Não tem pra onde fugir.

4.3K 271 18
                                    

Saquarema — Rio de Janeiro
Março de 2021


Maria Bella


Senti meus olhos pesados, gemi de dor ao sentir minha cabeça latejar, pisquei algumas vezes tentando melhorar a minha visão, pois está embasada, olhei em volta e reconheci que está deitada no banco de trás de um carro — Acordou, Abelinha? — me levantei na velocidade da luz ao escutar a voz de Renato, fiz careta sentindo uma pontada na cabeça — Eu falei que era melhor limpar a sua boca — sorriu debochado

— Pra onde está me levando, Renato? — o questionei entre dentes

— Você já vai descobrir — dei um soco no banco do motorista.

— Fala de uma vez, seu merda! Onde está me levando?

— Ficar com raiva não vai fazer eu falar, espere garota! — observei em volta tentando descobri onde a gente estava, mas só era estrada e mato em volta, olhei para fechadura do carro e pensei em pular, Renato está olhando diretamente para estrada, suspirei — Nem adianta tentar pular as portas estão travadas, joguei nossos celulares pela janela e não tem uma alma viva nesse lugar. Não tem pra onde fugir, Abelinha — me encarava pelo retrovisor com um sorriso vitorioso em seu rosto, engoli a seco.

Era o meu fim?

Realengo — Rio de Janeiro
Março de 2021


Lennon




— Liga mais uma vez — pediu desespera a tia Ana

— Mãe, eu já tentei! Só da desligado — disse Leo. Passei a mão em meu rosto, Bella sumiu tem duas horas, ninguém sabe onde ela está, não atende o celular, não avisou a onde estava indo, a última que a viu foi a minha mãe. Eu estou completamente preocupado.

— Não é possível, Maria Bella não sumiria assim do nada! — protestou tia Ana frustrada.

— Eu concordo, Bella não sumiria assim, sempre avisa onde vai. Tá acontecendo alguma coisa — eu concordei, estava pirado demais.

— Precisamos ligar para polícia — avisou minha mãe

— Só podemos avisar a polícia depois de vinte quatro horas do sumiço — explicou Matheus

— Gente quando ver a Bella saiu para esfriar a cabeça, talvez acabou a bateria o celular — disse meu avô

— Pai, como assim "esfriar a cabeça"? Bella, estava feliz que ganhou o campeonato, ela queria comemorar com a gente — minha mãe questionou

— Já ligaram para algum amigo ou amiga dela sem ser a gente? — perguntou Matheus

— Já, todos não viram ela hoje e nem sabe onde possa estar — respondeu Mavi passando a mão em seu rosto.

— Aí meu Deus — tia Ana começou a chorar

— Mãe, calma! A Bella vai aparecer — se abraçaram — Ela sabe se cuidar!

Onde você se meteu, Maria Bella? Me esquinei em minha cabeça.


Saquarema — Rio de Janeiro
Março de 2021


Maria Bella


Paramos num posto de combustível, Renato estava esperando eles encherem o tanque, olhei e a conveniência está aberta e tinha uma mulher lá dentro, era a minha chance de pedir ajuda — Renato, eu preciso ir no banheiro!

— Não pode esperar, não vamos demorar para chegar

— Eu preciso fazer agora! — insisti. Analisou o meu rosto — Ou eu faço agora no banheiro, ou eu faço aqui no seu carro. E aí o que você prefere? — sustentei um olhar firme pelo retrovisor.

— Vamos! — descemos do carro, Renato agarrou o meu braço discretamente — Um passo falso sua família morre — sussurrou no meu ouvido — Entendeu, Abelinha? — senti um frio na barriga, engoli a saco nervosa.

— Sim!

— Boa garota — sorriu convencido. Entramos dentro da conveniência.

— Onde tem banheiro? — Renato perguntou

— Ali — a mulher nem olhou na nossa cara, continuou mexendo no celular e mascando chiclete, precisava que olhasse em minha direção para pedir ajuda. Renato me puxou até a porta do banheiro, eu iria entrar e segurou o meu braço.

— Está avisada, Maria Bella! — apontou o dedo na minha cara, sorri debochada, entrei no banheiro e tranquei a porta correndo, olhei em volta para encontrar um janela, senti um nó em minha garganta não achando nada para fugir, estava presa.

Me apoie na pia e me olhei no espelho, meu coração estava acelerado, estava morrendo de medo, tentava não demonstrar para não achar que tinha poder sobre mim, mas só eu sabia o apavoro que estava dentro de minha cabeça. Limpei a minha lágrima e passei a mão em minha barriga, o meu bebê! Com tudo isso eu tinha me esquecido dele, chorei mais ainda por lembrar que iria pular de uma carro em movimento, eu podia ter matá-lo. Não posso me arriscar não quero perder ninguém.

Passei uma água no meu rosto e sai do banheiro, percebi que Renato não estava em volta, procurei pelo olhar e o encontrei na rua, fui correndo até a mulher no caixa que ainda mexia no celular e mascava chiclete, avistei um celular Motorola bem velho em cima do balcão, não pensei duas vezes e peguei o celular, escondi dentro da minha blusa.

— Moça -a não me deu atenção, olhei para atrás desesperada — Moça!

— Que foi, garota? — me encarou com tédio.

— Eu... — gelei ao sentir um cano frio na minha costela.

— Algum problema aqui, Abelinha? — Renato perguntou calmo, a mulher me olhou séria, esperando eu falar, engoli meu choro.

— Nenhum, só iria avisar a moça que tem um homem desmaiado no banheiro — sorri forçado

— Ah, tá — deu de ombros a moça, e bufou.

— Vem! — puxou o meu braço forte, saímos da conveniência e me jogou dentro do carro, entrou batendo porta e saiu cantando pinel.

— Eu espero, Maria Bella! Pelo o bem de sua família que você iria falar só aquilo para aquela mulher! — me olhou frio e apontou arma em minha cabeça, assenti assustada. Olhei para a frente e notei uma placa avisando que estávamos em Saquarema, Renato estacionou em frente a uma casa velha, desceu do carro e abriu a porta me puxando rápido, olhei pra atrás e gravei a placa de seu carro, modelo e a cor também.

Entramos dentro da casa e franzi a testa com o cheiro de mofo, abriu a porta de uma quarto qualquer e me jogou lá dentro, cai tropeçando nos meus próprios pés — Fica aqui! — apontou na minha direção — Nem adianta gritar ninguém vai te ouvir, só irá gastar a sua voz — iria sair do quarto — Ah, não fuja! Sei cada passo da sua família, você some e sua mãe morre!

Abriu um sorriso nojento e saiu do quarto, escutei a fechadura sendo tranca, me levantei correndo. — RENATO, VOLTA AQUI — esmurrava a porta — ABRE ESSE PORTA, SEU MERDA! FILHO DA PUTA

Chutei a porta sem resposta, fui na janela tentar abri-la, sem sucesso algum, bufei sentando-me na cama completamente perdia, sem saber o que fazer. Só pensava em minha família.






Continua...

Realengo | L7nnon - REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora