Amar é deixar ir.

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Realengo — Rio de Janeiro
Maio de 2021

Penhasco - Luiza Sonsa




Maria Bella



Vê-lo na minha frente depois de semanas fez com os meus sentimentos voltassem, achei que tinha enterrado no meu peito ou até esquecidos, mas estava enganadas, estavam mais que vivos em meu peito. Seu olhar estava me intimidando, minha respiração estava acelerada e o meu coração também. Senti falta de seu olhar, mas agora era diferente — Anda, fala! Vai ficar muda? — me questionou

— Lennon, eu não lhe devo satisfação sobre a minha vida — respondi direta, riu debochadamente.

— Para com essa indiferença, Maria Bella! Você não é assim!

— Olha, eu não tenho nada pra conversar contigo — segui em direção a entrada de casa, senti o mesmo pegar em meu braço.

— Não! Você não vai fazer isso de novo — encarei a sua mão em meu braço e levantei a sobrancelha, o mesmo afrouxou o aperto.

— Fazer o que, Lennon. Está maluco? — franzi a testa

— Fugir! Pois é o que você vem fazendo a semanas — me respondeu. Dei um tranco soltando o meu braço, se tivéssemos como matar pelo olhar nós dois estaríamos mortos.

— Eu não estou fugindo de ninguém! — entrei dentro de casa, e antes mesmo de eu pensar em fechar a porta Lennon já tinha invadido a casa.

— Há não? — bateu a porta — Então porque está distanciando a sua família? Porque está evitando todo mundo? Porque você está ME evitando, Maria Bella? — seu deboche e irritação estava alimentando a minha raiva.

— Lennon, mete o pé. Valeu! — pedi suspirando fundo

— Não! Não vou até a gente conversar e você me explicar direitinho essa história de viaj... — o interrompi de saco cheio dessa perseguição.

— EU PERDI O MEU FILHO, PORRA! — nos encarávamos diretamente e respirações aceleradas, senti o nó em minha garganta, percebi engolir a seco.

— Maria... — tentou falar.

— Não! Agora você vai me ouvir — neguei com a cabeça enquanto apontava o dedo indicador em sua direção — Você quer conversar, Lennon? Então vamos conversar! — debochei — Você quer que eu sorria como se nada tivesse acontecido em minha vida depois de tudo? Quer que eu haja naturalmente depois de ser sequestrada por um psicopata? Quer que eu esqueça tive um aborto espontâneo?

— Não, Bella...

— ENTÃO O QUE VOCÊ QUER, LENNON? — gritava em meios as lágrimas — Você não sabe a dor que eu estou sentindo por causa do meu bebê... — me interrompeu.

— Nosso! O bebê era meu também, não é só você que está sofrendo, Maria Bella

— Mas quem carregava era eu! Quem descobriu fui eu, quem sentia ele ou ela era EU! — suspirei — Eu nem tive tempo de ouvir seu coraçãozinho pela primeira vez, Lennon — sentei-me no sofá ao prantos, sem força alguma. Estava cansada de tudo, sobrecarregar. Senti os braços de Lennon me rodearem, meus soluços eram altos.

— Morena, calma — beijou a minha cabeça — Eu vou cuidar de você — soltei um riso.

— Cuidar de mim? — o questionei encarando o seus olhos — Eu não preciso ser cuidada, eu não preciso da sua pena e nem de ninguém! — me soltei de seus braços com ignorância.

Realengo | L7nnon - REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora