Realengo | L7nnon - REESCREVENDO

Socorro.

Saquarema — Rio de Janeiro
Março de 2021

Maria Bella

Só aquele prato de comida não me satisfez, estava morrendo de fome ainda, levei o meu olhar até a janela, já estava escuro de novo e sentia a briza fria entrando pelas frestas da janela. Ao escutar um barulho de carro, forcei a visão e consegui enxergar Renato saindo com o carro, abri um sorriso, era minha chance de tentar um jeito de fugir.

Comecei com a cadeira tentando quebrar a janela, bufei ao ver que não aconteceu nada demais, a janela estava intacta. Fiquei fazendo isso por hora e nada acontecia, cai sem forças na cama, senti as minhas lágrimas deslisando pela minha bochecha.

Senti um arrepio de desespero só em imaginar sendo vendida para um outro psicopata, meu maior medo não é nem por mim e sim, pelo meu filho ou filha, meu desespero só aumenta em pensar no que Renato ou esse homem irá fazer quando descobrir que estou grávida. Passei a mão em minha barriga, mesmo sem um um sinal de volume eu senti o bebê aqui, eu sentia que não estava sozinha, mas preferia estar, meu bebê não merece passar por isso, e eu precisava sair daqui o quanto antes, não sei até que dia Renato vai me deixar trancada aqui, cada minuto conta para o meu bebê também.

Chorei mais ainda vendo meu celular despedaçado no chão, perdi a única chance de tentar pedir socorro, passei a mãos no meu cabelo e puxei com força.

Passei uma água no meu rosto e sai do banheiro, percebi que Renato não estava em volta, procurei pelo olhar e encontrei na rua, fui correndo até a mulher no caixa que ainda mexia no celular e mascava chiclete, avistei um celular motorola bem velho em cima do balcão, não pensei duas vezes e peguei o celular, escondi dentro da minha blusa."

Desesperada tirei aquele celular de meu sutiã, como pude esquecer disso? Meu coração pulou de alegria ao ver que o celular tinha sinal e bateria, disquei o número de Leo, pois era o único que sabia de cor, comecei a andar agoniada pelo quarto conforme a ligação chamava. Meu coração se quebro ao escutar a caixa postal, apertei em ligar novamente — Atende Leonardo, por favor — supliquei em um sussurro

— Alo? — paralisei ao escutar a voz de meu irmão, senti as lágrimas crescendo em meus olhos.

— Leo! — abri um sorriso

— BELLA? — escutei gritar no outro lado da linha — Bella, pelo amor Deus, onde você está? Vol...

— Leo, eu preciso que me escute com atenção! O Renato me sequestrou... — me interrompeu

— Como é? o Renato fez o que?

— Cala a boca, moleque! Deixa eu terminar de falar — escutei um barulho alto na ligação

— Alo, Bella? — senti meu corpo arrepiar com a voz de Lennon.

— Lennon, me escuta! O Renato me sequestrou, está me mantendo trancada numa casa velha pintada de bege, no meio do mato, estou em Saquarema...

— Maria...—

— Deixa eu terminar, não tenho muito tempo. Ele está num carro Palio, na cor cinza de quatro portas, anota a placa — escutei mais um barulho na ligação

— Pode falar

— MEM-6485. Essas são as únicas coisas que eu consegui memorizar até agora, não me liguem, esperei eu liga...