Realengo | L7nnon - REESCREVENDO

Maria precisa de mim.

Maratona. 1/3
Realengo — Rio de Janeiro
Janeiro de 2021

Finesse - Drake

Lennon

Já fazia uns minutos que o Leo foi atrás de Bella,  e eu não parava quieto, queria saber a todo custo o que aconteceu com ela. Nunca mais Maria Bella apresentou esse comportamento desde quando aquele infeliz foi preso, a seis anos atrás.

— Eu vou lá — anunciei me levantei do sofá

— Está maluco, cara — me puxou de volta Matheus — Deixa o Leo resolver isso, daqui a pouco ele desce e fala o que aconteceu — me levantei e comecei a andar pela sala, olhei o relógio e a hora não passava — Isso é culpa sua sabia? - Matheus apontou em minha direção

— Minha culpa? — questionei franzindo a testa

— Se você não fosse um merda com Bella, talvez não estaria tão triste assim

— Matheus, ela estava assustada, e não, triste! Olha, eu não estou afim de bri...

— Mas eu estou — ficamos cara a cara — Por que não é você que está vendo ela sofrendo, por que não é você que está cuidando dela, por que você nunca mais esteve ao lado dela, e sim, só a machucando!—Matheus tinha fúria no olhar, eu sabia que queria protegê-la, sempre foi assim.

— Eu só quero dá-la o tempo que precisa sozinha

— Só que ela sente a sua falta como amigo, Lennon. Não porquê vocês não deram certo no amor, que tem que ser o mesmo na amizade — confessou. Assenti, e se jogou no sofá. Matheus tem razão, a vida inteira Bella e eu fomos amigos, praticamente melhores amigos, nossa amizade se distanciou com a gente se envolvendo — Como ela está?

Me despertei dos meus pensamentos escutando a voz de Matheus, olhei para a frente e avistei Leo descendo as escadas, sentou-se no sofá, passou a mão em sua cabeça.

— Fala, Leonardo! — pedi impaciente, me encarou sério, com esse olhar eu sabia que era coisa séria

— Bella está mais calma agora, chorou até dormir

— Por que ela estava assusta? — me sentei em sua frente

— Bella, viu o Renato na rua — paralisei — Por isso que chegou tão assustada — confessou entre dentes. Fechei a mão com raiva, olhei para o Matheus e sua feição não estava diferente da nossa.

— A onde Bella viu ele? — perguntou Matheus

— No bar da dona Diva, Maria Bella acha que Renato não a viu, conseguiu chegar em casa sem ser percebida — respondeu. Molhei os lábios e passei a mão em minha cabeça, me levantei irado.

— Como é que esse doente foi solto? Era pra ele pegar dez ano de prisão! — questionei indignado

— Eu não sei, Lennon. Eu preciso avisar a minha mãe, ela tem que tomar cuidado também — avisou pegando o seu celular. Leo se distanciou, e colocou o celular na orelha.

Me senti no sofá, passei a mão no rosto, não é possível que esse cara vai voltar para as nossas vidas para infernizar, só em ver o desespero no olhar de Bella, me sobe um raiva dentro de mim que ninguém nunca despertou. Eu vi o mesmo olhar hoje de quando a encontrei em seu quarto nua e desesperada a seis anos atrás, queria matá-lo com as minhas próprias mãos. Matheus e eu nós encaramos, pelo olhar nos comunicávamos como ninguém, nós três sabíamos exatamente o que iríamos fazer se algo acontecesse de maior com a Maria. 

— A mãe me contou que o advogado... — olhamos Leo falar —...De Renato ligou para ela esses dias pra avisar de uma audiência, e ela não compareceu

— É claro — disse Matheus — Lembra a um mês atrás que ouvimos a tia Ana tocando nesse assunto

— Exatamente! Ela não quis ir para não ver a cara desse nojento, só não sabia que audiência era para ele ser solto

— MERDA! — gritei socando a parede — Que justiça de merda esse Brasil tem, papo reto!

— Lennon, calma... — interrompi Matheus

—Calma? Como é que você me pede calma sabendo que esse psicopata está solto, e a qualquer momento pode machucar a Bella

— Lennon, está certo! Esse doente pode fazer qualquer coisa contra Bella, a gente não sabe como está a cabeça dele depois de seis anos na cadeia —garantiu Leo, olhei em seus olhos e notei
dor.

— Eu sei de tudo isso, mas agora temos que ter calma e tranquilizar a Bella. Ela vai precisar de nós três agora, mais que nunca! — orientou Matheus. Agora me culpo até o último fio de cabelo por ter me distanciado de Maria, a partir de agora não deixarei sozinha nunca mais. Maria precisa de mim e não fecharei os meus ouvidos para isso.

Continua...

Daqui a pouco solto a outra parte.