muito mais agradável.

Balanço a cabeça em afirmativa, enquanto entrava para dentro daquela porta de metal. Confiava cem por cento em meu pai. Ele sempre soube o que era certo para mim, então se mandava eu não me preocupar, não teria nada com que temer.

Como havia dito, lá dentro era realmente muito mais agradável. Muitos homens e mulheres, músicas e bebidas. O lugar era grande e impecável, com todos vestidos apropriadamente. Nós seguimos até uma mesa e lá sentamos, esperando por Michel Navarra.

Ah... Michel! Eu o amava como um irmão. Estava ansiosa para vê-lo.

Ficamos um tempo sentados a mesa e meu pai só deixou beber uma taça de Martini. Ele regulava meu consumo de álcool também. Na verdade, ele regulava tudo que eu fazia. Ás vezes queria me revoltar, mas me controlava, me pondo rapidamente em seu lugar.

Misterioso MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora