Levo minha mão até a arma encostada em meu rosto e faço-o abaixar devagar, enquanto o encarava e controlava minha respiração.
- Acredito que você deva ser um homem bastante inteligente. - Ele estava me pressionando com tanta força na parede, que o ar quase fugia de meus pulmões. - Então, por favor, largue esta arma e vamos conversar civilizadamente.
Ele ainda me encara por longos segundos, antes de se afastar completamente de mim e se dirigir a cadeira que estava posicionada atrás de sua mesa.
- Como sou um homem caridoso e de bom coração... - Um Mafioso ser assim? Vontade de rir não me faltava. - ...Irei dar uma chance para se explicar, Srta. Perón.
Desencosto da parede lentamente e volto a respirar com facilidade. Olho para minha arma em sua mão. Ele não era nada bobo! Mas não é possível que a arma ficou amostra durante a dança, ou foi marcada pelo vestido. Eu, Verônica Lazzari, nunca cometia deslizes tão banais! Que desculpa eu poderia usar...?
- Por favor, sente-se. - O Mafioso sedutor e não amedrontador, de segundos antes, está de volta. - Creio que será muito mais confortável para ambos.
- Para ambos, claro. - Respondo com uma ironia ousada, enquanto me dirigia para a cadeira e me sentava.
- Agora, Srta. Perón... - Começa a dizer, depositando lentamente a arma na mesa, em minha frente. - Eu deveria me preocupar com você, por levar uma arma nas coxas?
- Absolutamente não. - Respondo, lançando um olhar sério.
Ele me observa e parece que poderia enxergar em mim qualquer coisa que quisesse. Pobre, Sr. Navarra, nunca imaginaria quem sou e do que sou capaz. Não, na verdade ele provaria do que sou capaz.
- Então existe uma explicação para isso.
- Claro que sim. - Sorrio para ele, com a confiança ganhando força. Se bem que ela nem por um momento decaiu, afinal, esse Mafioso poderia amedrontar qualquer pessoa, inclusive seus capangas, mas a mim, nunca. - Sou a nova dançarina desta casa de shows, Sr. Navarra... - Explico, começando a tirar uma de minhas luvas.
- Prossiga... - Incentiva-me, enquanto recosta-se em sua cadeira e observa meus movimentos.
- Antes de ser contratada, fui informada de que nesta casa de shows, existiam muitos homens de seu feitio. - Revelo esta pequena mentira, colocando a luva que retirei, em cima da mesa, ao lado de minha arma. Começo a tirar a outra luva. - Eu precisava de um modo para me defender de qualquer eventualidade, não acha? - Pergunto, fazendo meu tom de voz mais sensual possível.
- E porque acha que aconteceria alguma eventualidade com você? - Sua voz está rouca e seu olhar está fixado em meu rosto. - Nós, mafiosos, financiadores ou quaisquer outros, não chegamos nem perto de quem não está envolvido de alguma forma em nossos negócios.
- Pode me considerar uma leiga, Sr. Navarra. Afinal, não faço parte de seu mundo. - Coloco a luva que acabei de tirar junto com a outra.
Já passei por várias situações parecidas. Ter que fingir ser uma pessoa que não sou, mas não podia ignorar que estava fazendo um esforço a mais para enganar esse Mafioso. Como o delegado disse, ele era muito perigoso e sábio.
- Por ora, acredito em você. - Não impeço de um sorriso malicioso brotar em meus lábios. Como havia dito: Esse Mafioso já era nosso. - Mas... - Reviro os olhos internamente. Porque esses malfeitores sempre vinham com um "mas"?
- Mas...? - Incentivo-o a continuar, com um pouco de impaciência. Essa conversa não estava me levando a lugar algum. Ironicamente, estar aqui com ele, foi muita sorte, tinha que arrancar informações rapidamente.
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Misterioso Mafioso
RomanceEla não imaginava o perigo e o prazer que traria para si entrando na vida de um mafioso.... Até se envolver com um! Vocês nunca vão desejar tanto um mafioso em suas vidas quanto agora. (Conteúdo Adulto)