Um disparo.

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Saquarema — Rio de Janeiro
Março de 2021

As Long as You Love Me - Justin Bieber




Maria Bella


Andava por aquele quarto a horas, já tinha perdido as contas de quantas horas estava presa, não conseguia comer e nem dormir direito, tinha medo que a qualquer momento Renato entrasse como louco por essa porta e machucasse a mim e o meu bebê. Tinha esperanças que Lennon iria aparecer junto com a polícia e me salva, queria ligar e saber como estão, se estão vindo atrás de mim, mas tinha medo que Renato escutasse, ele não saiu mais dessa casa velha.

Só que junto com a esperança tinha o medo. Medo de tudo dar errado e eu ser vendia para um psicopata qualquer, pelo amor Deus! tráfico de pessoa isso só acontece em filme, mas quando a gente menos espera a vida nos dá um rasteira. Mas a esperança é última que morre, não é?

— Acordou cedo, Abalinha! — me despertei dos meus pensamentos Renato entrando no quarto.

— Não, estou dormindo ainda — debochei revirando os olhos

— Esse teu deboche já... já vai acabar — engoli a seco — Mas eu não vim aqui para olhar pra essa tua cara — jogou a quentinha na cama e a água, levantei a sobrancelha direita — Garota, você não confia em mim?

— O que você acha? — debochei mais uma vez. Pegou a quentinha e comeu uma colherada.

— Sempre foi esperta — negou com a cabeça — Isso chama muita a minha atenção — senti nojo ao escutar isso, bebeu água — Satisfeita?

— Estaria mais satisfeita se me deixasse sair

— E ser morto ou preço? — ironizou — Você não é a única esperta aqui, Abelinha

— Você não é esperto, Renato — despejei com nojo, me olhou com deboche — Porque se você fosse realmente esperto — cheguei mais perto do mesmo — Iria me deixar sair e fugiria para BEM longe! Não voltando nunca mais, porque você não passa daqui Renato, eu juro por Deus. Você só tem dois caminhos me deixando aqui, a morte ou a prisão

— Como você é esperançosa! — debochava, mas notei um certo medo no seu olhar

— Sou muito, mas eu prefiro trabalhar com fatos, e essa é a sua vida de rato nojento! — rebati entre dentes. Me olhou com desgosto, senti meu rosto virar e minha bochecha arder, abri um sorriso. Eu tinha o atingido.

— Está rindo de que, maluca?

— Porque eu toquei na sua ferida, pois sabe muito bem que nunca vai passar de um ser humano fudido na vida. Eu tenho pena de você — cuspi na sua cara, garrou o meu pescoço me enforcando.

— Você tem sorte, Maria Bella, que não posso te entregar com um arranhão, pois te quebrava toda na porrada

— Porque é só assim que consegue resolver as coisas né. Fica encurralado e parte para agressão, gente como você morre de medo que toda essa situação se volte contra si. É por isso que tinha proteção na cadeia

— Cala a boca — mandou entre dentes

— Tinha medo desse teu temperamento te mateasse na cadeia, pois não estaria ligando só com mulher

— CALA A BOCA! — gritou me jogando na cama — Vai ficar sem comida pra ver se aprende a ficar de boa fechada — pegou a quentinha e saiu feito furacão do quarto.

Gargalhei ao descobrir seu ponto fraco, tinha medo de voltar para a cadeia e não ter mais sua proteção, pois era isso mesmo que iria fazer, morte é pouco para esse merda, tinha que ser torturado até a morte. Renato pagaria o preço e permaneceria na cadeia, nem que eu fosse atrás do melhor advogado do mundo pra mantê-lo lá dentro.



Realengo | L7nnon - REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora