Capítulo 37

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OS OLHOS DA HERMIONE SEGUIAM O CORPO DE RAVEN, a qual, caminhava pelo quarto do Regulus.

— Do que queria falar comigo? — Perguntou a morena sem saber como enfrentar uma conversa com a quase desconhecida madrinha do Harry. A loira parou no sítio e murmurou um pequeno "ah" para se sentar na cama com ela.

— Lamento, às vezes perco-me...— Desculpou-se enquanto passava as mãos pelos jean's que tinha posto. Hermione observou-a com cuidado, não havia dúvida que era uma mulher linda e entendia porque é que o Sirius tinha saído com ela. Tinha um encanto natural. — Eu sei...— A loira remexeu-se incómoda, à procura das palavras corretas —... que és próxima do Tom Riddle — Murmurou, a Hermione engoliu em seco.

— Fui. — A morena respondeu como se pudesse dessa forma esconder os seus sentimentos. Raven sorriu levemente.

— És. — Assegurou. — E é por isso que te queria falar sobre isto. — Murmurou. Hermione encontrava-se confundida. — Nos anos em que "servi" ao Lord Voldemort vi-me obrigada a passar a sua alma por vários corpos só para o manter vivo, bom, o que ainda resta da sua alma. — Murmurou, escondendo que a outra parte de Voldemort vivia no Harry e em mais alguém. — Como seja, percebi que cada vez que passava a sua alma de um corpo ao outro, a essência de Voldemort perdia-se. — Explicou, Hermione franziu o cenho.

— Perdia-se?— Perguntou sem compreender, a loira assentiu.

— É algo complexo de se explicar mas, cada vez que a sua alma ficava noutro corpo, a essência do Voldemort centrava-se mais numa época da sua vida em específico, como se não tivesse mais lembranças que não fossem essas. — Disse. — Por exemplo, se te preguntasse agora sobre a tua infância, lembravas-te dela, certo?— Perguntou, Hermione assentiu com rapidez. — Ele não tinha essas lembranças, só se centrava nos seus pensamentos e sentimentos do momento. — Explicou, a morena sentia-se cada vez mais confusa.

O que significava isto tudo?

— O corpo em que Voldemort reside agora, foi criado por mim à sua semelhança e a essência dele é exatamente a mesma que tinha na sua juventude.

— Tu criaste-o? Como podes fazer isso? — Perguntou impressionada a morena, Raven estalou a língua.

— Anos de erros e torturas. — Assegurou com um deixe de gozo, Hermione não o achou engraçado. Com certeza, tinha sido muito mau. Horrível, melhor dito. — O Lord Voldemort que todos seguem e proclamam agora, não o é. — Explicou. — Esse homem só é Tom Riddle, o bruxo com qualidades extraordinárias que não gosta nada dos muggles. — Destacou.

— Então, segundo tu, o Tom é só o Tom? — Perguntou a morena, um deixe de esperança atravessou o seu olhar cor avelã, mas assim como apareceu, desvaneceu-se; ninguém entenderia isso.

— Tom Riddle acredita que é Lord Voldemort porque o último da verdadeira essência desse ser fá-lo pensar isso, mas a verdade é que não o é. Esse Voldemort morreu no mesmo dia que os meus amigos e desde ai só se foi desvanecendo e agora, tudo o que resta é um homem que está confuso, não se lembra exatamente da sua infância e só ama uma pessoa neste mundo...— Disse observando-a com firmeza.

— E porquê que é que me dizes isto?— A pergunta saiu mais como uma queixa de dor entre os lábios da morena.

— Tu podes evitar isto.

— Não posso! — Exclamou a Hermione — E se o fizer, caso poder... O que acontece depois? — Perguntou com indignação. Ninguém ia acreditar nela porque eles não tinham visto o Tom com os mesmos olhos que ela. — Eles vão condena-lo à mesma pelo que acham que é! — Explicou, as frias mãos de Raven envolveram-se ao redor das suas.

— Sei que agora parece horrível mas vamos encontrar a forma de que não seja assim...— A loira suspirou. — Isto pode soar estúpido mas, o amor pode curar muito.— Disse. — Eu voltei por amor, sobrevivi por amor. Se não amasse o Sirius, o Harry, o Remus...não estaria viva.

As mulheres olharam uma para a outra fixamente compartilhando a dor de que, mesmo que não o quisessem crer, o amor não era sempre a solução de tudo.


— Que nojo! É vómito! — Ronald chorou falsamente escupindo o pedaço de bolacha ao chão, o escândalo que fez a gargalhada do Harry tirou a morena dos seus pensamentos obrigando-a a sorrir quando viu a cara do seu amigo ruivo. Ronald continuava com a língua de fora da boca tentando que o mau sabor fosse embora por arte de magia até que a sua mão encontrou o copo com agua que tinha ao seu lado.

— Não sejas exagerado, Ron...— Gozou a morena pegando numa bolacha da caixa. As boas eram um manjar, as más...o pior dos castigos. Fez uma careta quando o sabor a ovo podre lhe inundou a boca, ainda assim não a escupiu.

Ronald gozou com a miséria dela enquanto o riso do Harry se apaziguava.

— Estou nervoso...— Explicou o Harry e os seus dois amigos sabiam exatamente porquê, o ambiente risonho do quarto transformou-se num pesado...escuro. Hermione engoliu o conteúdo que estava na sua boca ainda assim com um pior sabor que antes. — Se amanhã não acaba bem...— Murmurou, Ronald remexeu-se incómodo. O perigo tinha-se retirado de Hogwarts mas sabiam que quando voltassem ao lugar, a guerra desataria, no entanto ninguém da ordem tinha protestado em contra de voltar, iam morrer, iam fazê-lo a defender o seu lar e os ideais que tinham.

— Vai correr bem.— Tentou assegurar a Hermione mas a sua voz tremeu no final da oração. — E se não correr, quero dizer-lhes que agradeço muito que me tenham salvado do troll naquele dia. — Agradeceu lembrando-se daquele sucesso que lhe marcou a vida, e deu-lhe, dois amigos.

Os três sorriram e abraçaram-se, não só para acalmar o medo, a incerteza e o vazio nos seus corações, se não também para deixar claro um ao outro o quanto se adoravam, e reforçar o facto de que estavam juntos.

Os três até ao final.

O trio de ouro até ao final.





Aclarações sobre este capítulo pela autora oficial: (Ateneaok )

Aquilo do Tom Riddle é complicado mas deve ficar claro que este Tom é um corpo novo criado pela Raven, este corpo só tem lembranças da sua adolescência/jovem adulto (literalmente mais de metade da sua vida em Hogwarts e a sua estadia no B&B) não tem lembranças da sua infância e deixa-se levar pelas poucas emoções malignas que a essência de Voldemort que se lembra/sabe que teve.

Girls like you (Tomione fanfiction)TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora