Capítulo 16

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Ao ver toda aquela gente reunida em um mero espaço, meu coração apertou. Jamais imaginei que fosse tão amada assim. Durante anos defini amor como uma relação somente entre duas pessoas, pelas quais elas deveriam viver o resto da vida juntas. Mas ao presenciar aquela cena, mudei totalmente o conceito dessa pequena palavra mas com um enorme sentido.

- Parabéns, filha! Achou que iríamos deixar passar seu aniversário em branco? - disse secando minhas lágrimas.

Eu a abraço. Não só a abraço como abraço a todos. Naquele momento, senti um enorme prazer em poder fazer parte daquele momento. Melhor, por ter sido a "causa" daquele momento.

Muitas pessoa vieram. Meus tios, tias, primos, primas, meus avôs, minha avó, minhas amigas, amigos, inclusive ..... Mateus e Gabriel.

Mas que diabos eles fazem aqui?
Lendo minha mente, Patricia logo explica-se.
- Gostou da surpresa? Pois é, vi o quanto aquele guri loiro te fez feliz em apenas uma noite e resolvi convida-lo para sua festa.
- E o Gabriel? - pergunto sem entender.
- Esse aí? Sua mãe fez questão de chama-lo.
Ai que droga, tinha esquecido de avisa-la sobre nossa briga. Agora terei que aturar esse encosto durante a noite.
- Ai Poli, para de pensar neles e vá aproveitar a festa. Você está tão linda, perfeita e maravilhosa - Diz com um sorriso contagiante
- Tem razão - digo abraçando-a - Obrigada por tudo.

Vou até os convidados, tiro fotos, falo com minhas amigas, tiro mais fotos...  Até que dá meia-noite e o DJ anuncia:
- Isso aqui não é festa de 15 anos mas não podemos deixar nossa princesa sem dançar valsa né, galera?
As pessoas gritam em aprovação.
- Vem para a pista, Poliana!!
Todos gritam pelo meu nome. Vou toda envergonhada até que meu pai me puxa para dançar. Ufa! Um alívio. Pensei que teria que dançar com outra pessoa.... Só foi calar meus pensamentos que o Gabriel interrompe o momento pai e filha para ceder-me a honra de dançar contigo.
Droga, droga, droga.
- Sr° Albuquerque, será que poderia ceder a honra de dançar com a mais bela garota da festa? - Rio ao ouvir seu péssimo discurso na tentativa de parecer mais elegante.
- Claro - diz entregando-me a ele. - Cuida da minha mocinha - beija minha testa e sai.
- Será que posso...? - diz colocando o braço em minha cintura antes de eu responder. - Você está deslumbrante!
- Hm.. Obrigada - respondo um pouco fria

O clima ficava cada vez mais tenso entre nós dois. Parecia que cada minuto equivalia à uma hora. Queria sair correndo e abandona-lo sozinho sem dar explicações, mas ao mesmo tempo queria beija-lo e entregar-me completamente a esse rapaz que roubou a droga do meu coração.
- Poli, eu.... Nem sei o que falar sobre a menina...
- Nem precisa falar. Não estrague momento, por favor. -  corto seu discurso barato.

Passam-se poucos minutos, mas que pareciam uma eternidade... até ele vim até mim.
Droga, agora ferrou.

- Oi...hmm... Será que eu poderia dançar com a dama? - pergunta o Mateus
- Quem é você? - Pergunta Gabriel irritado.
- Sou uma pessoa que com certeza você deveria ter medo de conhecer. Agora pode dar-me licença para dançar com a minha princesa?
- Sua princesa??? - responde cerrando os punhos - Olha aqui menino sem noção, não sei quem você pensa que é para falar comigo desse jeito, principalmente quando chama a MINHA namorada.. - diz enfatizando o "minha" - .. De sua princesa - solta um sorriso sarcástico.
- PAREM, POR FAVOR. - grito irritada - Vão resolver isso lá fora. Gabriel, eu não sou sua namorada, muito menos sua, Mateus. Isso aqui não é uma competição e... - antes que eu pudesse imaginar, Mateus dá um passo para frente, me puxa pela cintura e me beija. Na frente de todos que estavam ali. Principalmente do Gabriel..
Estressado pela sua atitude imbecil, ele dá um soco em seu nariz. Mateus cai no chão com o rosto, agacho ao seu lado, pego um guardanapo da mesa mais próxima e passo em seu sangramento.
- O que você fez? - pergunto dirigindo-me ao Gabriel. - Você acabou de estragar o que era pra ser o melhor dia da minha vida. Você acha que agredindo o meu amigo irá resolver a situação? Será que é preciso eu gritar para você saber que tudo que existe ou existia entre nós acabou a partir do momento em que sua maldita boca beijou aquela menina nojenta no shopping... Em minha frente? - despejo contendo as lágrimas - Você é um narcisista mais idiota que eu conheço nesse mundo.
- Poli.. Não fala isso.. - diz com os olhos vermelhos prestes a chorar.
- Agora você liga para o que penso ou sinto? - pergunto, e um silêncio toma conta do salão. -  saia daqui, Gabriel. A-GO-RA. Eu te odeio.. TE ODEIO.

Saio pisando firme em direção ao banheiro e desato a chorar.
Alguém abre a porta e senta ao meu lado. Levanto a cabeça que estava entre as pernas e vejo a minha mãe. Permanecemos em silêncio durante uns minutos até que ela finalmente diz.
- Filha, as vezes é necessário deletarmos certas pessoas que não fazem diferenças em nossas vidas para darmos espaço a novas pessoas que podem mudar nossa história fazendo-nos felizes. - ela tira uma mecha do meu rosto e seca minha lágrima - Eu sei que ele foi seu primeiro namorado. E é por isso mesmo que você não deve se preocupar. Você é linda, inteligente, extrovertida, interessante e meiga, tenho certeza de que vários meninos caem aos seus pés. Você ta dando mil e uma chances para a mesma pessoa sendo que tem outras que precisam de apenas uma para poder de fazer feliz, minha filha. - ela me deita em seu colo e faz cafuné em mim.
O silêncio volta a predominar o ambiente até que eu finalmente reúno forças e consigo falar:
- te amo mãe!

De repente... amorOnde histórias criam vida. Descubra agora