Capítulo 28

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"Eras o único que me fazia acreditar que podia ser melhor mas agora estou manchada por ti, como um soldado que não pode esquecer as suas batalhas"


OS PASSOS DA MORENA SOAVAM SEGUROS, apesar de que por dentro sentia que estava a morrer, as emoções estavam a sufoca-la. Dumbledore tinha encontrado os seus pais e mesmo que não se lembrassem dela, Hermione ficava muito feliz por eles estarem vivos. Só podia pensar neles, em recupera-los e voltar para casa. Sentia que lhe tinham arrancado um peso de cima, que lhe tinham tirado o que tinha na garganta, algo que não a deixava respirar; tinham-lhe dado finalmente uma brisa. Agora ela devia continuar com a sua parte do trato. Tentou não pensar na conversa que teve com o Harry na noite passada e mesmo que tenha tentando centrar-se no que estava por fazer não pode evitar recordar.

Tinha saído tão rápido da oficina do Riddle que não teve tempo de pensar onde se dirigia até que os seus calcanhares ficaram submergidos nos começos do lago negro, a água fria tirou-a dos seus pensamentos, mas o mesmo ruido advertiu que alguém também estava aí. Harry aproximou-se da sua amiga com rapidez quando viu o seu estado: encontrava-se a chorar, com o cabelo desordenado fora do atilho do cabelo, com os pés no lago e pálida pelo frio que fazia nessa noite em particular.

— Herms...— Chamou-a com delicadeza, a morena surpreendeu-se ao vê-lo mas não disse nada, sabia que o Harry precisava dos seus momentos quando se sentia esgotado das coisas ao seu redor. Olhou nos olhos do seu amigo e sentiu que estava a olhar para os seus pais: Lily e James. Harry não pode crescer com eles, não tinha recebido o seu amor como ela recebeu dos seus, Lily jamais o tinha coberto nas noites frias e James não lhe tinha insinado algo tão muggle como andar de bicicleta. Jamais lhe tinham preparado chocolate quente nem o tinham acalmado depois de um pesadelo. Teve de passar tudo isso sozinho no frio do seu "quarto" debaixo das escadas. A morena chorou com mais força enquanto Harry se surpreendia.

— Sinto muito...— Ofegou antes de abraçar o seu amigo com força, Harry devolveu o abraço sabendo que a sua amiga precisava mais.

O moreno não disse nada, sabia que muitas vezes era melhor ter uns momentos de silêncio e não sufocar com perguntas mesmo que morresse de curiosidade para saber o que meteu a sua amiga nesse estado. Hermione chorava no seu ombro enquanto se sentia uma completa merda; estava apaixonada pelo homem que tinha arruinado a vida do seu melhor amigo e que pensava arruinar muitas mais.

— Devia fazê-lo?— Perguntou a morena separando-se levemente dele para olha-lo na cara, Harry franziu o cenho.

— Do que falas?— Perguntou.

Hermione fungou o nariz.

— Só dá-me uma resposta— Pediu.

Harry não entendia.

— Se o que te tem assim tem uma solução, então diria que o faças.— Tentou raciocinar, dar-lhe uma solução, mas não podia falar em claro se ela não lhe dizia nada.

Hermione assentiu e não disse nada, tinha um segredo que jamais sairia dos seus lábios para se confessar ao mundo.

A morena ignorou o sentimento que lhe dizia que voltasse ao escritório de Dumbledore e lhe pedisse outra cosa para fazer, implorar que não se podia meter aí, porque sabia que já não podia sair e que estava a escrever cada minuto do seu destino com sangue. Mas também sabia que não tinha outra opção, que tinha só um caminho se queria arranjar as coisas, ou tentar. Devia-o ao Harry, devia-o aos seus pais e devia-o a ela mesma, mas para consegui-lo tinha que pôr as suas emoções de lado e meter-se num caminhão cheio de areias que não paravam de se mexer e que lutavam por meter-se nos seus pulmões. Devia esquecer-se de quem era por um tempo para se recuperar: voltar a ser quem costumava ser. Respirou fundo antes de subir as escadas da torre de Astronomia com rapidez tentando que a sua sentença não fosse tão longa.

Os seus passos deterem-se quando encontrou o cabelo loiro do Draco esperando por ela de costas para o precipício que estava atrás dele. A longa caída pela torre, a morena só pode pensar que se alguém se atirasse dali sentir-se-ia livre por uns minutos antes de que as suas costas impactassem contra o chão. Os olhos cor prata, aquela cor que dançava tristemente no Malfoy observaram-na e os seus olhos avelã transmitiram o mesmo: a difícil tarefa que tinham a cargo.

O plano andava à perfeição, Draco tinha-se responsabilizado pelo armário e ambos encontravam-se ainda na torre esperando o regresso de Dumbledore e do Harry. A morena não podia deixar de chorar mas sabia que o devia fazer, mesmo que não quisesse. Oito da noite marcou o relógio e as campainhas tocaram no castelo, o tempo pareceu deter-se por uns segundos quando um movimento deu-se na torre: um debilitado Dumbledore sustinha o braço do jovem Harry, o qual, olhou com o cenho franzido ao par que estava aí. Não entendia o que fazia a sua amiga à beira do Slytherin ali dentro. Hermione sentia que ia vomitar apesar de não ter ingerido nada desde manhã, a palidez do seu rostro demostrava que o que se passava não lhe fazia bem.

— Harry, deves ir embora ...— Pediu Dumbledore.

— Temos que ir à enfermeira, o senhor...— O reclamo do moreno foi interrompido pelo professor.

— Tens que sair do castelo agora, Harry. Eu estarei bem. — Disse, os quatro escutaram passos no princípio da escada. Hermione soluçou olhando para o amigo, o qual, não entendia nada do que se passava.

— Espero que me perdoes. — Rogou a mulher. Dumbledore compartilhou um olhar com Malfoy.

— Vai para Hogsmade, os Weasley estão à tua espera ali. — Disse. Harry mostrava-se receoso a ir, não ia sem explicações. — O único que deves saber é que tudo lo que se passar aqui é por algo e que nenhum deles é culpado. — Disse sinalando os dois à frente deles. O cabelo castanho de Hermione ondeava pelo vento forte da tormenta que se aproximava. Dumbledore sorriu uma última vez ao Harry antes de lhe estender um colar que o jovem pegou e sem querer desapareceu entre o vento que rodeava o lugar.

Os três ficaram em silêncio enquanto o som dos passos se iam interrompendo. Dumbledore assentiu e Hermione engoliu em seco antes de levantar a varinha contra o homem que tanto significava para ela, ao que tanto respeitava e quem era uma figura de valentia e sabedoria no mundo mágico, os três esperaram que eles aparecessem no cimo das escadas.

Hermione rezou pela primeira vez aos céus.

O que acham que a Herms vai fazer?
Ateneaok

Girls like you (Tomione fanfiction)TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora